quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Assistimos abestalhados a medievalização da justiça brasileira sob o manto do combate à corrupção.


Duzentos e cinquenta anos de evolução do direito burguês desde o Iluminismo de Rousseau jogados no lixo por um retorno absurdo aos métodos da Inquisição Católica para condenar alguém apenas pela convicção (fé) dos inquisidores na existência de culpa.

A Inquisição, ao menos, era abrangente pois capturava e punia judeus, muçulmanos e católicos "desviados" dos dogmas da Igreja, bastando uma simples acusação - delação- de algum vizinho ou desafeto para que os (as) acusados conhecessem o inferno na Terra.
Aqui, e isso é aberrantemente claro, trata-se de destruir a qualquer custo um dos lados do espectro político numa clara e lamentável perseguição com intenso vies ideológico, uma vez que a esmagadora maioria das denúncias, muitas delas com farto material documental contra tucanos, peemedebistas, demos e aliados, são solenemente ignoradas. Não vem ao caso, como costuma repetir um certo juiz.
Uma esculhambação sem tamanho que sequer é disfarçada. Se dá à luz do dia, sob os nossos narizes, alimentada pelos grandes conglomerados da midia, dirigido por meia dúzia de famílias bilionárias especialistas em desestabilizar governos de caráter mais popular, apoiar e sustentar golpes que adotam medidas econômicas que ampliam suas fortunas e empobrecem a massa trabalhadora. Estudem a história do Brasil, por favor.
Aqui, calhordamente, usam a "Operação Mãos Limpas" da Itália como exemplo de combate à corrupção. O comandante em chefe da Lavajato é especialista naquela operação que dizimou o sistema político italiano organizado no pós 2° Guerra. Ele escreveu livro sobre a operação, decorou e aplica aqui cada passo do original italiano. Mas apenas para um lado do mundo político nacional.
O que o chefe supremo da Lavajato e seus aliados não falam é sobre os resultados da "Mãos Limpas" na Itália. Resultou na ida ao poder de um barão da mídia, o bufão proto-fascista Berlusconi, atolado até o pescoço em corrupção. E ela, a corrupção, segue muito bem, obrigado, na nação italiana. Procurem e leiam estudos sérios de pesquisadores italianos como o professor Alberto Vannuci, professor da Universidade de Pisa, especialista na ""Mãos Limpas". São aterradoras sobre como são os esquemas corruptos na Itália dos nossos dias e como os corruptos pós Mãos Limpas atuam tendo em conta os ensinamentos aprendidos com ela.
Porque juízes, procuradores, PFs e a mídia que lhes acoberta e acalenta tentam esconder de todos nós o óbvio: a corrupção no Brasil e no mundo é sistêmica. E por sistêmica entendam bem o seu significado: ela é parte integrante, inseparável, indissolúvel, de qualquer sociedade dividida em classes, especialmente no capitalismo, que se move conjugando super exploração do trabalho humano com gigantesca corrupção nas relações entre empresas privadas e o Estado. A corrupção impulsiona o capitalismo. Não é o seu motor - a mais valia é - mas é um dos seus combustíveis.
A Lavajato está nos estertores dos seus objetivos. Ajudou a golpear a democracia alimentando notórios corruptos para a derrubada de Dilma e agora querem eliminar do cenário político não apenas Lula, mas todas as forças políticas que lhe deram apoio e sustentação para governar o Brasil.
Pior do que isso, assim como na Itália - afundada em brutal crise econômica - os retrocessos trabalhistas, sociais e econômicos que aguardam os brasileiros no próximo periodo a partir da consolidação do golpe, serão apresentados como "remédios amargos necessários para arrumar a casa bagunçada pela corrupção do lulo-petismo".
Tudo isso baseado numa pretensa tese jurídica de que se alguém foi beneficiado direta ou indiretamente pela corrupção, ela só pode ser responsável pela sua criação e existência. Os inquisidores modernos, se ocupassem os tribunais de 500 anos atrás, condenariam sem pestanejar os que afirmavam que a Terra gira ao redor do Sol porque era óbvio que o Sol se move no céu ao redor da Terra. Giordano Bruno foi para a fogueira. Galileu para a prisão domiciliar perpétua. Por pura convicção dos inquisidores.
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