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Publicado em 02/11/2016
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Atualizado em 03/11/2016
No Brasil, índice
de miséria entre os afrodescendentes chega à média de 22%, valor duas vezes
maior que entre os brancos (10%). Pobreza extrema afeta indígenas seis vezes
mais do que o restante da população. Desigualdades também são observadas no
acesso a educação.
População afrodescendente também é mais afetada por miséria no Brasil,
alerta CEPAL. Foto: Flickr / Andrea Moroni (CC)
Em relatório
divulgado na terça-feira (1), a Comissão Econômica para a América Latina e
Caribe (CEPAL) alerta que indígenas, negros e mulheres estão mais vulneráveis
ao desemprego e à pobreza em países latino-americanos.
No Brasil, índice
de miséria entre os afrodescendentes chega à média de 22%, valor duas vezes
maior que entre os brancos (10%).
A pesquisa do organismo regional identifica o que
chama de “eixos estruturantes” da desigualdade social, como gênero e aspectos
étnico-raciais.
Com base em dados
de 2014 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a CEPAL
calculou que a porcentagem de indígenas brasileiros vivendo em situação de
pobreza extrema — 18% — é seis vezes maior do que a proporção verificada no
restante da população do país. Entre os negros, a taxa é menor (6%), mas
representa o dobro do índice de indigência entre os brancos.
As disparidades
atravessam outros níveis de renda. No Brasil, 49% dos indígenas e 33% dos
afrodescendentes pertencem à quinta parte mais pobre da população. Vinte e
quatro porcento dos indivíduos brancos estão entre os 20% mais ricos da
sociedade. O valor é três vezes maior do que a participação dos negros (8%) e
dos indígenas (7%) nesse grupo mais abastado.
As desigualdades
nacionais acompanham padrões regionais, segundo a CEPAL. Em média, na América
Latina 37% dos indígenas e 34% dos negros fazem parte dos 20% mais pobres e
taxa de participação desses grupos nas camadas mais ricas equivale a
aproximadamente metade dos índices calculados para os brancos.
Renda, emprego e
qualificação
Considerando a
faixa etária dos 15 aos 29 anos, a pesquisa revela que, no Brasil, homens
brancos enfrentam um índice de desemprego de 9,9%, ao passo que entre mulheres
negras a taxa atinge 19,4%, mesmo a média de escolaridade variando apenas 0,2
ano entre os dois grupos — de 9,8 entre o público branco masculino e para 9,6
entre mulheres afrodescendentes.
Mesmo quando
mulheres brasileiras permanecem mais tempo na educação formal — como é o caso
das mulheres brancas, que se qualificam por um período estimado em 10,6 anos —,
a desocupação permanece mais alta entre o público feminino jovem, chegando a
14,6%. Os dados utilizados para a análise são de 2014.
Na América Latina,
a proporção de mulheres negras e brancas que dependem de transferência de renda
é quase a mesma — 27% e 26% respectivamente. Os homens, em ambos os casos,
dependem menos dessa via — 14% do público masculino dos dois segmentos.
Avaliando a
população empregada do Brasil, Equador, Peru e Uruguai, a CEPAL descobriu que a
escolaridade média dos brancos empregados — 9,4 anos — é significativamente
mais elevada que a de afrodescendentes — 7,1 anos.
A população
indígena também aparece particularmente vulnerável à falta de acesso a
educação. Cerca de 20% dos jovens indígenas latino-americanos de 12 a 17 anos
não frequentam a escola. A proporção cai para cerca da metade, quando analisada
a população branca.
A CEPAL estima que
no Brasil, Colômbia, Nicarágua e Panamá, menos de 5% dos jovens indígenas do
meio rural, com idade de 20 a 29 anos, possuem 13 ou mais anos de estudo.
Acesse o relatório
na íntegra aqui.
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