Homenagem póstuma:
Jussara partiu do mundo
Desfalcando o meu partido,
Porém deixou um legado
Que não será esquecido
Dedicou a sua vida
A um mundo sem oprimido!
Por Dedé Rodrigues
A dirigente do PCdoB de Caxias do Sul - RS, Jussara Tochetto Gomes, faleceu na manhã deste sábado, aos 62 anos. Ela lutava contra um câncer linfático há cerca de dois anos. Jussara era casada com o ex-vereador e presidente do PCdoB caxiense, Deo Gomes, com quem teve dois filhos, Gildo e Cleber.
O velório será realizado à partir das 15h no memorial São José, capela A. A cremação será amanhã às 11h, no Crematório São José, o corpo sairá às 10h da capela para o crematório. Jussara era dentista e há 27 anos coordenava o ambulatório do Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul e Região.
As letras das músicas de Chico Buarque de Hollanda embalaram os sonhos de juventude da militante do PCdoB e candidata a vereadora Jussara Tocchetto Gomes, 62 anos, nas eleições de 2004 quando o marido e presidente do PCdoB de Caxias Déo Gomes concorreu a prefeito. Jussara se dizia uma mulher obstinada, com um passado de combates ao regime militar.
A aprovação no vestibular para Odontologia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em 1971, abriu caminhos para deixar pulsar a veia política com intensidade. No mesmo ano, Jussara passou a integrar o Diretório Acadêmico, onde iniciou a luta de resistência à ditadura, chegando a receber correspondências anônimas ameaçadoras por conta dos seus manifestos.
No primeiro ano de curso, conheceu o futuro marido e também militante no movimento estudantil Déo Gomes, que foi vereador de Caxias e presidente do Legislativo caxiense. O convívio em sala de aula e a defesa pelos mesmos ideais aproximaram o casal. No final de 1971, estavam namorando. Após três anos, casaram-se. Tiveram dois filhos: Gildo e Kleber.
Uma vida dedicada à luta política
A disputa por uma vaga na Câmara de Vereadores de Caxias do Sul não foi o primeiro cargo público que Jussara disputou, mas estava há 18 anos sem concorrer. Jussara não chegou a ser eleita, mas ajudou bravamente a levar o projeto político do PCdoB ao lado do marido Déo Gomes. Em 1986, concorreu a deputada federal constituinte na primeira eleição em que o PCdoB participou após longo período na clandestinidade. Não se elegeu, mas saiu do processo gratificada por ter ajudado a romper com uma parte obscura da história do Brasil.
A comunista atuou também no Diretório Central de Estudantes (DCE) da UFRGS, em 1972, quando Déo era o presidente. Jussara lutou pela anistia ampla, geral e irrestrita, por uma constituinte livre e soberana e pelas “Diretas Já”, além de ter participado do protesto “ Fora Collor” e da Marcha dos 100 mil, em 1999, parte do movimento “ Fora FHC”.
Em entrevista ao Jornal Pioneiro, no dia 20 de agosto de 2004, fez o seguinte resgate histórico: “A constituinte foi muito marcante. Sabíamos quando uma matéria era censurada. Bastava olhar os jornais e ver uma receita de bolo. Quando o Tancredo Neves venceu o Paulo Maluf no Colégio Eleitoral para a presidência foi uma festa. Cantamos com o Chico Buarque a canção Vai Passar. Começava uma nova fase no Brasil.”
Jussara era dirigente municipal do PCdoB de sua comissão política, também integrou a direção estadual do partido.
Uma profissional dedicada
Como dentista, atuou em diversos sindicatos da cidade. Jussara trabalhava há 27 anos no Sindicato dos Metalúrgicos, onde coordenava os serviços de saúde da entidade no atendimento dos trabalhadores e suas famílias.
Para o deputado federal e membro do Comitê Central do PCdoB, Assis Melo, o falecimento da camarada e amiga Jussara Gomes "é uma perda irreparável que deixa um grande legado de lutas e dedicação".
De Caxias do Sul
Roberto Carlos Dias e Clomar Porto
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