“Volta pra África”, disse o agressor para quatro mulheres negras. O caso aconteceu em uma audiência pública sobre o projeto de direita Escola Sem Partido na Câmara dos Vereadores de Niterói (RJ). A sessão, com a presença do filho do deputado Jair Bolsonaro, foi marcada por homenagens a torturadores e até mesmo referências ao nazismo.
Reprodução facebook
Sessão na Câmara teve homenagem ao torturador Ustra e prisão em flagrante por injúria racial
“O dia 29 de maio de 2017 entrará para a história como um dos dias mais lamentáveis presenciados na Câmara Municipal de Niterói”. Assim descreveu o vereador Paulo Eduardo Gomes (PSOL) a audiência pública ocorrida na Câmara da cidade no último dia 29. A sessão, convocada pelo vereador Carlos Jordy (PSC), era um debate sobre o projeto “Escola Sem Partido”, e contou com a presença de outros vereadores, como Flávio Bolsonaro, e apoiadores do projeto.
De acordo com o vereador Paulo Eduardo Gomes a audiência foi marcada por um “festival de bizarrices e intolerância”, com direito a pessoas vestindo uniformes integralistas, trazendo símbolos nazistas, como a águia, e até mesmo homenageando torturadores, como o coronel do DOI-CODI Carlos Alberto Brilhante Ustra [foto de destaque].
Em um dos momentos da sessão, um homem que não teve o nome revelado agrediu verbalmente quatro mulheres negras que se recusaram a cantar o hino nacional. “Volta pra África”, disse o homem para as mulheres. Ele foi preso em flagrante por injúria racial mas solto horas depois, após pagar fiança. As vítimas, acompanhadas de testemunhas, prestaram queixa no 78º.
Confira o relato do vereador Paulo Eduardo sobre o ocorrido na sessão.
NOTA DE REPÚDIO AO PROJETO ‘ESCOLA COM MORDAÇA’ E AOS ACONTECIDOS DO DIA 29 DE MAIO NA CÂMARA MUNICIPAL DE NITERÓI
O dia 29 de maio de 2017 entrará para a história como um dos dias mais lamentáveis presenciados na Câmara Municipal de Niterói. Uma “audiência pública” convocada pelo Vereador Carlos Jordy (PSC), desde o primeiro momento de sua convocação – e depois no seu próprio andamento – não pretendia ser um espaço democrático onde as posições contrárias de ideias pudessem avançar para o maior esclarecimento dos interessados em dela participar.
Pelo contrário, foi um tipo de comício, cujo objetivo era meramente dar publicidade ao Projeto de Mordaça nas escolas (eufemisticamente chamado de “Escola sem Partido”, na verdade ‘Escola do PSC’ e de outros partidos de direita) e projetar as intolerantes ideias da família Bolsonaro, representado na mesa por seu filho Flávio.
Mas o pior ainda estava por vir. Simpatizantes do referido Projeto de Lei fizeram de sua aparição um festival de bizarrices e intolerância. Havia pessoas trajadas com o símbolo integralista (a versão tupiniquim do fascismo), águia nazista e alguns até mesmo vestindo camisas com a inscrição “Deus, Pátria e Família” (do movimento integralista). Parecia que estávamos no período pré-golpe civil militar que levaria o país a 21 anos de arbitrariedades, torturas, desaparecimento de opositores e outras medidas de triste memória. Um dos momentos mais abjetos se deu quando um adorador de Bolsonaro mandou quatro meninas negras – que se recusaram a cantar o hino nacional ao lado deles – “voltarem para a África”.
Mesmo com todos esses intolerantes e DEFENSORES DO FIM DO DEBATE CRÍTICO NAS ESCOLAS, a participação de estudantes e professores ousou enfrentar o conservadorismo da direita fascista. Gritando “fascistas, machistas, não passarão” e “atenção playboy, Escola sem Partido não vai passar em Niterói”, mostravam sua indignação à tentativa de impor a mordaça nas escolas da cidade. A bancada do PSOL,Talíria Petrone, Tarcísio Motta, do Rio, e eu, fizemos intervenções no sentido da defesa da escola livre de cerceamento e contrária à perseguição aos professores e alunos.
Nosso mandato ainda disponibilizou na noite de segunda o vídeo em nossas redes sociais da prisão deste homem que cometeu agressão, racismo e injúria racial contra 4 garotas negras no plenário da casa. Ele foi preso em flagrante por injúria racial – e nossa crítica vai também à justiça, já que muitos casos de racismo entram como “injúria racial”, considerado um crime menor, de forma a diminuir o fato e o constrangimento passado pela(s) vítima(s). Prestamos também suporte às vítimas, que junto às testemunhas foram à 78ºDP.
Apesar dos terríveis acontecidos, é importante ver que os estudantes e professores representaram sua vontade de manter e aumentar a liberdade na escola. Aliás, esses que tanto se importam com a educação, como ressaltado no plenário, não pressionam os governos estaduais, municipais e federal por maiores investimentos na área, de forma a garantir melhores condições de ensino, infraestrutura e garantir o aprendizado das nossas crianças e adolescentes. São os mesmos que defendem e votam pelo sucateamento dos serviços públicos, para que a partir daí se privatize cada vez mais. São os que supostamente defendem a neutralidade – mas querem ajudar a criar uma geração de jovens que não tem acesso à discussão crítica, uma geração que não ponha medo na casta política do nosso país. É a direita. A direita mostrou bem sua cara: foi racista, comemorou a perseguição sofrida por uma professora do Colégio Liceu Peçanha em Niterói, surgiu com cartaz com os dizeres “Ustra Vive” (Ustra foi um militar chefe do DOI-Codi, responsável pela tortura e morte de opositores no período militar), dentre outras.
