A Operação Carne Fraca já começa a provocar impactos negativos na economia brasileira. União Europeia, China, Chile e Coreia do Sul anunciaram, nesta segunda (20), restrições à importação de carne do Brasil. De acordo com o professor de Economia da Uerj, Elias Jabbour, a ação da Polícia Federal foi irresponsável com a economia. Para ele, trata-se da continuidade de um movimento orquestrado de desmonte das cadeias produtivas estratégicas do país, cuja primeira vítima foi a engenharia nacional.
“Após o desmonte de nossa engenharia pesada (consagrado com a proibição à participação de empresas nacionais em leilões e licitações), o golpe avança sobre outra cadeia produtiva: a de carnes”, escreveu Jabbour em sua página no Facebook.
Na operação Carne Fraca, a Polícia Federal denuncia um esquema de pagamento de propina envolvendo funcionários do Ministério da Agricultura e empresários do ramo alimentício, para relaxar a fiscalização e conseguir a liberação de licenças.
Em entrevista ao Portal Vermelho, o professor da Uerj disse que suas críticas não são à investigação em si, mas à forma espalhafatosa com que ela foi divulgada, prejudicando um setor importante da economia.
“Para a economia, é irresponsável. Um grupo dentro da Polícia Federal se encarrega de fazer uma investigação, que não falo que seja injusta, mas, ao sinal de qualquer resultado imediato, lança tudo na imprensa e coloca o país em polvorosa. O resultado disso já é a suspensão da compra da nossa carne. E o Brasil vai perdendo mercado e espaço internacional”, criticou.
Segundo dados do presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil(AEB), José Augusto de Castro, o Brasil exporta atualmente quase US$ 12 bilhões (o equivalente a quase R$ 40 bilhões) de carnes por ano. Em 2016, 1,077 milhão de tonelada de carne bovina foi exportada pelo Brasil, com faturamento de US$ 4,350 bilhões (R$ 13,48 bilhões com dólar a R$ 3,10).
Informações do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic) mostram que o setor de proteína animal é hoje um dos principais itens da pauta de exportações brasileiras. Em 2016, o item “carnes e miudezas comestíveis” foi o terceiro mais importante entre os produtos enviados para fora do país, perdendo apenas para grãos e minérios.
“A operação ataca um setor duramente construído nos últimos 15 anos. Nesse período, o Brasil desenvolveu tecnologias que possibilitaram enfrentar a febre aftosa, a doença da vaca louca, criou condições para superar tudo isso e se impor no mercado internacional”, disse Elias Jabbour.
Ele lembrou que empresas como JBS e BRF – alvos da operação da Polícia Federal – receberam impulso da política de "campeãs nacionais", que concedeu financiamento público via BNDES a setores promissores, e passaram a ser players globais durante as gestões comandadas pelo PT.
“O BNDES investiu dinheiro público na construção de uma política que permite, por exemplo, a sobrevivência de setores inteiros da economia num mercado internacional altamente competitivo. Exemplo disso é a própria indústria de carnes. E esse tipo de operação vem a calhar para a destruição disso tudo que foi conquistado”, lamentou.
Sem coincidências: é a economia
Jabbour ressaltou que não se trata de um ataque isolado à agropecuária. Para ele, é preciso lembrar que a Carne Fraca ocorre após o setor de engenharia pesada nacional ter sofrido duro golpe, a partir das investigações da Operação Lava Jato. “Os setores do país que têm condições de competir fora de suas fronteiras estão sendo destruídos”, disse.
“A operação da Polícia Federal contra a o grupo JBS e BRS (com respectiva queda de suas ações na bolsa) sugere a continuidade do desmonte de todas as cadeias produtivas nacionais, notadamente aquelas com ampla capacidade externa”, escreveu no Facebook.
Para ele, “não existe coincidência quando se fala em estrutura econômica” e é preciso proteger a indústria nacional dos interesses estrangeiros. “Com a crise de 2008, abriu-se um prolongado processo de concentração de capitais. ‘Guerra de capitais’ e ‘fusões e aquisições’ são as principais marcas do capitalismo em crise. A destruição de nossa indústria, uma a uma, atende a interesses altamente corruptos e que buscam a transformação de nosso país em uma colônia”, completou.
Jabbour recordou que recentemente tornou-se pública a informação de que os Estados Unidos andavam espionando o Brasil – a própria presidenta Dilma Rousseff foi vítima. “Duvido, por exemplo, que essas operações da Polícia Federal, a própria Lava Jato, não se retroalimentem de informações vindas do exterior. Todo mundo sabe que o governo norte-americano espionava a Petrobras. Não tenho muita dúvida sobre isso, não é mania de perseguição. É assim que as coisas funcionam na economia”, defendeu.
Na avaliação do professor de Economia, por trás da operação, estão, portanto, interesses estrangeiros e corporativos, de dentro do próprio Estado nacional. “Ao que tudo indica, existem também rivalidades dentro da Polícia Federal e, um fica concorrendo com o outro”, opinou.
