Por Dedé Rodrigues
A Fiscalização Preventiva Integrada, (FPI-PE),
criada na Bahia em 2002 chegou a
Pernambuco com objetivo de abranger 69
municípios, iniciando por 06 municípios do Pajeú, nos quais se encontra Tabira.
Ela concluiu os seus trabalhos realizando duas
Audiências Públicas em Afogados da Ingazeira, uma de formação ambiental com órgão
públicos e outra de prestação de contas,
nos dias 09 e 10 de agosto de 2018. A
primeira tinha o titulo de I Encontro “Perspectivas da Gestão Ambiental
Municipal, FPI Pernambuco Primeira Etapa e a segunda ocorreu no Hotel Brotas
para que cada equipe envolvida prestasse contas das suas ações a população. Qual
foi a importância dessa FPI (PE)? Qual é o legado dessa “verdadeira força
tarefa integrada”? Que desafios a FPI
deixa para o poder público e a sociedade?
Uma ação dessa envergadura, inédita em nossos municípios, a
princípio causou um certo espanto em todo mundo, mas com o tempo “a poeira vai baixando” e a gente
começa a enxergar melhor os aspectos importantes dessa ação, embora tenha,
provavelmente que fazer correções ao longo do percurso que se propôs.
As capacitações, apesar de trabalharem pontos específicos,
passaram uma compreensão dialética sobre a proteção do meio ambiente e os impactos
ambientais, tais como: a saúde das pessoas, a qualidade da água e dos alimentos que consumimos,
a poluição sonora e do ar, os alagamentos, a defesa animal, saneamento básico, patrimônio,
o funcionamento das padarias, a produção de resíduos sólidos, questão da caeiras, a nossa fauna, a nossa flora, etc. A compreensão do todo ambiental provoca
na gente, órgão público e sociedade, a necessidade
de termos um diagnóstico científico sobre a nossa realidade ambiental: como está o nosso desmatamento? A poluição da nossa água? o crescimento dos
lixões? A qualidade dos nossos alimentos? Quais são as consequências dos impactos
ambientais nas pessoas? Essa situação, que já é grave, segundos os
especialistas, levou um deles a caracterizar a situação geral de exclusão dos
mais pobres dos benefícios, como “racismo ambiental”.
Doutora Luciana Khoury, promotora de Justiça e Coordenadora
do Núcleo de defesa do Rio São Francisco, na sua intervenção citou o artigo 225
da Constituição Federal que coloca como dever para o Poder público e para a sociedade
entregar às próximas gerações um meio ambiente saudável. Segundo ela, “são os pobres
que sofrem mais com os impactos ambientais. Apesar de reconhecer as
dificuldades do poder público para implementar medidas ambientais de custos
mais elevados, segundo ela, o poder legislativo e executivo precisam fiscalizar
os impactos ambientais no município. Como dever de casa ela disse que o Novo Plano Diretor de cada município precisa
ser elaborado. Para ela as outras leis ambientais precisam também serem elaboradas e aprovadas
em cada município e a educação ambiental precisa ser algo permanente em todos
os órgãos.
Para o Promotor de Justiça Aurinilton Leão, que tratou da
questão dos Conselhos Municipais, “passou a fase da romantização da defesa do
meio ambiente”. Vai faltar água; o desmatamento cresce, surgem novas viroses,
etc. Segundo ele “estamos no limite do cheque especial da natureza”, a palavra
de ordem é: “proteja-se já! Para isso ele sugere a legalização e o
funcionamento dos Conselhos Municipais do Meio Ambiente para ajudar a fiscalizar
os impactos ambientais no município e posteriormente licenciar. Conforme a sua
visão “é possível ganhar dinheiro preservando a natureza”. E diz: “Como pode o
homem que precisa da madeira para sobreviver destruí-la? Na conclusão da sua fala ele cita os passos para
criar um CMMA: 1. Mobilização; 2. Redigir a lei; 3. Nomear os membros; 4. Criar
e aprovar o regimento interno e 5. Funcionar com reuniões periódicas.