Repudiamos com todas as nossas forças os acontecimentos preconceituosos, autoritários e grotescos da noite de ontem (segunda, 29), e repudiamos também este projeto inconstitucional.
Junto às entidades de classe como o SEPE e aos estudantes lutaremos contra esse projeto de Escola com Mordaça!
De acordo com o vereador Paulo Eduardo Gomes a audiência foi marcada por um “festival de bizarrices e intolerância”, com direito a pessoas vestindo uniformes integralistas, trazendo símbolos nazistas, como a águia, e até mesmo homenageando torturadores, como o coronel do DOI-CODI Carlos Alberto Brilhante Ustra [foto de destaque].
Em um dos momentos da sessão, um homem que não teve o nome revelado agrediu verbalmente quatro mulheres negras que se recusaram a cantar o hino nacional. “Volta pra África”, disse o homem para as mulheres. Ele foi preso em flagrante por injúria racial mas solto horas depois, após pagar fiança. As vítimas, acompanhadas de testemunhas, prestaram queixa no 78º.
Confira o relato do vereador Paulo Eduardo sobre o ocorrido na sessão.
NOTA DE REPÚDIO AO PROJETO ‘ESCOLA COM MORDAÇA’ E AOS ACONTECIDOS DO DIA 29 DE MAIO NA CÂMARA MUNICIPAL DE NITERÓI
O dia 29 de maio de 2017 entrará para a história como um dos dias mais lamentáveis presenciados na Câmara Municipal de Niterói. Uma “audiência pública” convocada pelo Vereador Carlos Jordy (PSC), desde o primeiro momento de sua convocação – e depois no seu próprio andamento – não pretendia ser um espaço democrático onde as posições contrárias de ideias pudessem avançar para o maior esclarecimento dos interessados em dela participar.
Pelo contrário, foi um tipo de comício, cujo objetivo era meramente dar publicidade ao Projeto de Mordaça nas escolas (eufemisticamente chamado de “Escola sem Partido”, na verdade ‘Escola do PSC’ e de outros partidos de direita) e projetar as intolerantes ideias da família Bolsonaro, representado na mesa por seu filho Flávio.
Mas o pior ainda estava por vir. Simpatizantes do referido Projeto de Lei fizeram de sua aparição um festival de bizarrices e intolerância. Havia pessoas trajadas com o símbolo integralista (a versão tupiniquim do fascismo), águia nazista e alguns até mesmo vestindo camisas com a inscrição “Deus, Pátria e Família” (do movimento integralista). Parecia que estávamos no período pré-golpe civil militar que levaria o país a 21 anos de arbitrariedades, torturas, desaparecimento de opositores e outras medidas de triste memória. Um dos momentos mais abjetos se deu quando um adorador de Bolsonaro mandou quatro meninas negras – que se recusaram a cantar o hino nacional ao lado deles – “voltarem para a África”.
Mesmo com todos esses intolerantes e DEFENSORES DO FIM DO DEBATE CRÍTICO NAS ESCOLAS, a participação de estudantes e professores ousou enfrentar o conservadorismo da direita fascista. Gritando “fascistas, machistas, não passarão” e “atenção playboy, Escola sem Partido não vai passar em Niterói”, mostravam sua indignação à tentativa de impor a mordaça nas escolas da cidade. A bancada do PSOL,Talíria Petrone, Tarcísio Motta, do Rio, e eu, fizemos intervenções no sentido da defesa da escola livre de cerceamento e contrária à perseguição aos professores e alunos.
Nosso mandato ainda disponibilizou na noite de segunda o vídeo em nossas redes sociais da prisão deste homem que cometeu agressão, racismo e injúria racial contra 4 garotas negras no plenário da casa. Ele foi preso em flagrante por injúria racial – e nossa crítica vai também à justiça, já que muitos casos de racismo entram como “injúria racial”, considerado um crime menor, de forma a diminuir o fato e o constrangimento passado pela(s) vítima(s). Prestamos também suporte às vítimas, que junto às testemunhas foram à 78ºDP.
Apesar dos terríveis acontecidos, é importante ver que os estudantes e professores representaram sua vontade de manter e aumentar a liberdade na escola. Aliás, esses que tanto se importam com a educação, como ressaltado no plenário, não pressionam os governos estaduais, municipais e federal por maiores investimentos na área, de forma a garantir melhores condições de ensino, infraestrutura e garantir o aprendizado das nossas crianças e adolescentes. São os mesmos que defendem e votam pelo sucateamento dos serviços públicos, para que a partir daí se privatize cada vez mais. São os que supostamente defendem a neutralidade – mas querem ajudar a criar uma geração de jovens que não tem acesso à discussão crítica, uma geração que não ponha medo na casta política do nosso país. É a direita. A direita mostrou bem sua cara: foi racista, comemorou a perseguição sofrida por uma professora do Colégio Liceu Peçanha em Niterói, surgiu com cartaz com os dizeres “Ustra Vive” (Ustra foi um militar chefe do DOI-Codi, responsável pela tortura e morte de opositores no período militar), dentre outras.
Repudiamos com todas as nossas forças os acontecimentos preconceituosos, autoritários e grotescos da noite de ontem (segunda, 29), e repudiamos também este projeto inconstitucional.
Junto às entidades de classe como o SEPE e aos estudantes lutaremos contra esse projeto de Escola com Mordaça!
Revista Fórum
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