A reeleição de Geraldo Júlio (PSB) no Recife reconduziu seu colega de chapa, Luciano Siqueira (PCdoB), ao posto de vice-prefeito, cargo que ocupa pela quarta vez. É do alto desta experiência – inédita em Pernambuco – que o comunista avalia a vitória como reflexo da aprovação da gestão e da habilidade política de Geraldo. Desarmado o palanque, Luciano aponta o desafio de governar em tempos de crise. E vê possibilidades de recomposição de um campo de forças à esquerda no Estado, que inclua o PT.
A chapa Geraldo-Luciano foi eleita com 528.335 votos, o que representa 61,3% dos votos válidos do Recife.Em uma eleição peculiar, diante do cenário geral do país, o segundo turno ocorreu entre dois candidatos de linha progressista.
Geraldo enfrentou João Paulo (PT), ex-prefeito da cidade, que, por duas gestões, teve como vice o próprio Luciano. Nessas eleições, o petista esteve acompanhado, na chapa, do deputado estadual Silvio Costa Filho (PRB). Tiveram 333.516 votos, 38,70% dos votos válidos.
De acordo com Luciano, em uma conjuntura difícil para os prefeitos que tentavam a reeleição ou buscavam fazer seu sucessor, as urnas mostraram que a população está satisfeita com a gestão de Geraldo. Na reta final da campanha, pesquisa Ibope indicava que a administração municipal tinha 63% de aprovação.
“Diante da crise econômica, do desgaste da política, desse ambiente antipolítica, de descrença, a gestão foi aprovada. E, nesses quatro anos, quase três foram em meio à crise, com restrições importantes de recursos. Mas o prefeito foi capaz de ajustar metas, mantendo o programa, que é um programa avançado”, analisou o vice.
Ao desempenho administrativo, ele acrescenta a capacidade política do prefeito, que conduziu, no governo, uma coalizão de 16 partidos, ampliada na eleição para 20 legendas. Muitas delas possuem posições muito distintas em relação à política nacional, em especial, ao processo de impeachment, mas se uniram em torno de um programa, destaca Luciano.
“Em um momento de instabilidade, em que a crise afeta as instituições e todas as áreas da sociedade e que há um clima de intolerância, sectarismo, desrespeito à opinião do outro, Geraldo foi capaz de unir, para governar, 16 legendas - uma coalizão plural, inclusive em relação às opiniões sobre a situação nacional. Mas Geraldo forjou uma coesão em torno do programa de governo. E isso é marcante”, defende.
Nesse sentido, Luciano ressalta como mérito o fato de o prefeito ter conseguido fazer uma campanha de unidade e coesão, em meio à tal diversidade. A ampla aliança, que engloba, por exemplo, PMDB, PP e PPS, foi articulada pelo então governador, Eduardo Campos (PSB), e este é o primeiro pleito municipal após sua morte, em 2013.
“A capacidade de administrar essa aliança faz de Geraldo não apenas um gestor competente e aprovado, mas uma liderança em ascensão na cena política de Pernambuco. E, nesta situação de transição, em que podem surgir novas lideranças”, acrescenta o vice.
Missão partidária
Na manhã seguinte à vitória, nesta segunda (31), Luciano foi abordado para um senhor no supermercado, que brincou com o fato dele estar fazendo história, ao tornar-se vice-prefeito pela quarta vez. O comunista prontamente respondeu, afirmando que isso só foi possível porque ele representa um partido: “cumpro uma missão”.
“Quem ocupou a vice foi o representante de uma corrente, convidada a integrar uma coalizão, ocupando esse espaço. Sou alguém que o partido indicou e foi acolhido pela unanimidade dos aliados. Só assim é possível ser quatro vezes vice em uma das capitais mais importantes do país”, diz.
Luciano dá a receita para ser um bom vice: “precisa ter consciência de que é preciso trabalhar pela unidade do governo, ser leal ao titular e ajudar em tudo que for possível. No nosso caso, se acresce um desafio: ser tudo isso, sem diluir o partido no conjunto da aliança, sem abrir mão de expressar também as opiniões do partido, de público. Eu nunca deixei de expressar a opinião do partido sobre a política em geral”, afirma.
Nesse sentido, Luciano sublinha que, apesar de a aliança no Recife, em alguns momentos, ter provocado certa polêmica, permitiu, por outro lado, uma afirmação do PCdoB. “Foi possível preservar a identidade do partido. Defender a unidade do conjunto, sem diluir nossa marca, nos diferenciando”. A disposição de vincar um lado expressou-se, inclusive, simbolicamente, nas camisas vermelhas que Luciano não tirou durante toda a campanha. “Comprei sete”, informa, rindo.
