A Venezuela e o bolsonarismo de joelhos para a Casa Branca
A posição do governo Bolsonaro de apoiar com ativismo a decisão dos Estados Unidos de unir dez países para acionar o Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR) com o intuito de agredir a Venezuela é no mínimo falta de compostura. Em um comunicado à imprensa na quarta-feira (11), o governo norte-americano anunciou que se juntou ao movimento golpista venezuelano que apoia Juan Guaidó e mais outros dez países (Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, El Salvador, Estados Unidos, Guatemala, Haiti, Honduras, Paraguai, República Dominicana) para invocar o tal tratado.
A decisão foi tomada no mesmo dia pelo conselho permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA) após a aprovação de uma resolução proposta pela Colômbia. De acordo com o documento emitido, a pretensão do grupo é formar uma ampla coalização golpista, adocicada com palavras como “democracia”, “povo”, “paz” e “estabilidade da região” — além de traçar um diagnóstico da situação venezuelana como o inferno na terra. Não há no texto, obviamente, uma letra sobre a responsabilidade do cerco estadunidense nos problemas do país.
O ativismo brasileiro na farsa se deu de forma protagonista. A visita do chanceler Ernesto Araújo a Washington para se encontrar com o ministro das Relações Exteriores da Colômbia, Carlos Holmes Trujillo, e preparar uma reunião com os Estados Unidos no dia 23 de setembro, na véspera da abertura da Assembleia-Geral da ONU, revela a falta de compostura dessa gente. O Brasil também votou pela rejeição de uma emenda da Costa Rica para que a convocação da reunião deixasse claro que seriam excluídas medidas que impliquem emprego de força armada.
Essa subserviência, que humilha o país, ressuscita uma tradição dos setores mais degenerados e vassalos da elite brasileira, que já no nascimento da Guerra Fria anticomunista se lançaram nos braços do expansionismo norte-americano do pós-Segunda Guerra Mundial. Foi quando surgiu o TIAR. Corria o governo do general Eurico Gaspar Dutra e o sonho de esmagar o movimento democrático e socialista no mundo atropelava o sentimento de dignidade e soberania nacional.
O tal tratado surgiu exatamente no Brasil. Chamado à época também de “Pacto do Rio de Janeiro”, estabelecia que os governos locais se comprometiam a “defender” os Estados Unidos se estes julgassem que tivessem sido agredidos em qualquer ponto de suas mais de quatrocentas bases militares espalhadas pelo planeta.
Celebrado em 1947 na cidade do Rio de Janeiro e precedido pela “Conferência Interamericana de Chanceleres” — também conhecida como “Conferência de Petrópolis” —, que contou com a presença do então presidente norte-americano Henry Truman, o princípio central dizia que um ataque contra um dos seus membros seria considerado contra todos, com base na chamada "doutrina da defesa hemisférica".
O “Pacto do Rio de Janeiro” entrou em vigor em 3 de dezembro de 1948. O Brasil era o país depositário original do tratado, enquanto a OEA respondia por sua administração. Apropriadamente, o poeta chileno Pablo Neruda abriu a "Crônica de 1948 (América)”, em sua obra Canto Geral, afirmando: “Ano ruim, ano de ratos, ano impuro!” Logo depois, em 4 de abril de 1949, houve a ratificação da chamada “Aliança Atlântica”, mais conhecida como Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), braço armado dos Estados Unidos e seus aliados na nascente Guerra Fria.
Como se sabe, essa escalada evoluiu para a cadeia de golpes militares sanguinolentos na região. Nesse período sinistro, o então governo do Brasil também protagonizou episódios de vassalagens, como ocorreu com os acordos formalizados na passagem da missão norte-americana chefiada pelo governador de Nova Iorque, Nelson Rockefeller, na América Latina, representando o governo do presidente Richard Nixon. As discussões de Rockefeller com os presidentes da região — exceto Cuba — geraram o "Consenso de Viña del Mar", selado no famoso balneário chileno.
