Conheça um pouco mais sobre a presidenta da UNE eleita no dia 18 de junho durante a plenária final do 55º Congresso da UNE, realizada em Belo Horizonte, no ginásio Mineirinho, com a presença de 15 mil estudantes de todas as regiões do Brasil.
Por Artênius Daniel, do Portal da UNE
Foto: Vitor Vogel/Cuca da UNE
Candidata da chapa “Frente Brasil Popular: A unidade é a bandeira da esperança”, Marianna obteve 3.788 votos (79%) e assumirá a presidência da UNE pelos próximos dois anos. Cinco chapas foram inscritas. Em segundo lugar veio a chapa “Fora Temer, rumo à greve geral contra as reformas” com 690 dos votos (14,33%). Em terceiro a chapa “Vem que a UNE é nossa” com 148 dos votos (3.09%). Em quarto a chapa “Fora Temer, eleições gerais já. Mutirão na UNE” com 85 dos votos (1,77%) e em quinto a chapa “Reconquistar a UNE: por nenhum direto a menos, fora temer, diretas já!”, com 84 dos votos (1,75%).
Três horas da madrugada. Cabula, bairro popular de Salvador. Uma estudante de 19 anos está chegando em casa, vindo de uma longa reunião política. Na ponta dos pés, esgueira-se para não acordar a mãe. Porém, ela já está acordada, na sala e aos prantos. “Pelo amor de Deus, larga essa vida”, implora. “Olhe, me peça qualquer coisa, menos isso”, enfrenta a jovem, mas sem conseguir também reter as próprias lágrimas. Choram juntas. Desde aquela noite, dona Maria da Penha resolveu mudar de lado e ser apoiadora da filha na sua militância para o movimento estudantil. Hoje ela chorou de novo, no ginásio do Mineirinho, Belo Horizonte, vendo Marianna ser carregada nos braços para concorrer e ganhar a presidência da maior organização de juventude do Brasil, a União Nacional dos Estudantes.
A nova presidenta da UNE, que hoje tem 25 anos e é estudante de pedagogia da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), acredita que o gênio rebelde e radical é ponto positivo para conduzir a entidade em um momento de tanto descrédito popular com o futuro do país.
“Não consigo ouvir que algo é proibido, impossível, que não dá para fazer. Agora muitos estão dizendo que o Brasil não vai conseguir sair dessa crise. Quem disse que não?”, pergunta, no arfar característico de quem fala sempre com a voz em volume alto, não importa o assunto.
Como diretora da UNE na gestão de Carina Vitral, Marianna esteve responsável por representar os estudantes brasileiros na Frente Brasil Popular, união dos maiores movimentos sociais brasileiros, como o MST e a CUT, de resistência ao golpe contra a presidenta Dilma e aos retrocessos de Michel Temer.
A luta pela saída do presidente ilegítimo e pelas Diretas Já é a grande urgência da nova presidenta. Marianna preocupa-se com o sucateamento da educação e os efeitos da emenda constitucional de congelamento de gastos públicos, que fere gravemente a universidade pública. Alerta para o risco do Congresso Nacional aprovar a cobrança de mensalidades nas públicas e do fim de programas de inclusão como o ProUni e o FIES nas particulares onde encontra-se a maioria da população pobre do país. Será a presidenta dos 80 anos da UNE, completados no próximo 11 de agosto. Porém, já avisa que não quer festa pomposa nem solenidade. “No dia do nosso aniversário estaremos é na rua”, avisa.
Feminismo, futebol e forró
Marianna nasceu em Feira de Santana. Os pais tiveram origem pobre no interior. Mudou-se para Salvador aos 11 anos, pouco antes de perder o pai, vítima de um acidente de carro. A personalidade forte já aflorava desde os cinco, quando se maquiava com as coisas da mãe, atiçada exatamente pela proibição do ato. “Quanto mais ela dizia que não podia, mais eu me pintava”, lembra. Hoje, não usa tanta maquiagem e nem salto alto, por opção pessoal. Feminista, reclama de ser cobrada por isso e pelos padrões impostos cansativamente às mulheres. Apaixonada pelo sertão baiano, forrozeira e também carnavalesca, aproveita tanto o São João como a festa de Momo na terra natal, sempre que possível. Hoje radicada na capital paulista e envolvida grande parte do tempo com as funções da UNE, reclama do frio e da solidão em alguns momentos, remediada com a amizade dos colegas de torcida de futebol. Vai ao estádio nas duas cidades e arruma no peito espaço tanto para o Bahia como para o Corinthians.
