PEÇA
TEATRAL PARA O FIPP (FESTIVAL DE INTERPRETAÇÃO DE PROSA E POESIA) 2016
Autoria:
Professor Dedé Rodrigues
Título da
Peça: O Casamento tem um preço.
Inspirado
no filme O casamento de Gorete a pedido do aluno Alex do 4º Normal Médio.
Em tempos de intolerância, preconceito, homofobia,
pai matando filho, homossexuais sendo assassinados pelo Brasil afora, a escola
pode ser um espaço de reflexão e de combate a todo tipo de intolerância,
inclusive contra a lei da mordaça. Não construiremos uma democracia no Brasil
sem liberdade de ensinar na escola e o respeito ao outro, seja qual for a sua
opção política, esportiva, religiosa, sexual etc. Mesmo tendo pouco tempo para o ensaio quero
agradecer a gestão da Escola Arnaldo Alves Cavalcanti pelo espaço cedido e, principalmente
aos alunos do 3º Ensino Médio B pelo esforço muito grande com um tempo
muito curto para ensaiar, mas a peça com o título, O Casamento Tem um Preço, procurou deixar uma mensagem para os
presentes, cuja peça transcrevo-a na íntegra para a leitura dos que gostam de democracia, poesia e cultura.
Responsabilidade
por todo trabalho da peça: Cenário, ensaios, atores etc.
3º EM - B
PRIMEIRO
ATO.
Personagens:
Casal jovem homossexual: Patrick e Júnior - Pai - Coronel Tributino. Dois
homossexuais. Ana e Valéria. ( Narradora - contadora da história)
Sugestão.
Cenário:
Quarto de uma casa: Pai pega o casal de meninos se abraçando.
Narradora:
Era uma
vez dois meninos
Ainda na
adolescência
Que se
sentiam atraídos,
Na mais
santa inocência.
Mas o pai
conservador
Era um
forte opositor
Sem
nenhuma complacência.
Certo dia
o pai chegou
Com raiva
e aperreado
E se
deparou com os dois,
Bem
juntinho e agarrado
Com um
chicote na mão
E brabo
que só o cão
Foi bater
no namorado.
Disse o
Cel. Tributino:
Tome
jeito cabra da peste
Pode largar
desse imundo!
Se volta
para o filho e diz:
Vá
embora dessa casa
A sua
casa é o mundo
Deixe de
ser depravado
Você está
renegado
Suma
daqui vagabundo.
O Cel sai
de cena e Patrick sai para o outro lado da sala como se fosse fora da casa. Ele
fica sozinho e muito triste sentado em um banco.
Música do
filme: Olhos tristes.
Nesse
momento aparece os dois homossexuais: Ana e Valéria. (Também acompanhados de garotas)
Ana
vem agarrada em Valéria que reage:
Me larga
bicha safada!
Tu parece
um carrapato.
Por que
não procura um macho
E vai pra
dentro do mato?
Vai
procurar quem te quer
Eu não
gosto de mulher
Eu gosto
mesmo é d’um gato.
Valéria
ver o jovem triste e diz:
Ô
Ana! olha um menino!
Veja como
ele é lindinho!
Está
chorando! que pena!
Vou falar
com o coitadinho:
O que foi
que aconteceu?
Por que
você tá tristinho?
Patrick
responde:
Eu fui
expulso de casa
E agora
eu tô Sozinho.
Ana
pergunta:
Por que
você expulso
Pra está
nessa aflição?
Patrick
responde:
Meu
pecado foi amar
Entregar
meu coração
A um
jovem como eu...
Que tinha
muita paixão.
Meu pai
separou a gente...
De amor
eu tô doente...
Vou
morrer de solidão.
Ana diz:
Fique
tranquilo querido
Vamos lhe
dar atenção.
Levá-lo
pra nossa casa
Dar uma
boa educação.
Todo
mundo tem direito
A ter
carinho e respeito,
Amor,
lar e proteção.
Música
olhos tristes de novo.
Saem os
três abraçadas.
FIM DO
PRIMEIRO ATO.
INÍCIO DO
2º ATO
Personagens:
Cel
Tributno e Chico - o assistente dele.