Em entrevista coletiva, no último domingo, Geraldo ressaltou a importância de ter o PCdoB ao seu lado e resgatou a ligação entre as duas legendas, que vem desde os governos de Pelópidas da Silveira e Miguel Arraes. No discurso da vitória, mais uma vez, fez referência ao vice: “Sou muito honrado em ter Luciano Siqueira ao meu lado. Ele me ajuda todos os dias”, disse, sob aplausos da militância socialista.
Para Luciano, o PCdoB sai politicamente fortalecido da campanha. No Recife, a legenda também reelegeu o vereador Almir Fernando.
Parte do projeto local
A opção do PCdoB por se manter ao lado de Geraldo no Recife, mesmo após o PSB nacional ter decidido apoiar o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, é defendida com serenidade por Luciano. Ele destaca que, no atual quadro partidário brasileiro, as realidades locais muitas vezes se impõem e formam-se alianças programáticas.
“Primeiro, há a singularidade da eleição municipal, que é um fato político local, no qual as alianças se dão em torno de programas para a cidade, não necessariamente consonantes com a opinião dos partidos sobre a questão nacional. Tanto é assim que o próprio PT decidiu nacionalmente que não se coligaria com partidos cuja maioria ou totalidade tivesse votado pelo impeachment. Mas há levantamento que mostra que, em mais de 1700 cidades, o PT se coligou com essas legendas, porque a realidade local se impôs”, argumenta.
O comunista lembra, por exemplo, que o próprio vice na chapa de João Paulo é do PRB, partido que apoiou oficialmente o impedimento de Dilma Rousseff. E, no cenário local, o PSB tem se colocado contra projetos do governo Temer, a exemplo da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que estabelece um teto para os gastos públicos.
Ainda nesta segunda (31), Geraldo Julio criticou a PEC, afirmando que ela contém erros. “Não pode congelar gastos da saúde e da educação e não congelar gastos financeiros do governo. Restringir o social e permitir gastos financeiros é um erro”, disse.
Além disso, quase todo o PSB pernambucano votou contra a medida na Câmara dos Deputados. Por outro lado, cinco deputados que se elegeram em aliança com o PT, se posicionaram pela aprovação da proposta, ressalta Luciano.
“É uma peculiaridade da cena política atual. O PCdoB talvez seja o único que segue uma orientação política. Em geral, os partidos têm conotações mais à esquerda ou à direita, conforme realidades locais”, pondera.
De acordo com ele, seu partido participou da construção da plataforma do primeiro governo de Geraldo Julio, integra a gestão na vice-prefeitura e em duas secretarias, o programa vem sendo executado como previsto e, portanto, causaria estranheza abandonar o projeto, em função do posicionamento do PSB nacional.
“Como é que, com três anos de governo, participando de um projeto que está dando certo, o PCdoB iria passar para a oposição no plano local de repente? Com que argumento? Dizer que a maioria dos deputados do PSB votou pelo impeachment seria um argumento mecanicista, principista, que não bate com a realidade. A opinião pública não iria entender estarmos há três anos construindo um governo e depois irmos para a oposição”, diz.
Rearticulação do campo de esquerda
A situação imposta pelo segundo turno da campanha – que contrapôs sua chapa à de João Paulo, um tradicional aliado – foi administrada com tranquilidade por Luciano, que sempre destacou os êxitos da gestão petista na cidade, da qual participou.
João Paulo chegou até a lançar críticas contra ele, que foram serenamente atribuídas ao calor da campanha pelo vice. Tanto é assim que, nesta segunda (31), dia seguinte ao pleito, Luciano ligou para João Paulo para desejar-lhe feliz aniversário.
Questionado sobre uma eventual reaproximação de PSB e PCdoB com o PT local, nesse pós-eleições, o comunista disse que crê que é possível que haja uma recomposição de um campo de esquerda no Recife.
Em um cenário no qual não se descarta que forças mais conservadoras possam se realinhar na cidade, de olho em 2018, a unidade das esquerdas pode ser um caminho. O próprio João Paulo admitiu esta hipótese, em entrevista à Folha de S. Paulo.
“Acho possível. Nacionalmente, uma parte do PSB se posicionou contra o impeachment da presidente Dilma. Aqui em Pernambuco, apesar do apoio o impeachment, uma parte do PSB votou contra propostas de Temer como a PEC 241. Isso é uma sinalização. Do ponto de vista programático, há muitas similaridades entre PT e PSB”, disse o petista.
O PCdoB trabalha por uma recomposição, aponta Luciano. “A conformação de forças que disputou as eleições municipais, que é um desdobramento da composição que disputou o governo do Estado, talvez sofra alterações, no bojo das quais o campo mais à esquerda e progressistas possa se recompor”, afirma.
Desafios
Sobre a nova gestão, Luciano destaca que o programa de governo, registrado em cartório, é de continuidade, acrescido de elementos novos, fruto dos quase quatro anos de governo e do debate com a sociedade.
