por Marcelle Carvalho, publicado originalmente no site EXTRA
Foto: Lourival Ribeiro (SBT)
Lúcia Veríssimo é Jandira em "Amor e Revolução")
Pegar em armas não é problema para ela. Não exige sequer treinamento. Para interpretar a guerrilheira Jandira, em "Amor e revolução", que retrata a época da ditadura militar e estreia dia 5, Lúcia Veríssimo não precisou de aulas de tiro. Já havia feito no fim dos anos 80, quando andava armada.
— Eu me formei em tiro em 1989. Naquela época, era muito barra pesada a quantidade de gente que me abordava na rua. E eu tinha mania de, ao acordar com insônia, ir sozinha para a minha fazenda de madrugada. Então, meu advogado me mandou andar armada. Fiz isso por um longo período. Tinha porte federal — conta Lúcia, de 54 anos, que desmente os boatos de que seu papel na nova trama do SBT tenha sido inspirado na atual presidente do Brasil, presa e torturada na década de 70: — Dilma (Rousseff) não tinha 40 anos na ditadura. Minha personagem é mais velha e já vinha fazendo ações de guerrilha desde 1958.
Nascida numa família de esquerda, Lúcia — longe das novelas há cinco anos — conta que no regime militar o telefone de sua casa era grampeado e que muitos amigos de seu pai foram presos e sumiram:
— Quando andávamos na rua, havia olhares diferentes. Isso é um pedaço da minha história também. Jandira é da luta armada, participa de assaltos e sequestros. E duvido muito que eu, Lúcia, com a cabeça de jovem da época, não aceitasse uma proposta dessas caso a recebesse. Sou revolucionária de nascença, lutei a vida inteira.