A escolha da pedagogia, ainda na Bahia, veio acompanhada do prazer pela prática da alfabetização e da educação infantil. Adepta de Paulo Freire e de um modelo de educação libertadora, ingressou no movimento estudantil em um encontro de estudantes baianos na cidade de Paulo Afonso. Participou logo depois da 7ª Bienal da UNE, no Rio de Janeiro, em 2011, e logo já estava atuando como diretora de cultura da União dos Estudantes da Bahia (UEB). Foi eleita presidenta desta entidade no dia 16 de junho de 2013. Um dia depois, explodia na capital baiana a onda de manifestações daquele ano que transformaram para sempre o país. Marianna acredita que as jornadas de junho devem ser avaliadas com atenção, por serem tanto o movimento que trouxe a juventude para a luta das ruas como o ponto de nascimento de uma das vertentes do conservadorismo vigente no país. Ainda na UEB, sua gestão teve, como vitória, a conquista da criação da Universidade Federal do Sul da Bahia.
A nova presidenta, a terceira mulher na sequência da organização, quer cada vez mais jovens na política. Empolga-se com o congresso que a elegeu, o maior da história do movimento estudantil , e com a adesão de novas forças à UNE, como o movimento Mais (formado por ex-membros do PSTU) e a juventude do PSDB.
“Isso demonstra o tamanho da amplitude da UNE e que não há como tentar vender uma imagem falsa e manipulada dessa entidade, como fazem alguns veículos da imprensa”, critica, listando organizações como a Rede Globo, a revista Veja e o jornal Estado de S. Paulo. Segundo ela, a UNE vai crescer ainda mais nos próximos dois anos, pois a conjuntura de rompimento democrático no Brasil exigiu o protagonismo dos estudantes, como ocorreu em outros momentos semelhantes da história brasileira. Perguntada se está preparada para o desafio, responde primeiramente apenas com a ousadia de praxe. “Eu? Claro que estou preparada”. E depois com a consciência de saber quem agora ela representa: “Para dizer a verdade, toda a minha geração está. Não há nenhum único jovem dentro da UNE que não esteja”.
Três horas da madrugada. Cabula, bairro popular de Salvador. Uma estudante de 19 anos está chegando em casa, vindo de uma longa reunião política. Na ponta dos pés, esgueira-se para não acordar a mãe. Porém, ela já está acordada, na sala e aos prantos. “Pelo amor de Deus, larga essa vida”, implora. “Olhe, me peça qualquer coisa, menos isso”, enfrenta a jovem, mas sem conseguir também reter as próprias lágrimas. Choram juntas. Desde aquela noite, dona Maria da Penha resolveu mudar de lado e ser apoiadora da filha na sua militância para o movimento estudantil. Hoje ela chorou de novo, no ginásio do Mineirinho, Belo Horizonte, vendo Marianna ser carregada nos braços para concorrer e ganhar a presidência da maior organização de juventude do Brasil, a União Nacional dos Estudantes.
A nova presidenta da UNE, que hoje tem 25 anos e é estudante de pedagogia da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), acredita que o gênio rebelde e radical é ponto positivo para conduzir a entidade em um momento de tanto descrédito popular com o futuro do país.
“Não consigo ouvir que algo é proibido, impossível, que não dá para fazer. Agora muitos estão dizendo que o Brasil não vai conseguir sair dessa crise. Quem disse que não?”, pergunta, no arfar característico de quem fala sempre com a voz em volume alto, não importa o assunto.
