sábado, 25 de fevereiro de 2017

Escola da Vila é vendida a simpatizante do MBL




Ao imaginar uma educação libertadora, como ele a batizou, pensou em um trabalho pedagógico com um profundo e largo sentido humano. Um ofício de ensinar-e-aprender destinado a desenvolver em...
por Jornalistas Livres24 fevereiro, 2017177
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Ao imaginar uma educação libertadora, como ele a batizou,
pensou em um trabalho pedagógico com um profundo e largo sentido humano.

Um ofício de ensinar-e-aprender destinado a desenvolver
em cada educando uma mente reflexiva, uma amorosa sensibilidade,
um crítico senso ético e uma criativa vontade de presença e
participação da pessoa educada na transformação de seu mundo.

Carlos Rodrigues Brandão, sobre Paulo Freire

A Escola da Vila foi ferida de morte. Impossível dissociar da reforma educacional pretendida pelos sócios do golpe. Impossível separar do Projeto Escola sem Partido. A Escola da Vila, que teve Madalena Freire entre suas fundadoras, era uma das poucas escolas do país que se distinguia por valorar o pensamento crítico, por relacionar conhecimento e transformação social e por prezar trabalho democrático e participativo.
A Escola não foi formada por grupo empresarial, tampouco por fundo de investimentos. Ela nasceu, há quase quatro décadas, da união de um grupo de professores que queria ensinar, simplesmente ensinar com qualidade. Não buscavam formar patetas. O resultado foi reconhecido. Até pelo capital.

A Bahema S.A. comprou 80% da Escola da Vila

A venda foi anunciada à BM&FBovespa e à imprensa em 14/02/2017. No dia seguinte, as sócias da escola comunicaram aos professores, funcionários, alunos e pais de alunos. A notícia veio duas semanas após o início da ano letivo. Pais e mães ainda oscilam entre pasmos e enraivecidos. Fossem alertados no final do ano letivo, próximo ou passado, teriam tempo para decidir por outras escolas. A forma escolhida por vendedoras e compradores lhes deixa quase sem saída.

O que dizem as vendedoras?

As vendedoras afirmam em comunicado que: “Assim, é com grande satisfação que comunicamos a todos vocês que três grandes escolas brasileiras – a Escola da Vila, de São Paulo, a Escola Parque, do Rio de Janeiro, e a Escola Balão Vermelho, de Belo Horizonte –, com nítidas afinidades filosóficas e pautadas em teorias de educação contemporâneas, se reúnem numa sólida parceria com o objetivo maior de fortalecer nossos projetos pedagógicos precursores da valorização da autonomia, cooperação e pensamento crítico dos nossos estudantes”.
Pois bem, a Bahema comprou 80% da Escola da Vila, 5% da Escola Parque e ainda negocia com a Balão Vermelho. Não seria um tanto prematuro afirmar que as escolas estão reunidas em um “sólida parceria”?
“Neste momento, observa-se também forte movimento de consolidação de escolas que, em parceria com empresas, buscam melhorar a saúde financeira das instituições e viabilizar sua perenidade”, continua a nota, revelando possivelmente a real motivação para a venda.

Quem são os compradores?

Nas informações trimestrais de 30/09/2016, a Bahema S. A. definiu sua atividade dessa forma: “A Companhia não comercializa produtos ou serviços. Seu resultado compõe-se exclusivamente de: a) dividendos e juros sobre capital próprio das companhias nas quais possui investimentos; b) receitas financeiras de aplicações financeiras; e c) ganho na alienação de investimentos”. Em uma palavra: especulação.

Jair Bolsonaro, Fernando Holiday, Deltan Dallagnol e outros

As más notícias, no entanto, não param por aqui. O diretor de relações com o mercado da Bahema, Guilherme Affonso Ferreira Filho, foi o organizador do 3o Fórum Liberdade e Democracia, realizado em outubro de 2016. O principal convidado do 1o painel, “O papel do Estado no século XXI”, foi Jair Bolsonaro. O mediador foi Hélio Beltrão do Instituto Mises. Os outros painéis foram igualmente recheados de representantes da extrema direita.
Um dos homenageados do evento, ironicamente agraciado com o prêmio Luís Gama, foi Fernando Holiday, do MBL.

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