quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Milhares de paraguaios marcham contra o presidente Horacio Cartes


O presidente do Paraguai, Horacio Cartes, completou um ano de governo e a insatisfação do povo paraguaio culminou em três dias seguidos de manifestações na capital Assunção e nas maiores cidades. Milhares de paraguaios saíram às ruas em marcha contra o presidente que, com sua política entreguista, está devolvendo o país às garras do imperialismo norte-americano. 

 

 

 
Frente Guasu
Em Ciudad Del Este, segunda maior cidade do Paraguai, os manifestantes fecharam a principal avenidaEm Ciudad Del Este, segunda maior cidade do Paraguai, os manifestantes fecharam a principal avenida

Militantes de movimentos sociais urbanos, do campo, e estudantis, acompanhados de integrantes de partidos políticos, organizações sindicais e feministas se reuniram na praça em frente ao Palácio do Governo ainda na madrugada desta quarta-feira (20) para dar início a uma passeata que percorreu as principais avenidas da capital. Porém, esses movimentos, organizações e partidos já estavam mobilizados há três dias com intensas manifestações em todo o território paraguaio. 

Durante o trajeto, os manifestantes gritavam palavras de ordem contra Horacio Cartes. Eles acusam o presidente de ser um “vende pátria”, devido à sua política entreguista que foi legitimada com a aprovação da Lei de Aliança Público Privada, em outubro do ano passado. Além disso, eles cobram serviços públicos de qualidade, aumento do salário mínimo, melhores condições e trabalho e redução da tarifa do transporte coletivo.

Em Assunção a Juventude Comunista se uniu à luta camponesa

As organizações estudantis de universitários e secundaristas rechaçam as medidas autoritárias que perseguem e oprimem os grêmios, centros acadêmicos e diretórios centrais dos estudantes durante este governo. Os estudantes também repudiam as políticas de privatização da educação pública fomentadas por Cartes.
Cartes, o capataz do agronegócio

Os milhares de camponeses que saíram do interior para protestar na capital levavam cartazes e faixas estampadas com a insatisfação do trabalhador rural. Durante o governo de Horacio Cartes o processo de expulsar camponeses de suas terras foi intensificado para beneficiar o modelo agroexportador. 

Dezenas de assentamentos campesinos já foram destruídos, principalmente na região Norte, onde o presidente decretou Estado de Exceção em três departamentos. Os pequenos agricultores convivem com o medo do despejo e a humilhação do Governo que envia tropas militares para intimidar os movimentos sociais defensores da terra e da agricultura familiar. Por isso consideram Cartes o “capataz do agronegócio”. 

Jorge Lara Castro, ex chanceler do governo Lugo participou das manifestações cobrando a resolução do Caso Curuguaty

A dirigente da Federação Nacional Campesina (FNC), Teodolina Villalba, denunciou a violência constante a que são submetidos os trabalhadores rurais, além de despejos sem justificativas. Segundo ela, os camponeses ainda correm riscos de contaminação devido ao modelo agroexportador que manipula diversos agrotóxicos nas proximidades dos assentamentos sem nenhum controle sanitário. Há pouco mais de 15 dias, duas crianças morreram, vítimas de contaminação com venenos durante fumigação de grandes plantações de soja.

Teodolina denunciou ainda que atualmente 80% das terras estão nas mãos de apenas 2% da população. “Durante os governos de [Federico] Franco (presidente que assumiu o lugar de Fernando Lugo depois do golpe parlamentar) e Cartes aumentaram os atropelos dos ‘sojeros’ e desencadeou um processo de expulsão dos campesinos de suas terras, para entregar o controle do nosso território às corporações estrangeiras como Cargil e Mosanto”, denunciou. 

Os movimentos sociais camponeses também cobram a resolução do Caso Curuguaty, massacre que impulsionou o golpe parlamentar do presidente Fernando Lugo em 2012. Na ocasião foram mortos 11 camponeses e seis policiais, desde então 14 trabalhadores rurais estão presos, um deles, Rubén Villalba, em regime fechado na penitenciária de Tacumbú, em Assunção. 

Não há provas contra os trabalhadores, e a Justiça não investiga a morte dos 11 camponeses, apenas dos seis policiais. As dezenas de famílias que foram despejadas durante o a massacre ainda vivem na estrada à margem de onde era o assentamento em Curuguaty.

Em todo o Paraguai, movimentos sociais seguem mobilizados contra as privatizações, a violência do Estado e em defesa da terra e do trabalho digno. Muitos manifestantes consideram esta mobilização uma convocatória para a próxima Greve Geral que deve parar o país pela segunda vez este ano. 


Por Mariana Serafini, da redação do Vermelho
com informações da Frente Guasu


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