Ricardo Stuckert
Nesta quarta-feira (13), às 14 horas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva presta depoimento ao juiz Sergio Moro, em Curitiba, no Paraná. Assim como aconteceu no primeiro depoimento, em maio, Lula será recebido e acompanhado por manifestantes que vão às ruas em mobilização em defesa da democracia e em solidariedade ao ex-presidente contra a perseguição jurídico-midiática que enfrenta há pelo menos três anos.
Por Dayane Santos
Convocado pela Frente Brasil Popular (FBP), Fórum de Lutas 29 de Abril e Frente Resistência Democrática (FRD), o ato começa com atividades culturais a partir das 14 horas e culminará em um grande ato na Praça Generoso Marques, em frente ao Paço Municipal, no Centro de Curitiba, a partir das 18 horas.
Será realizada uma aula pública com a presença do ministro da Justiça do governo Dilma Rousseff, Eugênio Aragão, às 16h30, que discutirá os métodos utilizados pela Operação Lava Jato. As atividades integram a 2ª Jornada de Lutas pela Democracia.
Diferentemente do primeiro depoimento, em que a mídia transformou em um embate entre o acusado e o juiz, reforçando a tese da parcialidade do juiz, desta vez a imprensa direciona os seus holofotes para as "denúncias" apresentadas contra o ex-presidente e o depoimento ensaiado de Antonio Palocci, na semana passada.
A mudança de estratégia também é motivada pelo fato de que na primeira audiência, a imprensa criou a expectativa de que Lula seria enquadrado pelo "super juiz", mas a realidade não correspondeu.
Após passar cinco horas prestando depoimento respondendo aos questionamentos dos procuradores do Ministério Público Federal - baseado nas convicções e não em provas, - e do próprio juiz Moro, Lula saiu fortalecido da audiência, evidenciando a fragilidade e a violação aos direitos cometidas pelo processo que tentava provar a suposta propriedade de um tríplex no Guarujá, litoral de São Paulo, como resultado do recebimento de vantagem indevida.
Nesse processo, Moro condenou Lula a 9 anos de prisão, reconhecendo, no entanto, que não há valores provenientes de contratos firmados pela Petrobras que tenham sido utilizados para pagamento de qualquer vantagem ao ex-presidente.
"A consequência dessa situação deve ser o reconhecimento de que a ação penal jamais poderia ter sido processada perante a Justiça Federal de Curitiba, com a consequente declaração da nulidade de todo o processo", afirma o advogado Cristiano Zanin, que nesta terça (12) protocolou no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) recurso que pede a anulação da sentença.
A estratégia da Lava Jato da República de Curitiba de condenar o acusado por meio da opinião pública, antes mesmo da decisão judicial, não surtiu efeito contra o ex-presidente. Liderando todas as pesquisas de intenções de voto para 2018, Lula Lula entra para depor ainda mais fortalecido, após a revigorante caravana pelo Nordeste, em que foi aclamado pelo povo.
Processo
Agora, o depoimento que o ex-presidente prestará nesta quarta será uma nova oportunidade para responder a todos os seus acusadores, inclusive aos fatos imputados pelo ex-ministro Palocci.
Lula será ouvido no processo a que responde no âmbito da Operação Lava Jato sobre supostas vantagens indevidas recebidas do Grupo Odebrecht para beneficiar a empreiteira em contratos com a Petrobras.
A acusação do MPF se baseia na compra de um terreno em São Paulo pela Odebrecht para a suposta construção do Instituto Lula.
Aparato policial
Repetindo o esquema montado para o depoimento do ex-presidente em maio, a secretaria de Segurança do Paraná, estado comandado pelo tucano Beto Richa, prepara estratégia semelhante, mas com um número de policiais reduzido.
"As circunstâncias são muito parecidas. No entanto, o dimensionamento foi menor. Mas o esquema básico é o mesmo, com um volume menor de policiais", explicou o secretário de Segurança Pública do Paraná, Wagner Mesquita.
Serão destacados cerca de mil policiais militares, além de representantes da Polícia Civil, Corpo de Bombeiros, Departamento de Inteligência do Estado do Paraná (Diep), Guarda Municipal, Polícias Rodoviária Estadual e Federal, Polícia Federal, Agência Brasileira de Inteligência (Abin), entre outros órgãos. A expectativa é que 50 ônibus cheguem a Curitiba com cerca de 5 mil manifestantes.
Em maio, foram destacados 1,7 mil policiais militares para a segurança. O resultado foi diversos casos de abuso de autoridade e repressão policial.
Assim como no esquema anterior, o trânsito será novamente alterado desde cedo, com bloqueios a partir das 6 horas da manhã a duas quadras da JFPR. "O bloqueio mais imediato [acontece] a partir do meio-dia, ao redor da Justiça Federal. Ali sim, respeitando o interdito proibitório que já foi decretado pela Justiça. Quem não tiver sido cadastrado, não terá acesso", disse Mesquita.
Confira a programação:
15 horas – Atividades culturais
16h30 – Aula Pública com o ministro da Justiça do governo Dilma Rousseff, Eugênio Aragão
17 horas – Lançamento do livro: “Comentários a uma sentença anunciada: o processo de Lula”, organizado por um grupo de professores e operadores do Direito, que evidencia os abusos e inconsistências no processo contra Lula.
18 horas – Ato de solidariedade ao ex-presidente (com a presença de Lula)
Do Portal Vermelho, com informações de agências
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