sexta-feira, 28 de setembro de 2012

França aumenta impostos para empresas e grandes fortunas


O primeiro orçamento apresentado nesta sexta-feira (28) pelo governo socialista do presidente francês François Hollande revelou fortes aumentos de impostos para empresas e grandes fortunas ricos, com o objetivo de mostrar que a França tem o rigor fiscal para continuar no núcleo da zona do euro.


Jornais franceses  

“Esse é um orçamento de combate para colocar o país de volta nos trilhos”, disse o primeiro-ministro Jean-Marc Ayrault; afirmou ainda que a meta de crescimento da economia de 0,8% este ano é “realista e ambiciosa”. Ayrault explicou que este é “um orçamento para trazer a confiança de volta e romper essa espiral de dívida, que fica cada vez maior”.

A dívida pública francesa atingiu o recorde do pós-guerra, equivalendo a 91% do PIB, e as novas medidas são consideradas vitais para que o a França consiga empréstimos a taxas de juros abaixo de 2% para poder rolar a dívida. Segundo o governo francês, o orçamento é a primeira de uma série de medidas para diminuir o déficit que, hoje, é de 4,5% do PIB (81 bilhões de euros); o objetivo é cair para 3% (61,6 bilhões de euros) no ano que vem e chegar a 0,3% do PIB em 2017 – anteriormente, a meta era zerar o déficit até esse.

A previsão é economizar, com as medidas anunciadas, 30 bilhões de euros dos quais cerca de 20 bilhões (cerca de 50 bilhões de reais), virão de novos impostos sobre os rendimentos de grandes empresas e pelas famílias mais ricas; outros 10 bilhões (cerca de 25 bilhões de reais) virão da economia nos gastos do governo: a maior fatia vira da Previdência Social, chegando a 2,5 bilhões; a Defesa vai perder 2,2 bilhões e os projetos de investimento, 1,2 bilhões.

O governo instituiu uma taxa temporária de 75% para receitas acima de 1 milhão de euros (calcula-se que vai afetar de 2 a 3 mil pessoas) e de 45% para receitas acima de 150 mil euros. Juntas, estas medidas renderão cerca de meio bilhão de euros. Taxas mais altas sobre dividendos e outros investimentos, mais reduções em isenções fiscais garantirão mais alguns bilhões.

Reações

O bloco socialista, que é maioria na Assembleia francesa, considerou o novo orçamento como “justo, rigoroso e construtivo”, indicando a preocupação do governo em redirecionar o país em busca do emprego e da recuperação do poder de compra, disse o o líder socialista no Senado, François Rebsamen.

Como se poderia prever, a oposição de direita manifestou opinião diametralmente oposta. Parlamentares da conservadora UMP (União por um Movimento Popular), criticaram o abandono da política anterior, do ex-presidente Nicolas Sarkozy, que previa a redução do déficit usando medidas de austeridade. A extrema-direita foi no mesmo rumo e a líder Marine Le Pen, da Frente Nacional, acusou o governo de destruir a economia do país para salvar o euro e, para isso, colocando a França “no mesmo caminho da Grécia, da Irlanda, de Portugal e da Espanha, um caminho que parar no muro do euro”.


Com agências

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