domingo, 3 de maio de 2015

TABIRA: REFLEXÃO DA SEMANA

 A ORIGEM E A IMPORTÂNCIA DESTE PRIMEIRO DE MAIO DE 2015
Por Dedé Rodrigues

Meus amigos e minha amigas ouvintes do Programa Tabira em Tempo. Quando o capitalismo foi implantado no mundo, no século XVIII,  os trabalhadores, que antes tinham pelo menos um pedaço de terra para plantar de meia no feudalismo,   foram submetidos nas fábricas da Inglaterra a uma situação de miséria absoluta. Nas indústrias da Europa e dos Estados Unidos, no final do século XVIII e início do século XIX, a jornada de trabalho chegava a alcançar 17 horas diárias. Férias, descanso semanal remunerado e aposentadoria não existiam para eles. Homens, mulheres, adolescentes e inclusive crianças trabalhavam, literalmente, até morrer de exaustão, fome e doenças. Famintos e oprimidos, os operários começaram a criar “caixas de auxílio mútuo”. Estes organismos de solidariedade classista, que depois deram origem aos sindicatos, foram também os embriões de diversos movimentos reivindicatórios”. Submetidos a esta miséria absoluta os trabalhadores descobriram que não havia outra solução para a situação deles,  senão por intermédio da união, da organização e das lutas.

Por isto no ano de 1886, a cidade de Chicago, que era o principal centro industrial dos EUA, amanheceu tomada por uma greve geral, que tinha como principal exigência a redução da jornada de trabalho, de 13 para 8 horas diárias.As manifestações e passeatas foram brutalmente reprimidas pela polícia que não hesitava em abrir fogo contra a multidão. Centenas de trabalhadores foram mortos.  (bandidos, assassinos e mercenários) foram contratados pelos patrões para invadirem residências de operários, que eram espancados e tinham as suas casas destruídas tentando forçá-los a voltarem ao trabalho.
Como consequência desta luta e da resistência deles prenderam diversos trabalhadores e a justiça, em um julgamento onde os réus já entraram condenados, sentenciou à forca os líderes operários Parsons, Engel, Fischer, Lingg e Spies. Fieldem e Schwab, foram condenados à prisão perpétua e Neeb a quinze anos de prisão.


No dia 11 de novembro, Spies, Engel, Fischer e Parsons foram levados para o pátio da prisão e executados. Lingg cometeu suicídio. Perante o tribunal que o condenou, entre outros motivos por “agitação socialista”, Parsons manteve uma postura heroica e suas palavras imortais até hoje emocionam e mostram que a repressão não quebra  a dignidade de um verdadeiro revolucionário.Disse ele: 

"Arrebenta a tua necessidade e o teu medo de ser escravo, o pão é a liberdade, a liberdade é o pão. A propriedade das máquinas como privilégio de uns poucos é o que combatemos, o monopólio das mesmas, eis aquilo contra o que lutamos. Nós desejamos que todas as forças da natureza, que todas as forças sociais, que essa força gigantesca, produto do trabalho e da inteligência das gerações passadas, sejam postas à disposição do homem, submetidas ao homem para sempre. Este e não outro é o objetivo do socialismo". 

Mais de 25.000 pessoas acompanharam o sepultamento destes heróis da classe trabalhadora e  250.000 espectadores presenciaram silenciosamente nas ruas o cortejo fúnebre, composto por representantes de muitos sindicatos e de outras organizações sociais.
Em torno de três anos depois do assassinato deles, o Congresso Internacional Operário Socialista, reunido em Paris, em 14 de julho de 1889, como solidariedade aos trabalhadores norte-americanos, proclamou o dia 1º de Maio como Dia Universal do Trabalho, em homenagem aos mártires de Chicago e a todos os mártires dos trabalhadores. Hoje a data é comemorada em quase todo o mundo. 


Meus amigos e minhas amigas: resgatar a história do 1º de maio é valorizar este acontecimento classista que busca sempre por mais justiça e mais democracia. É também um momento de festa, mas a festa do dia do trabalhador deve ter permanentemente o objetivo principal de elevar a sua consciência política e de classe. 

No Brasil,  na  última sexta-feira,  primeiro de maio de 2015, os trabalhadores saíram as ruas contra o projeto 4330 que foi aprovado pela Câmara dos Deputados, que amplia a terceirização para todas as áreas das empresas. Desde Getúlio Vargas esta é a mais séria ameaça contra os direitos trabalhistas. O projeto ainda vai ter que ser aprovado pelo Senado. Caso o Senado faça alguma modificação, e certamente fará, o projeto volta a ser discutido na Câmara, e só então irá para a presidenta Dilma Rousseff que já disse que não vai sancionar perdas de direitos para o trabalhador.

A exemplo de Pernambuco, Muitos Estados no Brasil estão em greve na Educação,  mas dois estados se destacam mais São Paulo e Paraná, todos dois governados pelos tucanos. Em São Paulo os professores   estão com mais de 40 dias de greve e o governador continua insensível aos direitos deles.O outro Estado, o do Paraná,  a polícia massacrou os professores em praça pública deixando mais de 200 feridos.A justiça  brasileira nestas greves é como uma cobra, como disse Eduardo Galiano “só enxerga (ou condena) os pés descalços,” resolve rápido os processos dos governantes dando sempre razão a eles e,  passam um tempão,  para julgar as demandas sindicais ou dos trabalhadores, como é o caso desta greve em Pernambuco . O que a gente ver nestas greves, massacre no Paraná e repressão policial,   transferências, ameaças de demissão,cortes de pontos e salários contra os atuais  grevistas que lutam pelos seus direitos é a reprodução na atualidade da luta daqueles heróis que  morreram por uma causa social no dia primeiro de maio de 1886 em Chicago.   

Neste primeiro de maio de 2015 no Brasil os trabalhadores uniram uma bandeira imediata (contra a terceirização) a uma bandeira estratégica (a defesa da democracia) fizeram  justa homenagem aos heróis de Chicago e a todos os homens e mulheres, construtores e construtoras do rico patrimônio que forma a história do proletariado em sua incansável luta contra a burguesia. Esta frase de um dos condenados ao enforcamento em Chicago que deu origem ao primeiro de maio serve para concluir a nossa reflexão: 


"Se com o nosso enforcamento vocês pensam em destruir o movimento operário - este movimento de milhões de seres humilhados, que sofrem na pobreza e na miséria, se esperam a rendição – se esta é sua opinião, enforquem-nos. Aqui terão apagado uma faísca, mas lá e acolá, atrás e na frente de vocês, em todas as partes, as chamas crescerão. É um fogo subterrâneo e vocês não poderão apagá-lo!". Finalizou o herói do Primeiro de maio com as suas últimas palavras,  August Spies, diante dos seus carrascos  burgueses.


VIVA O 1º DE MAIO! 

VIVA A LUTA DOS TRABALHADORES!

Com informações do Portal Vermelho.


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