No dia 10 de setembro de 2017, dezenas de jovens tabirenses participaram na Câmara de Vereadores de Tabira de um Seminário com o tema; O CONFLITO DAS TEORIAS SOCIAIS EM TEMPOS DE ESPECULAÇÃO FINANCEIRA, promovido pela União da Juventude Socialista de Tabira - UJS - tendo como orientadores e palestrantes os professores: Dedé Rodrigues, Especialista em Programação do Ensino de História e Claudio Marcelo – Jhow, pós-graduado em História da África e, contou ainda, com o Sociólogo Marcos Rogério que fez uma intervenção especial sobre a Obra de Marx, o Capital. Na ocasião foi distribuído uma apostila para leitura com um questionário para os jovens responderem. Confira abaixo algumas fotos dos grupos de estudos no evento e leia o conteúdo da apostila.
O CONFLITO DAS TEORIAS SOCIAIS EM TEMPOS DE ESPECULAÇÃO
FINANCEIRA
A teoria do conflito em
Marx que dividiu a sociedade moderna em
dois campos opostos, em duas classes antagônicas, a burguesia e o proletariado
tem sido objeto de muita discussão, pesquisas e de críticas. O conceito de luta
de classes continua atual no “CAPITALISMO, pois esse é um sistema no qual predomina a propriedade
privada e a busca constante pelo lucro e pela acumulação de capital, que se
manifesta na forma de bens e dinheiro”. Fonte: Brasil Escola.
Nesse Seminário nós vamos
estudar quatro teorias: o Liberalismo, o Socialismo Utópico, Socialismo
Científico e o Neoliberalismo. Neste curso, vamos conceituar cada teoria dessa,
vamos mergulhar no fenômeno da economia contemporânea
chamado de especulação financeira,
capital financeiro, rentismo ou agiotagem e
concluiremos com uma proposta de luta,
baseada na atualidade brasileria e na necessidade do socialismo .
Muitos pensadores produziram
uma série de teorias que propunham
soluções para os problemas gerados pelo sistema capitalista. Iniciaremos
as teorias pelo Liberalismo
que é definido como
um conjunto de princípios e teorias políticas, que apresenta como ponto
principal a defesa da liberdade política e econômica. Neste sentido, os
liberais são contrários ao forte controle do Estado na economia e na vida das pessoas.
O pensamento liberal teve sua origem no século XVII,
através dos trabalhos sobre política publicados pelo filósofo inglês John
Locke. Já no século XVIII, o liberalismo econômico ganhou força com as ideias
defendidas pelo filósofo e economista escocês Adam Smith. Fonte:
Pesquisaportal.com. A questão que se coloca aqui é: a liberdade entre desiguais
tem beneficiado a todos desde a criação dessa teoria?
A segunda teoria é
a do SOCIALISMO UTÓPICO, Os pensadores dessa corrente
defendiam a ideia de que uma sociedade mais justa era possível sem destruir o
sistema imposto pelos capitalistas. Os principais teóricos dessa corrente
foram: Robert Owen, Saint-Simon, Louis Blan e Pierre Proudhon. Seria possível
construir a justiça social nos marcos do capitalismo?
Fazendo um contraponto a essas
teorias Karx Marx e Friedrich Engels produziram a teoria
do SOCIALISMO CIENTÍFICO, esses
pensadores defendiam que as desigualdades só seriam superadas através da
revolução, onde os proletários se uniriam contra os burgueses, acabando com a
propriedade privada e adotando um Estado composto somente por trabalhadores.
Após
instalar o Estado proletário, o próximo passo seria colocar fim ao próprio
Estado, pois desenvolvida de tal forma que este não seria mais necessário.
Nesse momento estaria consolidada a sociedade COMUNISTA, considerada perfeita, na qual tudo seria de
todos. Até que ponto essa teoria continua atual? Que tipo de revolução
aparece como alternativa para o capitalismo no século XXI? Quais são os novos
desafios para o proletariado e seus aliados?
Para se produzir as teorias
sociais os pensadores tiveram como objeto de estudo esse novo modo de produção,
o capitalismo, que foi revolucionário em relação ao feudalismo, mas segundo pensadores
marxistas, o capitalismo estaria passando pela sua última fase, a Era dos monopólios, do Financismo ou do Rentismo
e, precisa ser substituído pelo socialismo. Mas, essa substituição se dará de
forma automática? Quem será o sujeito dessa construção histórica? Que modelo de
socialismo estaria dando certo hoje?
