terça-feira, 30 de setembro de 2014

Caminhada das Tochas: emocionante momento da batalha eleitoral em PE

 



O Alto da Sé, ponto mais alto do sítio histórico de Olinda, ficou ainda mais eclético e colorido no fim da tarde do último domingo (28). Enquanto o sol ia se pondo e desenhando uma das mais belas paisagens do país, centenas de militantes e amigos do PCdoB subiam as ladeiras para participar de mais uma Caminhada das Tochas.



Caminhada das tochas. Fotos: Jan RibeiroCaminhada das tochas. Fotos: Jan Ribeiro
A atividade já se tornou tradição entre a militância pernambucana. Em todas as campanhas eleitorais, no domingo que antecede o dia da votação no primeiro turno, ao cair da noite os apoiadores das candidaturas 65 descem as ladeiras de Olinda, iluminando o percurso com tochas, bandeiras e palavras de ordem que chamam o povo olindense para lutar por mais avanços e desenvolvimento para a cidade e para o país.

O clima de confraternização era visível a partir do momento em que as primeiras pessoas se reuniram no pátio da igreja da Sé. O abraço, o sorriso, o adesivo no peito ostentado com orgulho e um clima de energia que contagiava aqueles que vieram à cidade histórica para ver as riquezas do artesanato e as manifestações culturais.

Pouco depois das 19h, com a chegada dos candidatos 65, as tochas começaram a ser acesas. A caminhada obedeceu o ritmo ditado pela população que fazia questão de abraçar a deputada Luciana e registrar em fotos e vídeos aquele momento único. Luciana Santos e Marcelino Granja seguiram em meio a abraços e manifestações de apoio.

Mais que uma ação de campanha eleitoral a Caminhada das Tochas leva consigo uma mística que é difícil de explicar. Não conseguiria, mesmo que tentasse muito, descrever o significado do silêncio carregado de emoção quando a passeata começa a descida da Ladeira da Misericórdia. É um tanto de respeito pela vista encantadora, um tanto de renovar a energia para a última semana de campanha e um tanto de certeza de que a luta do povo pode transformar o mundo.

Esses poucos minutos de silêncio irrompem numa alegria única. A chegada no Largo do Amparo já acontece pontuada por palavras de ordem, jingles cantados entre abraços e sorrisos. Naturalmente os clássicos hinos de carnaval fazem parte do repertório; tudo à capela e de forma espontânea. “Olinda quer, o povo chama, é Marcelino e Luciana” foram os versos mais cantados pelos militantes. A presidenta Dilma Rousseff, candidata a reeleição, também foi aclamada em uníssono pelos olindenses. “Renova, renova, renova a esperança. A Dilma é guerrilheira e da luta não se cansa”.


Nas portas e janelas as pessoas recebiam a passeata e suas tochas com acenos e desciam às calçadas para abraçar Luciana e Marcelino. O percurso seguiu pelos Quatro Cantos e chegou à Praça do Carmo com o mesmo vigor e, arrisco dizer, com muito mais energia acumulada. A Caminhada das Tochas é realmente um momento único e que ficará, por muito tempo, na lembrança como uma combativa e rica expressão de um povo criativo, plural e com forte sentimento da importância da luta e da unidade popular.

A origem
Olinda é conhecida internacionalmente por seu patrimônio artístico, histórico e cultural. Natural que durante o período eleitoral as ações de campanha sejam permeadas por suas tradições. A Caminhada das Tochas é fruto desse acúmulo de tradições dos comunistas pernambucanos. Não há consenso sobre sua origem. A impressão que dá ao conversar com as pessoas é que essa atividade sempre existiu. Alguns relatos dão conta de que em 1996 ou 1998 houve uma primeira caminhada, mas não há confirmação ou registros dessas hipóteses. De forma mais concreta o ano de 2000, na campanha que elegeu a deputada Luciana como prefeita de Olinda, aparece como marco inicial.

A razão para o uso das tochas também não é clara. Alguns acreditam que o valor simbólico do fogo, com sua força, luz e energia motivaram os criadores do ato.Outros defendem que a ação relembra a resistência do povo olindense durante a invasão holandesa e sua capacidade de se reorganizar e resistir. Há, ainda, os que acreditam que o uso das tochas obedece apenas à questões práticas: como a caminhada aconteceu com o cair da noite precisava de uma alternativa para iluminar o percurso.

Particularmente concluí que todos esses motivos, de alguma forma foram conjugados na cabeça dos anônimos que tiveram essa ideia tão original. Talvez muitos outros motivos estejam escondidos nas origens dessa história tão bonita da trajetória comunista na Marim dos Caetés, mas o mais importante é que, assim como na saída do Homem da Meia Noite ou na Noite para os Tambores Silenciosos, a Caminhada das Tochas aquece o nosso peito e faz arrepiar a pele de um jeito que só quem já subiu e desceu as ladeiras de Olinda consegue vislumbrar.

De Olinda, Ana Cristina Santos


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