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A esquerda, as forças que se reivindicam como portadoras dos ideais socialistas e comunistas, têm imensas responsabilidades neste processo
O 1º de Maio é o dia internacional de toda a classe trabalhadora, quando em diferentes rincões do planeta os explorados e oprimidos se reúnem e manifestam contra a opressão capitalista, a dominação imperialista, contra as políticas das classes dominantes que levam a uma cada vez maior polarização social.
Por José Reinaldo Carvalho*
É o Dia da unidade de ação, de reafirmação do compromisso de lutar, de descortino de perspectivas, de politização das ações, vislumbre de novos horizontes de desenvolvimento social e político e combate renovado por uma nova sociedade, o socialismo. Dia de relembrar batalhas vividas e os heróis de sempre no enfrentamento contra a opressão e exploração capitalistas.
Nunca é demais relembrar os fatos que estão na origem da designação do 1º de Maio como Dia dos Trabalhadores.
Em 1885, associações de trabalhadores dos Estados Unidos convocam uma greve para o dia 1º de Maio de 1886, reivindicando a jornada de 8 horas, o que dá origem a um ascenso das lutas operárias, reprimidas a ferro e fogo. No dia 1º de Maio realiza-se em Chicago uma manifestação de dezenas de milhares de grevistas. Dias depois, 4 de maio, durante um comício de solidariedade com os trabalhadores de uma empresa onde a repressão causara numerosos mortos e feridos, provocadores fazem explodir uma bomba, resultando na morte de policiais e trabalhadores e dando início a uma repressão generalizada. Oito líderes dos trabalhadores, que passam à história como os “Mártires de Chicago”, são condenados numa farsa judicial como os principais responsáveis pelos acontecimentos de 4 de maio. Quatro deles são enforcados em 11 de novembro de 1887.
Para homenagear os “Mártires de Chicago”, o Congresso fundador da Internacional Socialista, reunido em Paris em 14 de julho de 1889 – centenário da Revolução Francesa – propôs a proclamação do 1º de Maio como Dia Internacional do Trabalhador. Em 1º de Maio do ano seguinte, essa manifestação simultânea teve lugar em diversos países, a primeira ação unitária da classe operária, materializando a consigna do Manifesto Comunista – “Proletários de todos os países, uni-vos!”.
Desde então, o dia 1º de Maio ficou caracterizado como o dia de luta de todos os trabalhadores. Com o passar do tempo, não apenas a luta pela jornada de 8 horas, mas pelo conjunto das reivindicações econômicas, sociais e políticas dos trabalhadores, pela sua afirmação como classe independente na luta social e política, por sua organização sindical e política, intervenção eleitoral, por democracia, contra o fascismo, o imperialismo e a guerra, pela justiça, o progresso e a paz, por uma sociedade livre da opressão e exploração capitalistas.
A partir da vitória da Revolução de Outubro de 1917, cujo centenário transcorre este ano, e da sucessão de acontecimentos revolucionários no século 20, o 1º de Maio passou a ser também uma data de afirmação do internacionalismo proletário e da luta pelo socialismo, do fortalecimento da organização popular, da aliança das classes oprimidas e do afiançamento do Partido Comunista como força dirigente da luta da classe trabalhadora.
Nos últimos anos, o 1º de Maio é celebrado pelos trabalhadores num ambiente político, econômico e social adverso, em meio a inusitada regressão de conquistas e brutal ofensiva por parte da burguesia monopolista e financeira reacionária em todo o mundo contra os direitos dos trabalhadores. Em profunda e inarredável crise sistêmica, as classes retrógradas que comandam o capitalismo percorrem o caminho da barbárie e atiram sobre os ombros dos trabalhadores o pesado ônus da abismal situação em que se encontram.
Indistintamente, as políticas em prática em todas as latitudes são as neoliberais e conservadoras, de desregulamentação financeira, privatizações, liberalização dos mercados, especulação, parasitismo, que têm como contraface a privação de direitos dos trabalhadores, a deterioração do seu padrão de vida, a degradação geral da sociedade.
Campeiam o desemprego, a precariedade, intensificam-se os mecanismos de extração de mais-valia e exploração do trabalho, deteriora-se o poder de compra dos salários, atacam-se conquistas históricas como os direitos trabalhistas e previdenciários, como agora ocorre no Brasil sob o governo golpista de Michel Temer. Crescentemente, os governos burgueses afastam-se das suas obrigações essenciais de prover os serviços públicos, saúde, educação, infraestrutura urbana – tudo privatizado e transformado em mercadoria.
Este cenário de crise e ofensiva contra direitos sinaliza quanto são graves as ameaças que pesam sobre os trabalhadores, oriundas do sistema capitalista opressor. Ameaças que se tornam ainda mais perigosas quando acrescidas pela ofensiva política e militar das potências imperialistas, traduzidas por ações intervencionistas, guerras de rapina, brutais atentados à paz, à segurança internacional, à soberania de povos e nações.
No Brasil, o 1º de Maio deste ano transcorre num momento em que é brutal a ofensiva contra os direitos dos trabalhadores por parte do governo golpista, usurpador, antipopular, antidemocrático, corrupto e entreguista, comandado por Michel Temer, mancomunado com uma eventual maioria parlamentar sob a liderança do medíocre deputado direitista Rodrigo Maia, que põe a casa legislativa de joelhos perante os ditames do capital monopolista-financeiro nacional e internacional.
O 1º de Maio é o momento em que falam mais alto os trabalhadores, em que sua voz se transforma em brado e chamamento à emancipação. Em face da crise do capitalismo e da ofensiva das classes dominantes conservadoras e retrógradas, é indispensável afirmar a luta, a unidade, a organização, a solidariedade e a perspectiva de ruptura dos trabalhadores com o sistema opressor. Celebrar o 1º de Maio é promover a pedagogia dos oprimidos e conscientizá-los de que só a luta anticapitalista e anti-imperialista abrirá caminho à sua emancipação.
Não é uma luta imediatista, a realizar e vencer de um só golpe. É luta de longo fôlego, que exigirá lucidez, maturidade política, discernimento ideológico, clareza de propósitos, domínio e manejo de adequados procedimentos e meios estratégicos e táticos.
Esta luta faz parte do processo de acumulação de forças e é o campo de prova em que os trabalhadores farão seu aprendizado na prática e viverão a própria experiência, combatendo por reivindicações concretas, conquistando espaços, acumulando vitórias e construindo seus instrumentos organizativos na esfera política.
A esquerda, as forças que se reivindicam como portadoras dos ideais socialistas e comunistas, têm imensas responsabilidades neste processo. Para elas o 1º de Maio é também um momento de aprendizado, reflexão e orientação. Justas diretivas no sentido da unidade e da luta combativa com perspectiva classista constituem um dos fatores decisivos para o êxito no processo de acumulação revolucionária de forças.
*José Reinaldo Carvalho é jornalista, editor do site Resistência; membro do Secretariado Nacional do Partido Comunista do Brasil
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