O Capitalismo tem seu início
na Europa. Suas características aparecem desde a baixa Idade Média (do século
XI ao XV) com a transferência do centro da vida econômica social e política dos
feudos para a cidade.
O feudalismo passou por uma
grave crise decorrente da catástrofe demográfica causada pela Peste Negra que
dizimou 40% da população européia e pela fome que assolava o povo. Entretanto,
a elevada taxa de natalidade permitiu o aumento progressivo da população que,
em 1500, era de aproximadamente 70 milhões de habitantes em toda a Europa, o que
significava recuperar os níveis anteriores à Peste Negra.
O capitalismo passou por três
fases importantes a saber:
PRIMEIRA FASE -
Capitalismo Comercial ou Pré-Capitalismo: Essa fase estende-se do século
XVI ao XVIII, iniciando-se com as Grandes Navegações e Expansões Marítimas Europeias. O acúmulo de riqueza era gerado através do comércio de especiarias e
matérias-primas não encontradas em solo europeu.
SEGUNDA FASE - Capitalismo Industrial: Inicia-se com a
Revolução Industrial. O acúmulo de riqueza provinha do comércio de produtos
industrializados das fábricas europeias. Enorme capacidade de transformação da
natureza, por meio da utilização cada vez mais de maquinas movidas a vapor,
gerando uma grande produção onde a multiplicação dos lucros era cada vez maior.
TERCEIRA FASE - Capitalismo Monopolista-Financeiro:
Iniciada no século XX (após término da Segunda Guerra Mundial) e estendendo-se
até os dias de hoje. Uma das consequências mais importantes do crescimento
acelerado da economia Capitalista foi brutal processo de centralização dos
capitais. Várias empresas surgiram e cresceram rapidamente: Indústrias, Bancos,
Corretoras de Valores, Casas Comerciais e etc. A acirrada concorrência
favoreceu as grandes empresas, levando a fusões e incorporações que resultaram
a partir dos fins do século XIX, na monopolização de muitos setores da
economia. Como funciona o fenômeno da especulação financeira atual? Qual é a
relação da concentração de renda com a corrupção e com a exclusão social?
Para aprofundar o entendimento sobre a teoria de
Marx é importante uma leitura de parte do MANIFESTO COMUNISTA que diz:
A
história de todas as sociedades que existiram até nossos dias tem sido a
história das lutas de classes. Homem livre e escravo, patrício e plebeu, barão
e servo, mestre de corporação e companheiro, numa palavra, opressores e
oprimidos, em constante oposição, têm vivido numa guerra ininterrupta, ora
franca, ora disfarçada; uma guerra que terminou sempre, ou por uma
transformação revolucionária, da sociedade inteira, ou pela destruição das duas
classes em luta... A sociedade burguesa moderna, que brotou das ruínas da
sociedade feudal, não aboliu os antagonismos de classe. Não fez senão
substituir novas classes, novas condições de opressão, novas formas de luta às
que existiram no passado. Entretanto, a nossa época, a época da burguesia,
caracteriza-se por ter simplificado os antagonismos de classe. A sociedade
divide-se cada vez mais em dois vastos campos opostos, em duas grandes classes
diametralmente opostas: a burguesia e o proletariado. Esta teoria continua
atual? QUAL SERÁ O DESTINO DA BURGUESIA,
SEGUNDO O MANIFESTO?
As
armas que a burguesia utilizou para abater o feudalismo, voltam-se hoje contra
a própria burguesia. A burguesia, porém, não forjou somente as armas que lhe
darão morte; produziu também os homens que manejarão essas armas - os operários
modernos, os proletários. O que mudou nas relações sociais?
O
capitalismo contemporâneo encontra base na teoria do NEOLIBERALISMO, que dar suporte
a globalização capitalista. Na verdade essa teoria é o velho
liberalismo com nova roupagem. Os defensores do neoliberalismo acreditam
que
este sistema é capaz de proporcionar o desenvolvimento econômico e social de um
país. Defendem que o neoliberalismo deixa a economia mais competitiva,
proporciona o desenvolvimento tecnológico e, através da livre concorrência, faz
os preços e a inflação caírem. Será que é isso que estamos vendo na prática?
Como está a situação dos países que adotaram essa teoria?
O
debate sobre as saídas para solucionar os problemas gerados pelo modo de
produção capitalista atual continua. Rita
Almeida, na Carta Maior, escreveu uma matéria intitulada “Socialismo e Comunismo, Modo de uso: Manual Didático”,
na qual ela CHEGOU A SEGUINTE CONCLUSÃO:
“Ainda
me surpreendo com gente que afirma repudiar os ideais comunistas ou socialistas
porque eles “não deram certo” em parte alguma. Em resposta a essa afirmação o
que me vem em mente é uma pergunta: Então o capitalismo deu certo?
