domingo, 5 de abril de 2015

PM contratou mágico para calcular número de manifestantes de oposição

 

  

Descoberto contrato de prestação de serviços firmado entre a PM e um famosíssimo mágico para prestar serviços de contabilidade criativa de manifestantes.

Por Antonio Lassance (*) 



Perdoem-me pelo atraso. Essa notícia era para ter sido dada em 1º de abril.

A informação é a de que o WikiLeaks descobriu e vazou o contrato de prestação de serviços firmado entre a Polícia Militar de São Paulo e o famosíssimo mágico Mandrake. Todos os direitos autorais da King Comics já foram pagos.

Mandrake, que ganhou fama graças às histórias em quadrinhos de autoria de Lee Falk e do cartunista Phil Davis, é conhecido por suas técnicas de ilusionismo, hipnose instantânea e telepatia. 

O que não se sabia até agora é que Mandrake também presta serviços de contabilidade criativa. Por exemplo, para transformar qualquer multidão de milhares de pessoas em coisa do tipo... 1 milhão. O Conselho Federal de Contabilidade está averiguando se o mágico tem registro profissional e pensa em denunciá-lo por exercício ilegal da profissão.

Mandrake foi chamado para fazer sua estreia, em grande estilo, na manifestação do último 15 de março, convocada por grupos que pediam desde o impeachment de Dilma ao golpe militar, passando por "morte aos comunistas" e palavrões que não se deve proferir sem antes tirar as crianças da sala. 

Para fazer a conta do número de oposicionistas na Paulista, o ilusionista tirou de sua cartola um apetrecho que muitos identificaram como um ábaco, o precursor das calculadoras.

Mandrake então multiplicou os 210 mil manifestantes por dois - pessoas diferenciadas valem por dois -, somou aqueles que observavam das janelas dos prédios, as que passavam de ônibus - essas só valem um mesmo -, 19 ciclistas, um encanador, quatro provocadores com bandeiras do PT, 25 diaristas a caminho de casa, as três pessoas do helicóptero da Globo e, claro, os soldados da PM paulista, que também contam, por que não? A essas 423 mil pessoas Mandrake acrescentou mais 577 mil bolinhas de seu ábaco para chegar ao cálculo perfeito de 1 milhão de manifestantes.

A PM ainda pediu o auxílio luxuoso de Mandrake e sua cartola para fazerem desaparecer, como num passe de mágica, grandes áreas da Paulista que estão interditadas com obras, como a de uma ciclovia que atravessa toda a extensão da avenida. Ou seja, uma parte dos 136 mil metros quadrados da avenida puderam novamente ser preenchidos por marchistas (aqueles que marcham).

O contrato de Madrake é anual. Portanto, estão garantidos seus serviços para o cálculo da manifestação pelo impeachment marcada para o próximo dia 12. 

Não importa quantas pessoas de fato estejam lá, o 1 milhão já está garantido, mas a ideia é dar um número um pouquinho maior para manter o ânimo do pessoal.

Questionada com a revelação sobre o mágico e seu ábaco, a PM tentou explicar-se dizendo que usou a estimativa de uma Paulista abarrotada com cinco pessoas por metro quadrado. 

O numero só é superado em densidade por um "ménage à trois", o que mostra que a manifestação de 15 de março era composta por pessoas, de fato, muito unidas mesmo. 

Ainda assim, se lançada essa estimativa de 5 pessoas praticamente se beijando e se roçando democraticamente em um mesmo metro quadrado, vezes os 136 mil metros quadrados de área da avenida completamente desinterditada, a conta daria no máximo 680 mil pessoas.

Problema? Nada que Mandrake não possa resolver até o dia 12 de abril, não é mesmo?





A imagem acima revela o momento em que Mandrake providenciava um manifestante de perfil mais popular no dia 15 de março. Pesquisa Datafolha mostrou que quase 70% dos manifestantes do 15/3 ganhavam acima de 5 salários mínimos, sendo que quase 20% tinham renda bem acima de 10 salários mínimos.

(*) Antonio Lassance é fã de histórias em quadrinhos, mas nunca leu Mandrake. O autor promete ir atrás de alguns exemplares nas bancas e se informar melhor sobre os métodos do ilusionista para entender as estimativas da PM paulista para o próximo dia 12.

Fonte: Carta Maio


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