A reação do movimento estudantil brasileiro ao desmanche na educação contagiou todo o país. Perderam os que apostaram na passividade da juventude ao assistir ao congelamento do seu futuro, aos cortes de verbas nas universidades, ao autoritarismo de um governo ilegítimo.
Por Carina Vitral*, no Conversa Afiada
Bruno Bou/CUCA da UNE
Em pouco tempo, mais de mil instituições foram ocupadas em uma resposta maiúscula aos ataques de Temer e Mendonça Filho, dispostos a enfraquecer com muita pressa o sistema educacional do país, em nome dos interesses parasitários dos grandes grupos financeiros que desejam lucrar com a crise econômica.
Na réplica, o não governo convocou sua própria tropa, que hoje atende pelo nome de Movimento Brasil Livre, e que foi escalada para ameaçar e mesmo agredir os estudantes mobilizados nas escolas. O clima de ódio foi instaurado, tanto pelas redes sociais como pela convocação de bate paus para tentar entrar nas instituições causar tumulto do lado de fora e tentar enfraquecer o movimento.
Até mesmo a triste morte de um jovem em uma escola de Curitiba, após uma briga, foi utilizada de forma cruel e oportunista pelo MBL em uma estratégia covarde e absolutamente desumana de tentar atingir politicamente as ocupações. Em artigo na Folha de S. Paulo, o governista Kim Kataguiri, líder do movimento, chega à vigarice de acusar as esquerdas de terem causado a morte do adolescente quando o próprio delegado do caso afirmou que o episódio não teve relação com as ocupações. Se não basta violentar, ainda tentam jogar violência no colo dos outros.
Porém, nenhum desses expedientes conseguiu frear a primavera estudantil de 2016, que chegou rapidamente também às universidades. Reitorias, salas de aula, centros administrativos, todos os espaços têm sido tomados em repúdio à proposta cruel da PEC 241 (agora PEC 55 no Senado) e seus efeitos sobre a educação. Aos estudantes se somaram professores em greve, técnicos, servidores, toda a comunidade acadêmica. Uma mobilização tão grande e unificada só teve precedente durante o governo neoliberal de FHC, há mais de 15 anos atrás, que encontrou no movimento estudantil um dos seus principais pontos de resistência.
Se naquele momento a luta já foi intensa, agora a base do movimento estudantil é ainda mais ampla e muito mais representativa. Os que ocupam hoje as instituições de norte a sul são estudantes filhos de trabalhadores, negros, mulheres, indígenas, LGBT, são a juventude que teve acesso pela primeira vez ao direito de entrar para a universidade e que não aceitam a destruição desse espaço. Sabem que são os alvos de um governo cretino o suficiente para, inclusive, ameaçar a juventude com bravatas, ponderando sobre não realizar o próximo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) como retaliação às ocupações dos estudantes.
Contudo, as ocupações ganharam o apoio da sociedade, que é em sua grande maioria contrária também à PEC 55, defendida com unhas e dentes apenas pela cara de pau das confederações empresariais, donos de bancos e rentistas que estão por trás dos banquetes promovidos por Temer aos congressistas em patrocínio a essa maldade. As estudantes e os estudantes brasileiros não pagarão o preço do que esse conjunto de senhores quer comer e arrotar. Vamos ocupar tudo, vamos barrar essa PEC com nossa força máxima. Não passarão!
*Carina Vitral é presidenta da UNE
Na réplica, o não governo convocou sua própria tropa, que hoje atende pelo nome de Movimento Brasil Livre, e que foi escalada para ameaçar e mesmo agredir os estudantes mobilizados nas escolas. O clima de ódio foi instaurado, tanto pelas redes sociais como pela convocação de bate paus para tentar entrar nas instituições causar tumulto do lado de fora e tentar enfraquecer o movimento.
Até mesmo a triste morte de um jovem em uma escola de Curitiba, após uma briga, foi utilizada de forma cruel e oportunista pelo MBL em uma estratégia covarde e absolutamente desumana de tentar atingir politicamente as ocupações. Em artigo na Folha de S. Paulo, o governista Kim Kataguiri, líder do movimento, chega à vigarice de acusar as esquerdas de terem causado a morte do adolescente quando o próprio delegado do caso afirmou que o episódio não teve relação com as ocupações. Se não basta violentar, ainda tentam jogar violência no colo dos outros.
Porém, nenhum desses expedientes conseguiu frear a primavera estudantil de 2016, que chegou rapidamente também às universidades. Reitorias, salas de aula, centros administrativos, todos os espaços têm sido tomados em repúdio à proposta cruel da PEC 241 (agora PEC 55 no Senado) e seus efeitos sobre a educação. Aos estudantes se somaram professores em greve, técnicos, servidores, toda a comunidade acadêmica. Uma mobilização tão grande e unificada só teve precedente durante o governo neoliberal de FHC, há mais de 15 anos atrás, que encontrou no movimento estudantil um dos seus principais pontos de resistência.
Se naquele momento a luta já foi intensa, agora a base do movimento estudantil é ainda mais ampla e muito mais representativa. Os que ocupam hoje as instituições de norte a sul são estudantes filhos de trabalhadores, negros, mulheres, indígenas, LGBT, são a juventude que teve acesso pela primeira vez ao direito de entrar para a universidade e que não aceitam a destruição desse espaço. Sabem que são os alvos de um governo cretino o suficiente para, inclusive, ameaçar a juventude com bravatas, ponderando sobre não realizar o próximo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) como retaliação às ocupações dos estudantes.
Contudo, as ocupações ganharam o apoio da sociedade, que é em sua grande maioria contrária também à PEC 55, defendida com unhas e dentes apenas pela cara de pau das confederações empresariais, donos de bancos e rentistas que estão por trás dos banquetes promovidos por Temer aos congressistas em patrocínio a essa maldade. As estudantes e os estudantes brasileiros não pagarão o preço do que esse conjunto de senhores quer comer e arrotar. Vamos ocupar tudo, vamos barrar essa PEC com nossa força máxima. Não passarão!
*Carina Vitral é presidenta da UNE
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