Bom, parece que segundo matéria recente publicada no Globo, o capitalismo deu muito certo. Pelo menos para as 85 pessoas mais ricas do mundo ou cerca de 1% da população. Segundo a pesquisa citada, essa elite de 85 pessoas acumula a mesma riqueza que os 3,5 bilhões mais pobres do planeta. A matéria afirma ainda que cerca de 1% da população detém a metade da riqueza mundial.”
Bom, parece que segundo matéria recente publicada no Globo, o capitalismo deu muito certo. Pelo menos para as 85 pessoas mais ricas do mundo ou cerca de 1% da população. Segundo a pesquisa citada, essa elite de 85 pessoas acumula a mesma riqueza que os 3,5 bilhões mais pobres do planeta. A matéria afirma ainda que cerca de 1% da população detém a metade da riqueza mundial.”
“E
o mais cruel é que se você quiser um pedaço melhor de pizza, terá que
disputá-lo competindo com os que, como você, têm acesso à segunda metade da
pizza. Ou você acredita mesmo que poderá alcançar uma migalha que seja da
primeira metade? Esqueceu? Estamos falando de capitalismo. Os tais 1% que
desfrutam da primeira metade da pizza têm dinheiro suficiente para não deixar
que você nem mesmo sinta o cheiro dela.”
No entanto, segundo ainda ela, existe um grande problema com essa teoria do capitalismo, chamada de MERITOCRACIA, que é um problema matemático. Vamos supor que essa teoria funcione e que 99% da população mundial resolva, com fé e trabalho, conquistar o mesmo pedaço de pizza que o seleto grupos dos 1%. Matematicamente, para que isso seja possível, teríamos que aumentar essa pizza (inteira) pelo menos 99 vezes, só assim todos teriam a possibilidade de ter pedaços de pizza parecidos com as dos 1%, não é mesmo?
Entretanto, tal estratégia tem dois problemas graves. Primeiro: a pizza, por uma limitação ecológica, jamais poderá ser ampliada 99 vezes sem que entremos em colapso. Para se ter uma ideia, se todos os habitantes da terra consumissem como um americano médio (eu disse médio), nos seriam necessários quatro planetas Terra. Segundo: na medida em que a pizza cresce e as mesmas regras capitalistas são mantidas, o mais provável é que os pedaços extras de pizza fiquem para os que já têm pizza suficiente, afinal, eles são os mesmos que têm recursos de sobra para adquiri-los. Não é óbvio?
No entanto, segundo ainda ela, existe um grande problema com essa teoria do capitalismo, chamada de MERITOCRACIA, que é um problema matemático. Vamos supor que essa teoria funcione e que 99% da população mundial resolva, com fé e trabalho, conquistar o mesmo pedaço de pizza que o seleto grupos dos 1%. Matematicamente, para que isso seja possível, teríamos que aumentar essa pizza (inteira) pelo menos 99 vezes, só assim todos teriam a possibilidade de ter pedaços de pizza parecidos com as dos 1%, não é mesmo?
Entretanto, tal estratégia tem dois problemas graves. Primeiro: a pizza, por uma limitação ecológica, jamais poderá ser ampliada 99 vezes sem que entremos em colapso. Para se ter uma ideia, se todos os habitantes da terra consumissem como um americano médio (eu disse médio), nos seriam necessários quatro planetas Terra. Segundo: na medida em que a pizza cresce e as mesmas regras capitalistas são mantidas, o mais provável é que os pedaços extras de pizza fiquem para os que já têm pizza suficiente, afinal, eles são os mesmos que têm recursos de sobra para adquiri-los. Não é óbvio?
O
capitalismo é um modelo econômico que repete o nosso modo mais primitivo de
existência que é a chamada LEI DA SELVA,
onde os mais fortes e mais aptos sobrevivem. Uma vez regidos pela Lei da Selva
(daí o termo “capitalismo selvagem”) os mais frágeis, incapazes de vencer a
luta pela sobrevivência, simplesmente não merecem viver, essa é a ordem natural
das coisas. Isso faz com que a sustentação ideológica mais forte do capitalismo
seja sua naturalização. Digamos, então, que o socialismo e o comunismo
vieram para subverter a ordem natural das coisas. Vieram para desnaturalizar a
Lei da Selva e inventar uma nova ordem, a de que todos merecem ter uma chance
de sobreviver, mesmo os mais frágeis. Pensando na nossa pizza gigante, a utopia
socialista-comunista é que todos deveriam ter acesso a pedaços dignos de pizza,
de forma mais igualitária possível e ninguém deveria poder esbanjar pizza,
enquanto outros não recebem uma migalha sequer.