Narradora:
O tempo
cobra a fatura
Do mal
que foi praticado
A um
parente querido
Que um
dia foi humilhado.
Aquilo
que a gente faz
Não se
esquece jamais!
Um dia
será cobrado.
Narradora:
Com muito
tempo depois
O velho
ficou doente
Deitado
em cima da cama
Chamou o
seu assistente:
Coronel
Tributino diz:
Ô Chico
vá procurar
Patrick e
traga ele cá!
Quero
vê-lo novamente.
Já estou
perto da morte!
Vá
correndo, bem ligeiro!
Vá
procurar por meu filho
Por esse
país inteiro.
Eu quero
ter a certeza
Que toda
minha riqueza
Não será
de aventureiro.
Narradora:
Depois de
muita procura
Patrick
foi encontrado
Tornou-se
uma linda moça
Depois
que foi operado.
Até seu
nome mudou
E o
cartório alterou
O nome de
batizado.
Narradora:
Entra
agora Patrícia, Ana e Valéria
Quando
entrou naquela sala
O pai
ficou assustado
Com
aquela metamorfose
Que o
filho foi transformado.
Cel
Tributino fala se dirigindo a Chico:
O que foi
que aconteceu
Meu zóio
tá enganado
Isso aí é
três mulé
Ô é três
home safado?
Chico
responde:
O seu
filho coroné
agora
virou mulé!
Está todo
transformado.
O Cel
diz:
Eu bem
que desconfiava
Que pra
home ele não dava
Só
brincava com boneca
Lavava a
roupa e passava
Cozinhava
o feijão
Pintava
os dedo da mão...
Sempre
foi afeminado.
Bate na
cama ou na mesa e diz:
Quero um
macho pra cuidar
Da minha
terra e do milho,
Pois a
mãe dele morreu
Sem nunca
me dar um filho.
Mas eu
quero um macho forte
Que tenha
um grande porte...
Um
verdadeiro caudilho.
Ana fala
se dirigindo ao coronel:
Meu Deus,
que homem machista!
E cheio
de preconceito!
A sua
herdeira é Patrícia,
É ela que
tem direito!
O Cel
responde:
Patrícia?
que diabo é isso
Que tu
trouxesse contigo?
Isso é um
bicho do mato
Que tá
procurando abrigo?
Amélia
responde:
Que homem
mais sem pudor!
Me
respeita aí vovô
Não quero
papo contigo!
O cel.
Diz:
Vem cá
Chico, me responda:
Isso é
mulé ou home?
Que diabo
de bicho é esse!
Que
parece um lobisomem?
Valéria
reage ao Cel.
Eita
quanta homofobia!
Regada de
preconceito!
Parece
com o Bolsonaro
Que não
respeita o direito...
Pobre
também tem valor
Respeite
a gente vovô
Para
poder ter respeito.
Cel
Tributino
Vamos
parar de conversa
Pois eu
preciso pensar...
(pausa)
Caminha mesmo com dificuldade de um lado para o outro da sala.
Como fica
a minha herança
Pra quem
é que eu vou deixar?
Para
um pouco, pensa e diz:
Já decidi
seu destino
Vou
casá-la com um granfino
Para
poder partilhar...
Só
posso deixar herança
Nas mãos
d!um macho bem forte
Que saiba
administrar
A terra e
o gado de corte.
E Já q’eu
não tenho um filho
Só tem
uma solução
Avisem
pra todo mundo
Que vai
ter competição.
Passei a
régua e o traço
Vai ser
na queda de braço
A disputa
do quinhão.
Quando
parou de falar
Tribuntino
estremeceu...
Caiu em
cima da cama
Na mesma
cama morreu.
para que
tanta riqueza
Explorada
da pobreza
Depois
quele faleceu?
Fim do 2º
ATO
Narradora.
A notícia
se espalhou
por este
Sertão a fora
Muitos
jovens disputaram,
Quem
perdia tava fora.
Na
seleção desse porte
Ficou
dois caras bem fortes
Que vocês
vão ver agora.
Personagens:
Juiz – (dois jovens fortes) Eduardo e Marcelo. Uma mesa para a queda de braço.