“O desafio vai ser continuar governando bem, com a crise do país se aprofundando e suas inevitáveis repercussões sobre as finanças municipais. Como continuar avançando sob restrições financeiras crescentes? Esse é o desafio”, aponta, mencionando que também será preciso administrar o “xadrez” da política pernambucana, tendo em vista as eleições de 2018.
Geraldo enfrentou João Paulo (PT), ex-prefeito da cidade, que, por duas gestões, teve como vice o próprio Luciano. Nessas eleições, o petista esteve acompanhado, na chapa, do deputado estadual Silvio Costa Filho (PRB). Tiveram 333.516 votos, 38,70% dos votos válidos.
De acordo com Luciano, em uma conjuntura difícil para os prefeitos que tentavam a reeleição ou buscavam fazer seu sucessor, as urnas mostraram que a população está satisfeita com a gestão de Geraldo. Na reta final da campanha, pesquisa Ibope indicava que a administração municipal tinha 63% de aprovação.
“Diante da crise econômica, do desgaste da política, desse ambiente antipolítica, de descrença, a gestão foi aprovada. E, nesses quatro anos, quase três foram em meio à crise, com restrições importantes de recursos. Mas o prefeito foi capaz de ajustar metas, mantendo o programa, que é um programa avançado”, analisou o vice.
Ao desempenho administrativo, ele acrescenta a capacidade política do prefeito, que conduziu, no governo, uma coalizão de 16 partidos, ampliada na eleição para 20 legendas. Muitas delas possuem posições muito distintas em relação à política nacional, em especial, ao processo de impeachment, mas se uniram em torno de um programa, destaca Luciano.
“Em um momento de instabilidade, em que a crise afeta as instituições e todas as áreas da sociedade e que há um clima de intolerância, sectarismo, desrespeito à opinião do outro, Geraldo foi capaz de unir, para governar, 16 legendas - uma coalizão plural, inclusive em relação às opiniões sobre a situação nacional. Mas Geraldo forjou uma coesão em torno do programa de governo. E isso é marcante”, defende.
Nesse sentido, Luciano ressalta como mérito o fato de o prefeito ter conseguido fazer uma campanha de unidade e coesão, em meio à tal diversidade. A ampla aliança, que engloba, por exemplo, PMDB, PP e PPS, foi articulada pelo então governador, Eduardo Campos (PSB), e este é o primeiro pleito municipal após sua morte, em 2013.
“A capacidade de administrar essa aliança faz de Geraldo não apenas um gestor competente e aprovado, mas uma liderança em ascensão na cena política de Pernambuco. E, nesta situação de transição, em que podem surgir novas lideranças”, acrescenta o vice.
Missão partidária
Na manhã seguinte à vitória, nesta segunda (31), Luciano foi abordado para um senhor no supermercado, que brincou com o fato dele estar fazendo história, ao tornar-se vice-prefeito pela quarta vez. O comunista prontamente respondeu, afirmando que isso só foi possível porque ele representa um partido: “cumpro uma missão”.
“Quem ocupou a vice foi o representante de uma corrente, convidada a integrar uma coalizão, ocupando esse espaço. Sou alguém que o partido indicou e foi acolhido pela unanimidade dos aliados. Só assim é possível ser quatro vezes vice em uma das capitais mais importantes do país”, diz.
Luciano dá a receita para ser um bom vice: “precisa ter consciência de que é preciso trabalhar pela unidade do governo, ser leal ao titular e ajudar em tudo que for possível. No nosso caso, se acresce um desafio: ser tudo isso, sem diluir o partido no conjunto da aliança, sem abrir mão de expressar também as opiniões do partido, de público. Eu nunca deixei de expressar a opinião do partido sobre a política em geral”, afirma.
Nesse sentido, Luciano sublinha que, apesar de a aliança no Recife, em alguns momentos, ter provocado certa polêmica, permitiu, por outro lado, uma afirmação do PCdoB. “Foi possível preservar a identidade do partido. Defender a unidade do conjunto, sem diluir nossa marca, nos diferenciando”. A disposição de vincar um lado expressou-se, inclusive, simbolicamente, nas camisas vermelhas que Luciano não tirou durante toda a campanha. “Comprei sete”, informa, rindo.
Em entrevista coletiva, no último domingo, Geraldo ressaltou a importância de ter o PCdoB ao seu lado e resgatou a ligação entre as duas legendas, que vem desde os governos de Pelópidas da Silveira e Miguel Arraes. No discurso da vitória, mais uma vez, fez referência ao vice: “Sou muito honrado em ter Luciano Siqueira ao meu lado. Ele me ajuda todos os dias”, disse, sob aplausos da militância socialista.
Para Luciano, o PCdoB sai politicamente fortalecido da campanha. No Recife, a legenda também reelegeu o vereador Almir Fernando.
