domingo, 18 de fevereiro de 2018

Hoje na História: 1600 - Giordano Bruno é executado pela inquisição


Em 17 de fevereiro de 1600, Giordano foi queimado vivo em Roma; Filósofo foi considerado herege pelo papa Clemente VIII

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Max Altman (1937-2016), advogado e jornalista, foi titular da coluna Hoje na História da fundação do site, em 2008, até o final de 2014, tendo escrito a maior parte dos textos publicados na seção. Entre 2014 e 2016, escreveu séries especiais e manteve o blog Sueltos em Opera Mundi.
Em 17 de fevereiro de 1600, o filósofo Giordano Bruno é queimado vivo em Roma, no Campo dei Fiori, após ter passado oito anos nos cárceres da Inquisição.

Antes de executá-lo, carrascos deceparam sua língua para impedi-lo de proferir "palavras horríveis". A condenação do filósofo como herege por ordem do papa Clemente VIII encerrou uma vida de peregrinações, disputas e tormentas.
Nascido em 1548, na cidade de Nola, perto de Nápoles, Giordano Bruno ingressa na Ordem dos Dominicanos em sua juventude, abraçando mais tarde, em Genebra,  doutrina de João Calvino.
Acusado de heresia, foge para assumir uma carreira de estudos e viagens. Leciona a teologia calvinista inicialmente em Toulouse e depois em Paris, Oxford e Wittenberg.
Dotado de uma memória prodigiosa que lhe permitia recitar, de cor, sete mil passagens da Bíblia ou ainda mil poemas de Ovídio, o filósofo era muito bem visto pelos príncipes da Europa.
Incansável e em constante oposição às escolas tradicionais, jamais encontrou um posto permanente. Seus grandes trabalhos metafísicos, De la causa, principio, et uno (1584) e De l'infinito, universo e mondi (1584), foram publicados na França. Mais tarde, essas obras surgiriam também na Inglaterra e na Alemanha. Bruno também escreveu sátiras e poesias.
Em 1591, viajou para Veneza, onde foi processado por heresia pela Inquisição. Após sua prisão em Roma, foi queimado até a morte na fogueira. Bruno desafiou todo dogmatismo, inclusive o da cosmologia copernicana, cujos princípios fundamentais sustentava. Acreditava que nossa percepção de mundo estava relacionada com a posição no espaço e no tempo no qual nos vemos. Havia, portanto, várias maneiras possíveis de interpretação do mundo. Consequentemente, não se podia postular uma verdade absoluta e nem estabelecer qualquer limite ao progresso do conhecimento.
Wikimedia Commons

Filósofo foi considerado herege pelo papa Clemente VIII
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Imaginava o mundo composto por seres individuais, governados por leis fixas de relacionamento. Esses elementos, chamados mônadas, eram definitivos, indivisíveis, imateriais e baseados numa divindade panteísta infinita, que se manifesta em nós e no mundo todo. A influência de Bruno na filosofia que se seguiu, especialmente na de Spinoza e Leibniz, foi profunda.
Sensibilizado pelas descobertas de Copérnico, Bruno imaginou um universo infinito em que Deus seria a alma. Concebeu uma pluralidade de mundos análogos ao nosso, num universo que não teria sido criado mas que teria existido por toda a eternidade. Esta filosofia panteísta se opunha frontalmente à teologia cristã.
Giordano Bruno publica suas ideias em 1584, em italiano e em latim. Todavia, não se contenta em apenas pensar e escrever. De natureza combativa, antagoniza-se com a maioria dos teólogos e pensadores de seu tempo.
A condenação do filósofo é representativa de intolerância e de excessos ideológicos do fim da Renascença, tanto no campo católico quanto no protestante. Em 1553, o médico Michel Servet havia sido submetido a mesma sentença de Bruno, em Genebra, por iniciativa de Calvino. Em 1633, Galileu era denunciado pela Inquisição, mas se retrata e escapa da fogueira.

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