Patrícia triste sentada de um lado da sala de competição.
Narradora:
O juiz
bateu o pé
e atirou
para cima.
Começou o
rapapé
Do
destino da menina.
Narradora:
Vejam que
a queda de braço
Está bem
equilibrada...
Cada um
puxa p’rum lado
Pra
resolver a parada.
Quem será
o garotão
Que vai
ganhar o quinhão
E ficar
com a prendada?
Depois de
um certo tempo da queda de braço..
Narradora
diz:
Já temos
um vencedor
Que vai
casar com a princesa
Mas ela
não tá feliz
Está
cheia de tristeza.
Pois ela
nunca esqueceu
O jovem
que conheceu
Que vivia
na pobreza.
Narradora
Mesmo
tendo um vencedor
Preparado
pra casar
Ela pouco
se lixava
Para ter
um novo lar.
O seu
amor de criança
Que
estava na lembrança
Nunca
deixou de amar.
Música
Olhos triste
Fim do 3º
ato.
Inicio do
4º ato.
Cena de
casamento com música e tudo.
Personagens:
O padre – o casal Patrícia e Eduardo – Ana e Valéria – mulheres de programa -
todos felizes .
Narradora:
(música de casamento)
Casal
entra em cena pela entrada do Auditório.
Enfim
chegou o casório
E o padre
deu a bênção.
Ela
triste, ele alegre
São
coisas do coração!
Depois de
abençoados
Saem os
dois abraçados:
Ele
feliz! Ela não!
Em
seguida ela se separa dele que fica triste em um canto da sala.
Tem
início a festa do casório com novos personagens: Entra em cena todos para a
festa.
Música a
gosto.
Ana se
aproxima de Patrícia e diz:
Menina! o
teu gatão!
É o mais
lindo da cidade,
Forte,
robusto e rico!
Menina
por caridade!
Deixa de
lado a tristeza
E agarra
essa beleza
Pra tua
felicidade.
Patrícia
responde:
Como
posso minha amiga
Se sinto
grande paixão
Por meu
amor da infância
Que
ganhou meu coração?
Valéria
diz:
Menina se
fosse eu
Agarrava
esse gatão
Lhe dava
um beijo na boca
Jogava
ele no colchão.
E fazia
um escarcéu
Na
minha lua de mel
Que
parecia um vulcão.
Eduardo
fala pela primeira vez:
Dá
licença minha gente
Posso dar
uma opinião?
Patrícia
responde brava com ele:
Nada do
que você diga
Vai mudar
meu coração.
Ana
intervém:
Calma
Patrícia, tem calma!
Vamos
ouvir o gatão!
Eduardo
continua:
Eu também
já fui bem pobre
Passei
fome nesse chão
Sem
morada, sem trabalho
Vivia na
privação.
Até que
um governante
Se
lembrou desse Sertão.
Se dirige
a Patrícia e diz:
Não me
casei com você
Pensando
em sua riqueza,
Pois eu
não preciso dela
Digo isto
com franqueza.
Toda
parte que me cabe
Eu vou
doar a pobreza.
Eu também
tive um amor
Quando
era bem criança
Passei
minha vida inteira
Sem
tirá-lo da lembrança.
Essa
música que eu tocava
Com ele
eu sempre sonhava
Pra
manter a esperança.
Se
desloca para o som e liga a música: Olhos tristes.
Patricia
surpresa diz:
Será meu
Deus que é um sonho?
Ou será
uma visão?
Vem Ana,
vem aqui Valéria!
Vem me
dar um beliscão!
Esse cara
é Eduardo,
Meu amor,
minha paixão?
Eduardo
Responde:
Sou eu
mesmo meu amor
O homem
da sua vida
Aquele
que foi expulso
Com você
minha querida.
Patricia
se solta das mãos de Ana e Valéria e corre para os braços de Eduardo.
Ana e
Valéria ficam pulando ou vibrando de alegria. Todos na sala vibram com o final
feliz.
FECHA O
PANO COM UM FORTE ABRAÇO (Fim)
Depois
abre-se em seguida o pano para a despedida de todos. De braços dados
saúdam o público. Fecha o pano.
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