Multidão vai às ruas em dia de greve geral na Grécia
A polícia grega entrou em confronto com manifestantes, nesta quarta (26), quando cerca de 50 mil pessoas tomaram as ruas contra a política de austeridade imposta no país e os ditames da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional. A paralisação, considerada o maior protesto dos últimos meses, conta com a adesão de trabalhadores dos setores público e privado.
Dezenas de milhares de pessoas marcharam rumo ao Parlamento grego, sob os gritos de "não vamos nos submeter à troica (credores)" e "fora UE e FMI!", num dia de greve nacional contra a nova rodada de medidas de austeridade impostas pela UE e o FMI como exigência para dar mais ajuda financeira ao país.
"Não aguentamos mais isso, estamos sangrando. Não podemos criar nossas crianças dessa forma", disse Dina Kokou, uma professora de 54 anos e mãe de quatro filhos que vive com uma renda mensal de mil euros. "Esses aumentos de impostos e cortes de salários estão nos matando."
Ao final da manifestação, houve confronto. A polícia usou gás lacrimogênico e perseguiu os manifestantes - que lançaram coquetéis molotov - pela praça Syntagma, em frente ao Parlamento, enquanto helicópteros sobrevoavam o local. Havia um pequeno foco de incêndio em uma esquina.
Polícia reprime manifestantes / Foto: EPA
A greve geral, a terceira desde o início do ano e a primeira desde a posse do governo de coligação liderado por Antonis Samaras, foi convocada pelas principais organizações sindicais gregas - a Confederação Geral dos Trabalhadores Gregos (GSEE), onde estão filiados os sindicatos do setor privado, e a União dos Trabalhadores do setor público (ADEDY).
"Ontem os espanhóis tomaram as ruas, hoje somos nós, amanhã serão os italianos e no dia seguinte, todo o povo da Europa", disse Yiorgos Harisis, do sindicato dos servidores públicos Adedy.
O protesto surge no momento em que o governo grego se prepara para aplicar um novo pacote de austeridade, que visa uma economia de 11,5 bilhões de euros em 2013 e 2014. As novas medidas deverão incluir uma nova redução do salário mínimo e das pensões, que o governo recém eleito tinha prometido evitar a todo o custo, o ataque à negociação coletiva, cortes no valor das indenizações por demissões e o aumento da idade de aposentadoria, entre outras.
Numa declaração conjunta, as duas estruturas sindicais que convocaram o protesto sublinham que “durante os últimos dois anos e meio, os salários, as pensões e os benefícios sociais têm sido sucessivamente cortados, contudo o “monstro da dívida” permanece intacto e apela constantemente a novos sacrifícios e medidas de austeridade".
Milhares de pessoas lotam a praça Sintagma / Foto: Reuters
A polícia estimou que o protesto foi o maior desde uma grande marcha em maio de 2011, e foi um dos maiores desde que a Grécia pediu ajuda externa pela primeira vez em 2010. A paralisação tem forte impacto nos transportes e serviços públicos, além do comércio, que também fechou as portas para aderir à mobilização.
Com agências
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