Que o país está sob chantagem, qualquer um mais atento percebe. E o nível da chantagem é diretamente refletido na taxa de juros que chegou ontem a seu maior patamar desde o início do governo Dilma Rousseff. É a nona elevação seguida da Selic, agora fixada em 11%. Intensifica-se a tentativa de desgaste do país e de desmoralização do nosso governo.
Por Renato Rabelo*, em seu blog
A taxa Selic é apenas a ponta do iceberg de um longo processo. Durante os últimos três anos uma ampla campanha midiática contra o governo e o país foi ganhando corpo. O mote da inflação é largamente utilizado com direito a fabricação de determinados ambientes onde remarcação de preços é uma consequência quase natural. Se o governo ainda consegue manter sob controle um mínimo de investimento e uma inflação que não dispara, que se busque outro alvo.
Pode ser o sistema elétrico brasileiro. Desde 2010 a lógica de torcida organizada da oposição e da mídia por um apagão chega a ser trágico e deprimente. A utilização pelo governo de seu poder de monopólio sobre as tarifas de energia desencadeou uma reação desproporcional. Tirar dinheiro do tesouro para bancar a manutenção do funcionamento energético do país virou sinal de “irresponsabilidade fiscal” como quem teria a responsabilidade dada por alguma divindade para este tipo de operação seja o “mercado”, ele mesmo visto como uma divindade.
O mesmo ocorre com a Petrobrás e a clara tentativa de reversão de rumo da empresa iniciado em 2003 e, sobretudo, após a descoberta das reservas do pré-sal, os sucessos subsequentes em matéria de captação de recursos, investimentos previstos e as amplas possibilidades abertas pelo sucesso do leilão de Libra. O mesmo processo de descrédito e difamação que um dia levou à privatização de empresas como a Usiminas, Telebrás e a Companhia Vale do Rio Doce tem ocorrido com a Petrobrás. A história se repete como farsa e tragédia: Dilma cair em pesquisas seguida de alta da Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA) diz muito. Diz, inclusive, que estamos no lado certo da história.
O aumento da taxa de juros é parte deste todo e do momento “faca no pescoço” que o capital financeiro internacional tem imposto ao nosso país. O Brasil é muito grande e importante para ficar de fora do banquete do rentismo. E não tenham dúvidas acerca do caráter claramente político disto. Para esta gente Dilma deveria ser derrubada, assim como todo e qualquer resquício de experiência de governos populares em nosso continente.
Nesta história toda, não dá para brincar de analista “acima do bem do mal”. Todos tem lado nesta contenda, ainda mais aqueles que buscam tentar uma posição aparentemente neutra ou “jornalística”.
*Renato Rabelo é presidente nacional do Partido Comunista do Brasil (PCdoB)
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