Como diretora da UNE na gestão de Carina Vitral, Marianna esteve responsável por representar os estudantes brasileiros na Frente Brasil Popular, união dos maiores movimentos sociais brasileiros, como o MST e a CUT, de resistência ao golpe contra a presidenta Dilma e aos retrocessos de Michel Temer.
A luta pela saída do presidente ilegítimo e pelas Diretas Já é a grande urgência da nova presidenta. Marianna preocupa-se com o sucateamento da educação e os efeitos da emenda constitucional de congelamento de gastos públicos, que fere gravemente a universidade pública. Alerta para o risco do Congresso Nacional aprovar a cobrança de mensalidades nas públicas e do fim de programas de inclusão como o ProUni e o FIES nas particulares onde encontra-se a maioria da população pobre do país. Será a presidenta dos 80 anos da UNE, completados no próximo 11 de agosto. Porém, já avisa que não quer festa pomposa nem solenidade. “No dia do nosso aniversário estaremos é na rua”, avisa.
Feminismo, futebol e forró
Marianna nasceu em Feira de Santana. Os pais tiveram origem pobre no interior. Mudou-se para Salvador aos 11 anos, pouco antes de perder o pai, vítima de um acidente de carro. A personalidade forte já aflorava desde os cinco, quando se maquiava com as coisas da mãe, atiçada exatamente pela proibição do ato. “Quanto mais ela dizia que não podia, mais eu me pintava”, lembra. Hoje, não usa tanta maquiagem e nem salto alto, por opção pessoal. Feminista, reclama de ser cobrada por isso e pelos padrões impostos cansativamente às mulheres. Apaixonada pelo sertão baiano, forrozeira e também carnavalesca, aproveita tanto o São João como a festa de Momo na terra natal, sempre que possível. Hoje radicada na capital paulista e envolvida grande parte do tempo com as funções da UNE, reclama do frio e da solidão em alguns momentos, remediada com a amizade dos colegas de torcida de futebol. Vai ao estádio nas duas cidades e arruma no peito espaço tanto para o Bahia como para o Corinthians.
A escolha da pedagogia, ainda na Bahia, veio acompanhada do prazer pela prática da alfabetização e da educação infantil. Adepta de Paulo Freire e de um modelo de educação libertadora, ingressou no movimento estudantil em um encontro de estudantes baianos na cidade de Paulo Afonso. Participou logo depois da 7ª Bienal da UNE, no Rio de Janeiro, em 2011, e logo já estava atuando como diretora de cultura da União dos Estudantes da Bahia (UEB). Foi eleita presidenta desta entidade no dia 16 de junho de 2013. Um dia depois, explodia na capital baiana a onda de manifestações daquele ano que transformaram para sempre o país. Marianna acredita que as jornadas de junho devem ser avaliadas com atenção, por serem tanto o movimento que trouxe a juventude para a luta das ruas como o ponto de nascimento de uma das vertentes do conservadorismo vigente no país. Ainda na UEB, sua gestão teve, como vitória, a conquista da criação da Universidade Federal do Sul da Bahia.
A nova presidenta, a terceira mulher na sequência da organização, quer cada vez mais jovens na política. Empolga-se com o congresso que a elegeu, o maior da história do movimento estudantil , e com a adesão de novas forças à UNE, como o movimento Mais (formado por ex-membros do PSTU) e a juventude do PSDB.
“Isso demonstra o tamanho da amplitude da UNE e que não há como tentar vender uma imagem falsa e manipulada dessa entidade, como fazem alguns veículos da imprensa”, critica, listando organizações como a Rede Globo, a revista Veja e o jornal Estado de S. Paulo. Segundo ela, a UNE vai crescer ainda mais nos próximos dois anos, pois a conjuntura de rompimento democrático no Brasil exigiu o protagonismo dos estudantes, como ocorreu em outros momentos semelhantes da história brasileira. Perguntada se está preparada para o desafio, responde primeiramente apenas com a ousadia de praxe. “Eu? Claro que estou preparada”. E depois com a consciência de saber quem agora ela representa: “Para dizer a verdade, toda a minha geração está. Não há nenhum único jovem dentro da UNE que não esteja”.
Fonte: UNE
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