A depender do que acontecerá em 24 de janeiro no julgamento do TRF-4, a esquerda brasileira tem desenvolvido ao menos duas táticas complementares para sua estratégia eleitoral em 2018.
Por Theófilo Rodrigues*, Colunista do Cafezinho
Foto: PCdoB
Manuela e Lula no Congresso do PCdoB em novembro de 2017, em Brasília.
De um lado, Lula vem construindo um amplo arco de alianças que vai do PT ao centro do espectro político e que é baseado em um reformismo fraco, se quisermos adotar a expressão de André Singer.
Do outro, Manuela D´Ávila, do PCdoB, representa uma aposta na juventude e nos movimentos sociais, com um reformismo forte que mantém pontos de encontro com o projeto de “democracia radical” de Ernesto Laclau e Chantal Mouffe.
A construção de Lula é por cima, a partir de nomes já consolidados no cenário político nacional. Na busca pelo centro, Lula mantém diálogo aberto para garantir o apoio de fortes lideranças regionais como Roberto Requião (PMDB) no Paraná, Renan Calheiros (PMDB) em Alagoas, Eunício Oliveira (PMDB) no Ceará, Jader Barbalho (PMDB) no Pará, Marcelo Castro (PMDB) no Piaui, Eduardo Braga (PMDB) no Amazonas, Eduardo Paes (PMDB) no Rio de Janeiro, Josué Alencar (PMDB) em Minas Gerais, Katia Abreu (sem partido) no Tocantins e Armando Monteiro (PTB) em Pernambuco.
Já Manuela mobiliza uma candidatura desde baixo. Sua prioridade tem sido o diálogo com setores da juventude e dos movimentos sociais. De forma espontânea e horizontal, sua candidatura serve de estímulo a tantos jovens desacreditados com a política a voltarem não apenas a se interessar, mas também a participar, até mesmo com candidaturas ao parlamento. Seu carro chefe é um reformismo forte, cujo núcleo central é um rompimento com o capital financeiro das avenidas Paulista e Faria Lima, que permita a volta de um desenvolvimento econômico produtivo e que amplie as capacidades de investimento em políticas sociais no país. Ao lado dessa política de redistribuição, Manuela traz também as políticas de reconhecimento, tal qual propõe Nancy Fraser. Como mulher feminista, Manuela possui forte vínculo com a agenda das minorias sociais. Sua aposta está na mobilização crescente nas redes sociais e na internet. Sua referência e cartão de visitas é o exitoso governo de Flávio Dino no Maranhão.
As duas táticas não são excludentes, mas sim complementares. No primeiro turno há espaço para as duas candidaturas apresentarem seus programas. Por vias distintas, as duas candidaturas podem se opor ao conservadorismo de Bolsonaro e ao neoliberalismo de Alckmin. No segundo turno, o encontro dessas duas táticas da esquerda para evitar a vitória da direita é uma certeza. Essa é a estratégia.
O que gera dúvidas é o que ocorrerá em 2019: uma reedição do que foi o velho governo Lula, entre 2003 e 2010, ou um governo de novo tipo baseado em um reformismo forte? Tudo dependerá da força que a candidatura de Manuela D´Ávila acumulará e da capacidade de seu movimento político influenciar os rumos do novo governo. Isso, claro, se Lula puder ser candidato em 2018.
Do outro, Manuela D´Ávila, do PCdoB, representa uma aposta na juventude e nos movimentos sociais, com um reformismo forte que mantém pontos de encontro com o projeto de “democracia radical” de Ernesto Laclau e Chantal Mouffe.
A construção de Lula é por cima, a partir de nomes já consolidados no cenário político nacional. Na busca pelo centro, Lula mantém diálogo aberto para garantir o apoio de fortes lideranças regionais como Roberto Requião (PMDB) no Paraná, Renan Calheiros (PMDB) em Alagoas, Eunício Oliveira (PMDB) no Ceará, Jader Barbalho (PMDB) no Pará, Marcelo Castro (PMDB) no Piaui, Eduardo Braga (PMDB) no Amazonas, Eduardo Paes (PMDB) no Rio de Janeiro, Josué Alencar (PMDB) em Minas Gerais, Katia Abreu (sem partido) no Tocantins e Armando Monteiro (PTB) em Pernambuco.
Já Manuela mobiliza uma candidatura desde baixo. Sua prioridade tem sido o diálogo com setores da juventude e dos movimentos sociais. De forma espontânea e horizontal, sua candidatura serve de estímulo a tantos jovens desacreditados com a política a voltarem não apenas a se interessar, mas também a participar, até mesmo com candidaturas ao parlamento. Seu carro chefe é um reformismo forte, cujo núcleo central é um rompimento com o capital financeiro das avenidas Paulista e Faria Lima, que permita a volta de um desenvolvimento econômico produtivo e que amplie as capacidades de investimento em políticas sociais no país. Ao lado dessa política de redistribuição, Manuela traz também as políticas de reconhecimento, tal qual propõe Nancy Fraser. Como mulher feminista, Manuela possui forte vínculo com a agenda das minorias sociais. Sua aposta está na mobilização crescente nas redes sociais e na internet. Sua referência e cartão de visitas é o exitoso governo de Flávio Dino no Maranhão.
As duas táticas não são excludentes, mas sim complementares. No primeiro turno há espaço para as duas candidaturas apresentarem seus programas. Por vias distintas, as duas candidaturas podem se opor ao conservadorismo de Bolsonaro e ao neoliberalismo de Alckmin. No segundo turno, o encontro dessas duas táticas da esquerda para evitar a vitória da direita é uma certeza. Essa é a estratégia.
O que gera dúvidas é o que ocorrerá em 2019: uma reedição do que foi o velho governo Lula, entre 2003 e 2010, ou um governo de novo tipo baseado em um reformismo forte? Tudo dependerá da força que a candidatura de Manuela D´Ávila acumulará e da capacidade de seu movimento político influenciar os rumos do novo governo. Isso, claro, se Lula puder ser candidato em 2018.
*Theófilo Rodrigues é professor do Departamento de Ciência Política da UFRJ.
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