terça-feira, 15 de julho de 2014

Wadson Ribeiro: O futebol é nosso, reforma já!

 

O Brasil realizou a Copa das Copas, mas não teve a seleção das seleções. Na verdade, muito abaixo disso. A derrota por 7 a 1 não será facilmente esquecida. Está nas conversas cotidianas, na lembrança íntima dos brasileiros, na frustração dentro de campo em uma Copa do Mundo absolutamente vitoriosa fora dele. 

Por Wadson Ribeiro*




Acontece? Sim. Em tese, poderia acontecer com qualquer time e qualquer país, basta estar em campo. São coisas do esporte? São, mas valem para refletir e transformar um pouco das estruturas da nossa paixão nacional.

A presidenta Dilma acertou em cheio ao dizer que é necessária uma profunda reforma nas instituições do futebol brasileiro. Está provado de todas as formas que, além de um jogo, o futebol é um patrimônio cultural, social, amplamente ligado à nossa identidade, uma questão de interesse público do país. Chegou a hora de lançar a campanha "O futebol é nosso", chegou a hora de renovar, chegou a hora de reformar.


Não podemos aceitar que o Brasil, sendo a sexta economia do mundo e o único país pentacampeão mundial nesse esporte, tenha se tornado mero exportador de talentos para os campeonatos estrangeiros. Não há como sermos mais tão negligentes com as categorias de base, com as más condições dos atletas nos torneios, regionais, ou nas séries B ou C do Brasileirão.

Não é certo prosseguir com a desorganização fiscal envolvendo os clubes, sem que cumpram devidamente sua parte com o Estado e sem que o Estado possa pensar políticas públicas para melhorar as suas condições. Não devemos manter um sistema de jogos, calendários e horários definido, majoritariamente, pela influência econômica de emissoras de televisão e grandes grupos midiáticos. Por fim, é injusto aceitar o processo de elitização e exclusão econômica nos estádios brasileiros.

A reforma do futebol deve ser tratada com seriedade, garantindo o desenvolvimento técnico e organizacional desse esporte, assim como seu legado para outras áreas como a economia, a inclusão social, a cidadania. Atualmente, não há nenhum tipo de acompanhamento ou participação da sociedade na governança do futebol. 

É necessário promover tanto a regulação devida, por parte do Estado, como criar conselhos populares, participativos, envolvendo torcedores, jornalistas, organizações ligadas ao esporte e a população em geral. O futebol é de todos.

As possibilidades são muitas e está clara a vontade da sociedade brasileira por mudanças. A seleção é somente a ponta mais evidente de um sistema que pode e precisa ser repensado. É hora de incluir a reforma do futebol na pauta do debate público e esse pode ser mais um dos tantos legados da Copa das Copas. 

Vamos enxugar as lágrimas, vamos recuperar os nossos brios e vamos à luta! O futebol é nosso. Reforma já!

*Wadson RIbeiro é presidente do PCdoB em Minas Gerais e foi secretário-executivo do Ministério do Esporte





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