segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Direita chilena disputará segundo turno com frente de centro-esquerda


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O jornalista Guillier, apoiado pela atual presidenta, Michelle Bachelet, ficou com 22,70%. A candidata da Frente Ampla, Beatriz Sanchez, mais à esquerda e que vem sendo comparada ao espanhol Podemos, surpreendeu com a expressiva votação, 20,27%, e sua participação pode ser decisiva no segundo turno, marcado para 17 de dezembro.

Nesta eleição, a Nova Maioria rompeu e, pela primeira vez desde o fim da ditadura militar, alguns de seus partidos apresentaram candidatos próprios à presidência, efetivamente encerrando a aliança que levou todos os presidentes chilenos entre 1990 e 2010 ao poder: Patricio Aylwin, Eduardo Frei (democratas-cristãos), Ricardo Lagos e Michelle Bachelet (socialistas). Esta também foi a primeira eleição desde o fim da ditadura em que chilenos residentes no exterior puderam votar.

Dos mais de 14,3 milhões de cidadãos chilenos aptos a votar, apenas 46% (6,7 milhões) foram à urnas. O mandato de Piñera abriu um intervalo entre dos mandatos de Michelle Bachelet (2006-2010 e 2014-2018) e o ex-presidente saiu dele com baixa taxa de aprovação. Bachelet, em sua segunda gestão, tentou empreender medidas de ruptura na estrutura do Estado erguida durante a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990). Promover reforma na educação, defendeu uma constituinte, tentou rever parte da privatização da previdência (o sistema público foi substituído em 1981 por um regime baseado em fundo privados) e da legislação trabalhista e tributária.

Agora, o empresário de 67 anos quer liderava as pesquisas com mais folga do que o a votação que de fato alcançou entra mais fragilizado o que esperava. Tido como um dos homens mais ricos do país, Piñera é dono de um patrimônio estimado em US$ 2,7 bilhões, segundo a revista Forbes. Ele fundou uma empresa de cartões de crédito em 1976 e foi dono da emissora de TV Chilevisión, de 26% da companhia aérea LAN (que viria a se fundir com a TAM) e do Colo-Colo, clube de futebol mais popular do país.

Ao ser eleito presidente, se desfez dessas participações e confiou parte de sua fortuna a um "blind trust", fundo que administra ativos sem a interferência de seus proprietários, mas acusações de conflito de interesses permeiam sua vida na política. Seu período no poder também foi marcado pelo acidente que soterrou 33 trabalhadores em uma mina a 700 metros de profundidade em San José.

O incidente, ocorrido em agosto de 2010, causou comoção mundial, especialmente no resgate dos mineiros, realizado mais de dois meses depois. Seu governo, iniciado em março daquele ano, também teve de lidar com a reconstrução das zonas destruídas pelo terremoto de magnitude 8,8 na escala Richter que matara mais de 500 pessoas no centro do país em fevereiro.

Guillier
O jornalista Alejandro Guillier terá o desafio de superar grande diferença de votos para o líder. Ele se coloca como defensor do legado de Bachelet e dirige sua à campanha à defesa das conquistas sociais dos últimos anos. Entre seus principais motes da campanha, está o aprofundamento da reforma na educação, e a alteração da Constituição herdada da ditadura de Pinochet (1973-1990).

Antes de se candidatar à Presidência, Guillier, 64 anos, contava com três décadas de jornalismo televisivo e de rádio, tendo atuado desde a produção de matérias até a apresentação de telejornais. Uma das ironias da campanha de 2017 é que, durante três anos, o candidato da centro-esquerda trabalhou na emissora Chilevisión, que tinha Piñera como dono.

Na política há apenas quatro anos, o também sociólogo busca usar sua popularidade como forma de angariar votos. Guillier tornou-se senador em 2014 e sempre contou com um forte apoio do Partido Radical, que faz parte da coalizão governista. Ele disputaria as primárias da Nova Maioria, mas a votação acabou cancelada após a retirada da candidatura do ex-presidente Ricardo Lagos e a decisão da Democracia Cristã de lançar Carolina Goic como sua postulante ao Palácio de La Moneda.

Com o resultado, o apoio da Frente Ampla de esquerda, da também jornalista Beatriz Sanchez, passa a ter mais peso na construção de uma nova plataforma e na composição de um eventual futuro governo do que o já esperado apoio da Democracia Cristã – que ficou com 6% dos votos. Outro candidato do campo de esquerda, Marco Enriques Ominami (3%), já declarou apoio a Alejandro Guillier. 

Fonte: Rede Brasil Atual, com informações de Opera Mundi e Página 12

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