sábado, 25 de novembro de 2017

160 países se mobilizam pelo fim da violência contra a mulher


  

“Além de abraçar essa campanha, as brasileiras devem estar engajadas permanentemente contra as violências das quais somos vítimas todos os dias no país”, afirma Celina Arêas, secretária da Mulher Trabalhadora da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o quinto país mais violento contra as mulheres. O 11º Anuário Brasileiro de Segurança Pública mostra que foram assassinadas 4.657 mulheres em 2016, “o que assusta porque esse número significa um crescimento de 3,5% em relação a 2015 e pior ainda notamos uma tendência de crescimento dos feminicídios”, denuncia Arêas.

O movimento dos 16 Dias de Ativismo começou em 1991 quando mulheres de diferentes países, reunidas pelo Centro de Liderança Global de Mulheres, nos Estados Unidos, decidiram intensificar campanhas para acabar com a violência contra as mulheres. A data escolhida foi em homenagem às irmãs Pátria, Minerva e Maria Teresa, conhecidas como Las Mariposas, assassinadas em 1961 por fazerem oposição ao regime do ditador Rafael Trujillo, na República Dominicana.

Por isso, começa em 25 de novembro – Dia Internacional de Luta Contra a Violência às Mulheres – e se encerra no dia 10 de dezembro – Dia Mundial dos Direitos Humanos, passando pelo dia 6 de dezembro – Dia Nacional de Mobilização dos Homens pelo Fim da Violência contra as Mulheres.

Para Kátia Branco, secretária da Mulher da CTB-RJ, “a campanha visa conscientizar as mulheres da importância se unirem, mas também dialogar com os homens para que entendam que não somos propriedades deles e temos os mesmos direitos a uma vida plena, feliz e sem medo”. 

A CTB participa das diversas manifestações que ocorrerão nos 16 dias em todos os cantos do país e chama a atenção para a necessidade de eliminar as desigualdades, o assédio e a violência física e psicológica contra as mulheres.

No mundo do trabalho vem crescendo as denúncias de assédio moral e sexual. A CTB fez uma cartilha sobre o tema para municiar as mulheres de argumentos contra esses abusos. “Muito importante as centrais sindicais entrarem no combate ao assédio moral e sexual”, afirma Arêas.

Para ela, “as mulheres já sofrem dupla jornada de trabalho e ainda têm que passar por essas humilhações o que provoca adoecimento físico e mental, o que, inclusive, dá enormes prejuízos para a sociedade.”

Pesquisas estimam que poucas mulheres denunciam essa violência e com o acirramento da crise, estudiosos admitem que o número de denúncias diminui ainda mais.

“É uma grande roda-viva porque as trabalhadoras ficam com mais medo ainda de perder o emprego, têm receio de contar para os companheiros e serem julgadas como provocadoras, então suportam tudo e claro adoecem”, diz Tereza Bandeira, secretária da Mulher do Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações da Bahia.

No Brasil, a campanha já começa em 20 de novembro - Dia Nacional da Consciência Negra – para denunciar a situação vivida pelas mulheres negras – 25% da população. “As negras sofrem dupla discriminação, recebem os menores salários, são mais assediadas e vivem em maior vulnerabilidade porque residem onde as políticas pública do Estado e a segurança não chegam”, reforça Mônica Custódio, secretária da Igualdade Racial da CTB.

Aires Nascimento, secretária adjunta da Mulher Trabalhadora da CTB ressalta que nos últimos anos as políticas públicas avançaram no Brasil, mas “vivemos retrocessos porque o governo golpista ataca nossas conquistas”.

Para ela, “o governo visa enfraquecer a Lei Maria da Penha e a do Feminicídio e isso vem causando mais violência contra as mulheres porque cresce nos algozes o sentimento de impunidade que vivíamos antes dessas leis”.

Já Arêas ressalta os ataques aos direitos de decisão sobre o corpo das mulheres que a Proposta de Emenda á Constituição (PEC) 181/2015 em tramitação na Câmara dos Deputados, traz. “Essa PEC visa punir as vítimas de estupro, proibindo o aborto em qualquer circunstância, e premiar os criminosos com a paternidade”.

A interrupção da gravidez no Brasil só é permitida nos casos de estupro, anencefalos (que não têm cérebro) e casos de risco de morte das mães.

“Os 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra as Mulheres leva para as ruas a discussão sobre as questões da igualdade de gênero, da liberdade e de podermos decidir sobre nossas vidas”, reforça Ivânia Pereira, vice-presidenta da CTB. 

 Fonte: Portal CTB

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