A radiografia da realidade europeia vai apresentando visíveis sinais de agravamento. Há uma crescente onda de manifestações de trabalhadores e vários outros segmentos da sociedade contra a perda de históricas conquistas sociais que estão indo pelo ralo em decorrência da profunda crise econômica e financeira por que passam as nações dessa comunidade.
Em paralelo, o desemprego já assume dimensões alarmantes em vários Países, muito especialmente aqueles que representam os elos mais frágeis da complexa cadeia desse mercado comum como são os casos de Portugal e Grécia.Os especialistas nas áreas das finanças avisam que a Espanha e a Itália, economias com maior robustez, também se encontram na iminência de uma quebradeira geral. E dizem que os esforços para esconder essa realidade por parte das autoridades monetárias são tremendos. No entanto os sinais de profunda deterioração dessas economias são para lá de evidentes.
É nesse quadro de extrema complexidade, insegurança e insatisfação que se movimentam as forças políticas. A extrema direita, coerente com a sua visão programática e alinhada tanto com o grande capital financeiro internacional quanto com os indicativos geopolíticos do Estados Unidos, avança com uma plataforma agressiva e de intimidação para com uma sociedade refém de uma realidade sem perspectivas em médio prazo.
Daí a onda de intolerância e a cultura de isolamento que varre a Europa. Esses são sinais claros de inflexão nos conceitos fantasiosos para a atual etapa em que vive a humanidade, de um mundo sem fronteiras e a apologia sobre uma agenda ideológica multiculturalista, tão ao gosto do capital financeiro internacional e dos projetos imperiais.
O anúncio da morte desse multiculturalismo foi dado recentemente em conjunto pelo primeiro ministro da Grã Bretanha e sua consorte alemã Ângela Merkel. Assim é que as novas leis contra os imigrantes aprovadas ou em vias de aprovação, só como um exemplo, são dignas dos velhos tempos coloniais.
As restrições contra os viajantes ou turistas estrangeiros são cada vez mais drásticas, como as que foram adotadas esta semana no Reino Unido.
Há uma tendência crescente de racismo e paranóia se espalhando no ar e mesmo no território comum europeu as fronteiras começam a recuar aos espaços anteriores, sendo que a Dinamarca já tomou a dianteira.
A crise da nova ordem mundial atinge em cheio o velho continente, já vítima de governos em sua grande maioria reacionários.
* Advogado, membro do Comitê Central do PCdoB
Nenhum comentário:
Postar um comentário