Em meio a esse processo, que atinge em cheio a economia, quem perde é a indústria nacional. “E, como consequência, isso piora o desemprego e ajuda na dissolução dos empregos de qualidade no país. Porque são empregos ligados ao nosso grau de complexidade industrial - quanto mais complexa uma estrutura produtiva, maior os salários oferecidos. E, assim, há um efeito em cadeia”. O professor ressaltou ainda que o alvo das operações tem sido sempre o capital produtivo, nunca o financeiro.
Na operação Carne Fraca, a Polícia Federal denuncia um esquema de pagamento de propina envolvendo funcionários do Ministério da Agricultura e empresários do ramo alimentício, para relaxar a fiscalização e conseguir a liberação de licenças.
Em entrevista ao Portal Vermelho, o professor da Uerj disse que suas críticas não são à investigação em si, mas à forma espalhafatosa com que ela foi divulgada, prejudicando um setor importante da economia.
“Para a economia, é irresponsável. Um grupo dentro da Polícia Federal se encarrega de fazer uma investigação, que não falo que seja injusta, mas, ao sinal de qualquer resultado imediato, lança tudo na imprensa e coloca o país em polvorosa. O resultado disso já é a suspensão da compra da nossa carne. E o Brasil vai perdendo mercado e espaço internacional”, criticou.
Segundo dados do presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil(AEB), José Augusto de Castro, o Brasil exporta atualmente quase US$ 12 bilhões (o equivalente a quase R$ 40 bilhões) de carnes por ano. Em 2016, 1,077 milhão de tonelada de carne bovina foi exportada pelo Brasil, com faturamento de US$ 4,350 bilhões (R$ 13,48 bilhões com dólar a R$ 3,10).
Informações do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic) mostram que o setor de proteína animal é hoje um dos principais itens da pauta de exportações brasileiras. Em 2016, o item “carnes e miudezas comestíveis” foi o terceiro mais importante entre os produtos enviados para fora do país, perdendo apenas para grãos e minérios.
“A operação ataca um setor duramente construído nos últimos 15 anos. Nesse período, o Brasil desenvolveu tecnologias que possibilitaram enfrentar a febre aftosa, a doença da vaca louca, criou condições para superar tudo isso e se impor no mercado internacional”, disse Elias Jabbour.
Ele lembrou que empresas como JBS e BRF – alvos da operação da Polícia Federal – receberam impulso da política de "campeãs nacionais", que concedeu financiamento público via BNDES a setores promissores, e passaram a ser players globais durante as gestões comandadas pelo PT.
“O BNDES investiu dinheiro público na construção de uma política que permite, por exemplo, a sobrevivência de setores inteiros da economia num mercado internacional altamente competitivo. Exemplo disso é a própria indústria de carnes. E esse tipo de operação vem a calhar para a destruição disso tudo que foi conquistado”, lamentou.
Sem coincidências: é a economia
Jabbour ressaltou que não se trata de um ataque isolado à agropecuária. Para ele, é preciso lembrar que a Carne Fraca ocorre após o setor de engenharia pesada nacional ter sofrido duro golpe, a partir das investigações da Operação Lava Jato. “Os setores do país que têm condições de competir fora de suas fronteiras estão sendo destruídos”, disse.
“A operação da Polícia Federal contra a o grupo JBS e BRS (com respectiva queda de suas ações na bolsa) sugere a continuidade do desmonte de todas as cadeias produtivas nacionais, notadamente aquelas com ampla capacidade externa”, escreveu no Facebook.
Para ele, “não existe coincidência quando se fala em estrutura econômica” e é preciso proteger a indústria nacional dos interesses estrangeiros. “Com a crise de 2008, abriu-se um prolongado processo de concentração de capitais. ‘Guerra de capitais’ e ‘fusões e aquisições’ são as principais marcas do capitalismo em crise. A destruição de nossa indústria, uma a uma, atende a interesses altamente corruptos e que buscam a transformação de nosso país em uma colônia”, completou.
Jabbour recordou que recentemente tornou-se pública a informação de que os Estados Unidos andavam espionando o Brasil – a própria presidenta Dilma Rousseff foi vítima. “Duvido, por exemplo, que essas operações da Polícia Federal, a própria Lava Jato, não se retroalimentem de informações vindas do exterior. Todo mundo sabe que o governo norte-americano espionava a Petrobras. Não tenho muita dúvida sobre isso, não é mania de perseguição. É assim que as coisas funcionam na economia”, defendeu.
Na avaliação do professor de Economia, por trás da operação, estão, portanto, interesses estrangeiros e corporativos, de dentro do próprio Estado nacional. “Ao que tudo indica, existem também rivalidades dentro da Polícia Federal e, um fica concorrendo com o outro”, opinou.
Em meio a esse processo, que atinge em cheio a economia, quem perde é a indústria nacional. “E, como consequência, isso piora o desemprego e ajuda na dissolução dos empregos de qualidade no país. Porque são empregos ligados ao nosso grau de complexidade industrial - quanto mais complexa uma estrutura produtiva, maior os salários oferecidos. E, assim, há um efeito em cadeia”. O professor ressaltou ainda que o alvo das operações tem sido sempre o capital produtivo, nunca o financeiro.
Por Joana Rozowykwiat, do Portal Vermelho
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