Em livro, Luiz Gonzaga Belluzzo e Gabriel Galípolo expõem o dissimulado domínio exercido por poucos sobre a humanidade.
Por Carlos Drummond
O leitor interessado em conhecer a assombrosa travessia do capitalismo, da sociedade e das ideias, desde o começo do século 20 até os dias atuais, conta, a partir de hoje, com um mapa qualificado. Trata-se do livro Manda quem pode, obedece quem tem prejuízo, de Luiz Gonzaga Belluzzo, colunista de CartaCapital, e Gabriel Galípolo, colaborador desta publicação.
Economistas com sólida experiência acadêmica, empresarial e no setor público, eles lançam a publicação da Editora Contracorrente e da Facamp às 19 horas desta segunda-feira (10), na Livraria da Vila da Alameda Lorena, número 1731, em São Paulo.
Em texto ágil, de parágrafos curtos e bem-humorado, os autores decifram a retórica dos assim chamados especialistas e revelam tratar-se de recurso dissimulador do domínio exercido por uns poucos sobre quase toda a humanidade. Na introdução, e depois no quinto capítulo, Belluzzo e Galípolo demolem com precisão e sem piedade as colunas de sustentação da corrente dominante na economia e as formulações dos seus economistas.
Assim desanuviado o horizonte, percorrem, no primeiro capítulo, a principal experiência de controle político dos excessos inerentes ao capitalismo, o New Deal do presidente estadunidense Franklin Delano Roosevelt. A epopeia é examinada de modo a destacar os ganhos para a sociedade em vez da polêmica na interpretação dos seus efeitos econômicos.
A globalização, tema do segundo capítulo, aparece despida da apologia e da mistificação costumeiras. Os autores mostram a sua essência de acirradora da concorrência, nos movimentos de deslocamentos territoriais da produção e de formação de megaempresas integradoras de cadeias de valor.
O incesto entre o sistema financeiro e a política, de consequências desastrosas para a humanidade, é abordado no terceiro capítulo, e no seguinte os autores desnudam a relação promíscua entre a academia e o mundo dos negócios.
Dedicado ao país, o sexto capítulo vai ao ponto: “Na etapa atual da Grande Estagnação, o Brasil, com suas taxas de juros, desempenha a honrosa função de tesouraria das empresas transnacionais sediadas no país, travestindo o investimento em renda fixa com a fantasia do investimento direto”.
Os autores não se escondem sob o véu esburacado de uma neutralidade científica inexistente. Ao contrário, declaram de que lado estão, nesta passagem do epílogo:
“A resposta esperançosa à Pergunta ao Futuro depende crucialmente da capacidade de mobilização democrática e radical dos Deserdados, os perdedores na liça da concorrência global. Esta perspectiva projeta a democracia em exercício pleno, pela construção permanente de instâncias de participação da cidadania nas decisões cruciais para a vida e o destino de mulheres e homens.”
Fonte: CartaCapital
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