O quarto palestrante, Dilmar Ribeiro, engenheiro sanitarista
e ambiental, disse que os nossos municípios não possuem um Código Ambiental. Para ele os conselhos precisam ser também
deliberativos e recursal e que todas as licenças dos municípios devem passar
pelo CMMA. Segundo ainda ele, torna-se necessário estruturar as secretarias
para o licenciamento ambiental. Cada município deve fazer um estudo das
estruturas que tem as secretarias para criar essa equipe técnica de licenciamento,
em torno de cinco membros. Os conselhos
podem cobrar dos órgãos superiores capacitação dos membros do CMMA, em especial
do futuro fiscal e técnico que cada prefeitura devia ter.
Entre tantas informações que foram passadas pelos
palestrantes têm algumas questões que considero relevantes, como a necessidade
do município criar um Plano municipal do Meio Ambiente, com projetos e ações.
Mas a frase de Dra Luciana quando ela diz que “a educação ambiental antes de
está na lei, precisa está em mim”, não é algo fácil, pois remete a relação teoria e prática que ocorre simultaneamente, pois se Paulo Freire disse que “a leitura do mundo, precede a leitura
da palavra”, quanto mais eu melhoro a minha relação com o mundo, mais eu
reelaboro cientificamente a minha palavra, de forma que não há uma dicotomia
entre uma coisa e outra. Em Tabira a Secretaria de Juventude e Meio Ambiente,
com apoio do Prefeito e de outras secretárias têm feito a sua parte com
diversas ações ambientais que estarão no Portal da Transparência, pois entendemos
que educação ambiental precisa ser permanente.
Quero destacar também a necessidade de um apoio maior aos municípios
do Governo Federal e do Governo Estadual, em forma de capacitações pelos órgãos,
como Ibama e a CPRH, e com a liberação de recursos para construção
de aterros sanitários e programas de preservação da caatinga, entre outros. Trabalharei
para sensibilizar a todos, a partir da necessidade da reorganização do CIPAJEÚ
em nossa região para executar ações regionais. No município, de posse o
relatório que deve está chegando sobre a nossa realidade, alertarei para os nossos deveres, embora não abrirei mão da cobrança da parte que cabe
aos órgãos superiores. Proteger o meio meio ambiente e os nossos
recursos naturais é uma responsabilidade
de todos nós.
Desejo a Força Preventiva
Integrada, (FPI-PE),
pela característica democrática que ela tem, todo sucesso do mundo. Quero acreditar que algumas supostas imperfeições,
citadas nas audiências públicas dessa força preventiva em nossos 06 municípios
do Pajeú, além de serem inferiores as suas inúmeras virtudes, serão de pronto
corrigidas. No mais fica como conclusão dessa matéria a redação do primeiro parágrafo da própria FPI
(PE), publicada recentemente tendo como teor um fato ocorrido com uma tabirense
que disse, resumindo a importância dessa força tarefa: “Não vão embora, fiquem
mais tempo”. O depoimento emocionado de uma senhora de 62 anos, que desde os 13
trabalha em açougue no Sertão de Pernambuco, emocionou técnicos envolvidos com
o Programa de Fiscalização Preventiva Integrada (FPI-PE). Ainda mais porque,
chegando a chorar ao abraçar integrantes da Equipe Abate – que fiscaliza
produtos de origem animal – a senhora, Fátima Carvalho, está à frente de um
boxe do Açougue Público de Tabira, equipamento este que logo na primeira semana
das ações iniciais da FPI em Pernambuco, na quinta-feira da semana passada (2),
foi interditado por apresentar uma desordem geral, tanto na estrutura como nas
formas de comercialização, com falta de higiene e manipulação inadequada dos
produtos. “Eu tiro o chapéu para vocês, para toda a equipe (da FPI). Posso
dizer que aprendi a trabalhar agora”, disse.
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