Mais uma vez, o Brasil está nas mãos dessa gente que governa de costas para os brasileiros — assim como para os povos latino-americanos — e ajoelhada para a Casa Branca. E mais uma vez forma-se uma aliança de quintas-colunas, traidores dos ideais libertadores de — entre tantos outros — Tiradentes, Simon Bolívar, José Martí e San Martin. Em todos esses tempos, a resistência patriótica se pronunciou com réplicas enérgicas. Outra vez, essa situação se apresenta como desafio, sobretudo para os patriotas brasileiros.
A decisão foi tomada no mesmo dia pelo conselho permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA) após a aprovação de uma resolução proposta pela Colômbia. De acordo com o documento emitido, a pretensão do grupo é formar uma ampla coalização golpista, adocicada com palavras como “democracia”, “povo”, “paz” e “estabilidade da região” — além de traçar um diagnóstico da situação venezuelana como o inferno na terra. Não há no texto, obviamente, uma letra sobre a responsabilidade do cerco estadunidense nos problemas do país.
O ativismo brasileiro na farsa se deu de forma protagonista. A visita do chanceler Ernesto Araújo a Washington para se encontrar com o ministro das Relações Exteriores da Colômbia, Carlos Holmes Trujillo, e preparar uma reunião com os Estados Unidos no dia 23 de setembro, na véspera da abertura da Assembleia-Geral da ONU, revela a falta de compostura dessa gente. O Brasil também votou pela rejeição de uma emenda da Costa Rica para que a convocação da reunião deixasse claro que seriam excluídas medidas que impliquem emprego de força armada.
Essa subserviência, que humilha o país, ressuscita uma tradição dos setores mais degenerados e vassalos da elite brasileira, que já no nascimento da Guerra Fria anticomunista se lançaram nos braços do expansionismo norte-americano do pós-Segunda Guerra Mundial. Foi quando surgiu o TIAR. Corria o governo do general Eurico Gaspar Dutra e o sonho de esmagar o movimento democrático e socialista no mundo atropelava o sentimento de dignidade e soberania nacional.
O tal tratado surgiu exatamente no Brasil. Chamado à época também de “Pacto do Rio de Janeiro”, estabelecia que os governos locais se comprometiam a “defender” os Estados Unidos se estes julgassem que tivessem sido agredidos em qualquer ponto de suas mais de quatrocentas bases militares espalhadas pelo planeta.
Celebrado em 1947 na cidade do Rio de Janeiro e precedido pela “Conferência Interamericana de Chanceleres” — também conhecida como “Conferência de Petrópolis” —, que contou com a presença do então presidente norte-americano Henry Truman, o princípio central dizia que um ataque contra um dos seus membros seria considerado contra todos, com base na chamada "doutrina da defesa hemisférica".
O “Pacto do Rio de Janeiro” entrou em vigor em 3 de dezembro de 1948. O Brasil era o país depositário original do tratado, enquanto a OEA respondia por sua administração. Apropriadamente, o poeta chileno Pablo Neruda abriu a "Crônica de 1948 (América)”, em sua obra Canto Geral, afirmando: “Ano ruim, ano de ratos, ano impuro!” Logo depois, em 4 de abril de 1949, houve a ratificação da chamada “Aliança Atlântica”, mais conhecida como Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), braço armado dos Estados Unidos e seus aliados na nascente Guerra Fria.
Como se sabe, essa escalada evoluiu para a cadeia de golpes militares sanguinolentos na região. Nesse período sinistro, o então governo do Brasil também protagonizou episódios de vassalagens, como ocorreu com os acordos formalizados na passagem da missão norte-americana chefiada pelo governador de Nova Iorque, Nelson Rockefeller, na América Latina, representando o governo do presidente Richard Nixon. As discussões de Rockefeller com os presidentes da região — exceto Cuba — geraram o "Consenso de Viña del Mar", selado no famoso balneário chileno.
Mais uma vez, o Brasil está nas mãos dessa gente que governa de costas para os brasileiros — assim como para os povos latino-americanos — e ajoelhada para a Casa Branca. E mais uma vez forma-se uma aliança de quintas-colunas, traidores dos ideais libertadores de — entre tantos outros — Tiradentes, Simon Bolívar, José Martí e San Martin. Em todos esses tempos, a resistência patriótica se pronunciou com réplicas enérgicas. Outra vez, essa situação se apresenta como desafio, sobretudo para os patriotas brasileiros.
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