O mais importante processo da história brasileira está sendo
levado adiante pela Comissão da Verdade, independente de que seja apenas uma
condenação moral e política da ditadura e de todos e tudo que esteve vinculado
a ela.
A ditadura não apenas mudou os rumos da história brasileira do ponto de vista político. Ela bloqueou o processo de democratização social e econômica e acentuou ainda mais as desigualdades. Alem das brutais ações repressivas, logo nos primeiros dias foram decretadas intervenções em todos os sindicatos e o arrocho salarial – tão essenciais à ditadura quanto a repressão física.
O medo que eles têm da verdade da Comissão da Verdade, por si só, é confissão de culpa da velha mídia, dos partidos da direita e de militares ligados à ditadura.
Foi um momento crucial na história do país, em que se
escolhia entre a democracia e a ditadura. Triunfou a ditadura, pela força das
armas, incitada pelo governo dos EUA, pela direita brasileira, pelo grande
empresariado do país, praticamente pela totalidade da mídia da época (exceção
da Última Hora), pela Igreja católica.
O país agora, finalmente, passa a limpo aquele período
brutal da história brasileira, com a Comissão da Verdade. A mídia, os partidos
da direita, militares, se sentem incômodos com a ação da Comissão, porque
pretendiam enterrar da memória nacional aquele período e sua participação
vergonhosa nele.
O discurso sobre o julgamento atual do STF serve também para
encobrir aquele período e a atuação da Comissão da Verdade. Daí os epítetos
como se esse julgamento tocasse nos fundamentos da história brasileira e não o
sobre a ditadura.
O grande empresariado nacional e internacional foi
diretamente beneficiário do regime ditatorial, aumentou exponencialmente seus
lucros com o arrocho e a repressão aos sindicatos, intensificou a super
exploração dos trabalhadores. Ao mesmo tempo, empresas da mídia, com a Globo à
frente, impuseram seu monopólio durante o período ditatorial.
A ação da Comissao da Verdade é escondida pela velha mídia,
ela mesma temerosa que as investigações revelam suas estreitas e promíscuas
relações com a ditadura militar. Quando finalmente a Comissão da Verdade
enunciar suas conclusões sobre o golpe e a ditadura miliar, não haverá nada da
parafernália de hoje em relação ao processo do STF: nem transmissão direta, nem
cadeias nacionais, nem entrevista com as vítimas e os familiares das vítimas da
ditadura.
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