Parte do projeto local
A opção do PCdoB por se manter ao lado de Geraldo no Recife, mesmo após o PSB nacional ter decidido apoiar o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, é defendida com serenidade por Luciano. Ele destaca que, no atual quadro partidário brasileiro, as realidades locais muitas vezes se impõem e formam-se alianças programáticas.
“Primeiro, há a singularidade da eleição municipal, que é um fato político local, no qual as alianças se dão em torno de programas para a cidade, não necessariamente consonantes com a opinião dos partidos sobre a questão nacional. Tanto é assim que o próprio PT decidiu nacionalmente que não se coligaria com partidos cuja maioria ou totalidade tivesse votado pelo impeachment. Mas há levantamento que mostra que, em mais de 1700 cidades, o PT se coligou com essas legendas, porque a realidade local se impôs”, argumenta.
O comunista lembra, por exemplo, que o próprio vice na chapa de João Paulo é do PRB, partido que apoiou oficialmente o impedimento de Dilma Rousseff. E, no cenário local, o PSB tem se colocado contra projetos do governo Temer, a exemplo da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que estabelece um teto para os gastos públicos.
Ainda nesta segunda (31), Geraldo Julio criticou a PEC, afirmando que ela contém erros. “Não pode congelar gastos da saúde e da educação e não congelar gastos financeiros do governo. Restringir o social e permitir gastos financeiros é um erro”, disse.
Além disso, quase todo o PSB pernambucano votou contra a medida na Câmara dos Deputados. Por outro lado, cinco deputados que se elegeram em aliança com o PT, se posicionaram pela aprovação da proposta, ressalta Luciano.
“É uma peculiaridade da cena política atual. O PCdoB talvez seja o único que segue uma orientação política. Em geral, os partidos têm conotações mais à esquerda ou à direita, conforme realidades locais”, pondera.
De acordo com ele, seu partido participou da construção da plataforma do primeiro governo de Geraldo Julio, integra a gestão na vice-prefeitura e em duas secretarias, o programa vem sendo executado como previsto e, portanto, causaria estranheza abandonar o projeto, em função do posicionamento do PSB nacional.
“Como é que, com três anos de governo, participando de um projeto que está dando certo, o PCdoB iria passar para a oposição no plano local de repente? Com que argumento? Dizer que a maioria dos deputados do PSB votou pelo impeachment seria um argumento mecanicista, principista, que não bate com a realidade. A opinião pública não iria entender estarmos há três anos construindo um governo e depois irmos para a oposição”, diz.
Rearticulação do campo de esquerda
A situação imposta pelo segundo turno da campanha – que contrapôs sua chapa à de João Paulo, um tradicional aliado – foi administrada com tranquilidade por Luciano, que sempre destacou os êxitos da gestão petista na cidade, da qual participou.
João Paulo chegou até a lançar críticas contra ele, que foram serenamente atribuídas ao calor da campanha pelo vice. Tanto é assim que, nesta segunda (31), dia seguinte ao pleito, Luciano ligou para João Paulo para desejar-lhe feliz aniversário.
Questionado sobre uma eventual reaproximação de PSB e PCdoB com o PT local, nesse pós-eleições, o comunista disse que crê que é possível que haja uma recomposição de um campo de esquerda no Recife.
Em um cenário no qual não se descarta que forças mais conservadoras possam se realinhar na cidade, de olho em 2018, a unidade das esquerdas pode ser um caminho. O próprio João Paulo admitiu esta hipótese, em entrevista à Folha de S. Paulo.
“Acho possível. Nacionalmente, uma parte do PSB se posicionou contra o impeachment da presidente Dilma. Aqui em Pernambuco, apesar do apoio o impeachment, uma parte do PSB votou contra propostas de Temer como a PEC 241. Isso é uma sinalização. Do ponto de vista programático, há muitas similaridades entre PT e PSB”, disse o petista.
O PCdoB trabalha por uma recomposição, aponta Luciano. “A conformação de forças que disputou as eleições municipais, que é um desdobramento da composição que disputou o governo do Estado, talvez sofra alterações, no bojo das quais o campo mais à esquerda e progressistas possa se recompor”, afirma.
Desafios
Sobre a nova gestão, Luciano destaca que o programa de governo, registrado em cartório, é de continuidade, acrescido de elementos novos, fruto dos quase quatro anos de governo e do debate com a sociedade.
“O desafio vai ser continuar governando bem, com a crise do país se aprofundando e suas inevitáveis repercussões sobre as finanças municipais. Como continuar avançando sob restrições financeiras crescentes? Esse é o desafio”, aponta, mencionando que também será preciso administrar o “xadrez” da política pernambucana, tendo em vista as eleições de 2018.
Do Portal Vermelho
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