sexta-feira, 2 de setembro de 2016

A Importância dos Partidos Políticos, por Ney Carlos da Rocha

Ney Carlos da Rocha
Ney Carlos da Rocha
Instituições fundamentais na organização do Estado de Direito e no desenvolvimento da democracia, os partidos políticos tem sido mais divulgados pela má prática de poucos dos seus integrantes, do que pelos excelentes serviços que prestaram e prestam ao país e ao desenvolvimento das instituições democráticas. Essa contaminação do todo pela parte tem sido explorada e difundida na mídia, numa tentativa de desmoralizar os partido políticos e levar para a população a percepção de que são organizações desonrosas e dispensáveis à sociedade. Nada mais equivocado!

Este breve texto tem como proposta lançar esta questão para discussão e ser ponto de partida na luta pela restauração da imagem dos partidos políticos junto à população.
Inicio reproduzindo palavras do Ministro Ayres Britto:
Os partidos são instituições fundamentais à democracia. São veículos da democracia. Os partidos correspondem a parcelas de opinião pública, no campo político-ideológico ou filosófico político. Os partidos arregimentam na sociedade simpatizantes para os seus programas, para sua ideologia, para a sua filosofia política. Os  partidos  organizam,  portanto,  essa  vocação  que  as  pessoas  têm  para  praticar  a política. Eles são fundamentais, são essenciais, são de toda a relevância.
Também  são  de  extrema  relevância  as  palavras  do  filósofo  Antonio  Gramsci  que  ao comparar o partido político a um príncipe moderno diz:
O Partido Político deve ser o “Príncipe” coletivo capaz de resumir nele as vontades coletivas, e dirigir a classe para a tomada do poder, o “moderno príncipe, propagandista e organizador de uma reforma intelectual e moral, que cria condições  para o desenvolvimento da vontade coletiva nacional-popular”. O Partido deve dar a direção à classe trabalhadora para que ela se torne a classe dominante, e construa  uma sociedade mais humana, onde todos possam desenvolver sem limites, suas capacidades humanas.
Nada mais atual que estes dois pensamentos, com elaborações separadas por mais de 70 anos. Vemos neles a mesma ideia base, a importância dos partidos como instrumentos de transformação social, instrumentos de formação, agregando forças e facções, formando lideranças e preparando-as para o exercício do poder por uma determinada corrente político- filosófica.
Os partidos políticos desempenham papel principal na construção do Estado de Direito Democrático  e  na  consolidação  das  liberdades  pessoais.  Não  existe  democracia  sem partidos políticos.
Comprova isso a fundamental ação dos partidos políticos para alcançarmos a atual democracia brasileira quando, liderando as forças progressistas,  derrubaram a ditadura militar e restabeleceram as eleições diretas.
A democracia autêntica exige partidos políticos autênticos, isto é, partidos com uma perspectiva de ação política que suplante a dos seus dirigentes, com organizações fortes e disciplinadas, centradas nos municípios e estabelecendo fortes relações com as esferas estadual e nacional. Partidos com vocação deliberada para exercer o poder, quer sozinhos quer em alianças com outros partidos e, finalmente, com um suporte popular relevante.
Muitas pessoas ficam incomodadas quando se fala abertamente sobre o exercício do poder. Como se isso fosse coisa a ser comentada baixinho e com vergonha. Não deveriam já que este é o objetivo válido e justo das organizações políticas.
Se hoje, independentemente de crises, temos um Brasil que experimentou importantes avanços econômicos e sociais e mais respeitado internacionalemnte, deve-se a chegada ao poder dos partidos políticos progressistas que lutaram e lutam por uma proposta de desenvolvimento soberano, democrático e popular, voltado ao progresso e bem estar de nosso povo.
Muitas vezes pessoas esclarecidas pregam  contra os partidos políticos. Muitas pessoas também se mobilizam e se engajam apenas em ONGs e outras organizações da Sociedade Civil, voltando as costas para os partidos políticos e muitas vezes desprezando alianças com estes partidos. Isto é um erro.
É claro que estas organizações são importantíssimas e cumprem um papel fundamental no avanço das forças progressistas e na luta pela defesa dos cidadãos. Porém, é enganoso acreditar que as instituições democráticas e progressistas da Sociedade Civil possam trabalhar de forma dissociada dos partidos políticos, pois são estes que estão organizados para enfrentar a luta pelo poder e através de sua conquista implantar de forma sólida e permanente os valores e práticas pelos quais estas mesmas organizações lutam.
Para  estar  pronto  para  esta  luta  o  partido  tem  a  responsabilidade  de formar  quadros, preparando seus líderes para o embate ideológico e cultural contra as forças reacionárias que bombardeiam as mentes das pessoas com valores e idéias que objetivam mantê-las subordinadas a uma estrutura de classes economicamente injusta. É na formação educacional destes quadros que os valores da ética, da moral, da boa gestão pública e das práticas políticas virtuosas devem ser inseridos, fortalecidos e consolidados.
A luta dos bons políticos não termina nunca. Diariamente são alvos de campanhas que tentam desmoraliza-los e desmobiliza-los. São alvo de comparações insidiosas que visam paralisar  suas  lutas,  abrindo  caminho  para  forças  reacionárias  que  tentam  retroagir  os avanços sociais já conquistados e nos levar de volta ao cenário de subserviência e dependência do passado.
Esta é uma luta de séculos! Há mais de 2.300 anos Platão já dizia “ O Preço que o homem de bem paga por não se envolver em política é ser governado pelos mal-intencionados”.
Portanto, é importante levar a tantas pessoas quanto possível o incentivo à participação política, à filiação partidária, a atuação nas campanhas políticas e eleitorais e ao fortalecimento dos partidos políticos autênticos, pois estes são as trincheiras das forças democráticas e progressistas. Precisamos fortalecê-los, aperfeiçoá-los e purificá-los cada vez mais para garantir que o passado não volte para nos assombrar.
Termino citando uma advertência de Fernando Sabino:
“A história é uma bola na parede. Bate e volta, às vezes, na testa”.

Ney Carlos da Rocha*, 56 anos é Jornalista, Consultor de Marketing e Estratégia, Secretário Estadual Adjunto de Gabinete do Grande Oriente de São Paulo, Diretor do Instituto de Lideranças Empresariais de SP. Foi Diretor da Fundação Ulisses Guimarães, membro da Direção Estadual do PMDB e Diretor de Imprensa da UEE RJ, entre outros cargos nas esferas civil e política.

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