Mas
você pode agora estar se perguntando se poderíamos ter um CAPITALISMO MAIS HUMANIZADO, menos competitivo e cruel. Citando
Marx, o capitalismo se fundamenta na mais-valia e no exército de reserva.
Simplificando, é necessário que sempre haja pobres (o maior número possível a
fim de baratear o preço da mão de obra) dispostos a trabalhar para sobreviver
(exército de reserva), para que a riqueza possa, então, ser deles extraída
(mais-valia) e se acumule nas mãos de alguns poucos. Sendo assim, não há
humanismo no capitalismo, é o homem sendo o lobo do homem.
Um
dado curioso é que os defensores do ESTADO
MÍNIMO, em geral adeptos do capitalismo, criticam os governos socialistas e
comunistas por nutrirem um Estado Forte que intervém constantemente na
economia, na política e nas corporações. Todavia, quando em 2009 a economia
americana entra em colapso (mais uma vez), é nas portas desse mesmo Estado que
os banqueiros americanos vêm bater pedindo socorro. O que quer dizer mais ou
menos o seguinte: “Nós, que fazemos parte da elite dos 1% que detém a metade
pizza estamos tendo problemas em administrar nossa metade e estamos temerosos
em perdê-la por completo, sendo assim, precisamos da ajuda do governo para que
possam usar da sua parte da pizza, a que serve para socorrer os que tem pouca
pizza ou pizza alguma, para nos reerguermos". É quando os ideais comunistas
e socialistas servem, desta vez, para socializar o prejuízo, já que o lucro é
sempre privatizado. Por Rita Almeida*, na Carta Maior
É psicóloga/psicanalista, trabalhadora
da rede de saúde mental do SUS, de Juiz de Fora-MG.
O CAPITALISMO NOS TEMPOS
ATUAIS AUMENTOU BASTANTE A CONCENTRAÇÃO DE RENDA COM A AGIOTAGEM E COM A
ESPECULAÇÃO FINANCEIRA. Segundo matéria do economista
Ladislau Dowbor, que está lançando o livro A Era do Capital Improdutivo,
ele fala sobre como os mecanismos financeiros capturaram o poder político em
todo o mundo, inclusive no Brasil.
“Não há nenhuma razão objetiva para os dramas sociais que vive o mundo.
Se arredondarmos o PIB mundial para US$ 80 trilhões, chegamos a um produto per
capita médio de US$ 11 mil. Isto representa US$ 3.600 por mês por família de
quatro pessoas, cerca de R$ 11 mil reais por mês. É o caso também no Brasil,
que está exatamente na média mundial em termos de renda.
“Ao
vermos como nos principais setores as atividades se concentraram no topo da
pirâmide, com poucas empresas extremamente poderosas, começamos a entender que
se trata sim de poder no sentido amplo. Agindo no espaço planetário, na
ausência de governo/governança mundial, frente à fragilidade do sistema
político multilateral, as corporações manejam grande poder sem nenhum
contrapeso significativo”, diz Dowbor no livro. “Com efeito, menos de 1% das
empresas consegue controlar 40% de toda a rede.” Trata-se de instituições
financeiras como Barclays Bank, JPMorgan Chase&Co e Goldman Sachs.
FAZER APLICAÇÕES FINANCEIRAS – comprar papéis, não se produzindo nada – rende em
média, no mundo, 7% ao ano. Sem esforço nenhum, apenas pagando uma pequena
comissão a uma entidade de intermediação, corretores financeiros, coisas do
gênero. O progresso da produção não é de 7% ao ano, só a China tem esse índice,
mas, no mundo, esse ritmo gira em torno de 2% a 2,5% ao ano. Ou seja, produzir
rende muito menos do que as aplicações financeiras.
Quem
faz aplicações financeiras são os ricos. As pessoas sequer sabem o que é ganhar
7% ao ano sobre capital parado. Se você tem um bilhão de dólares e aplica a uma
modesta taxa de rendimento de 5% ao ano, ganha US$ 137 mil ao dia. Quando o
bilionário ganha US$ 137 mil por dia, isso entra na conta dele diariamente, e
esse dinheiro se incorpora aos 5% que estão rendendo. Blog Tabira Notícias.
Em entrevista ao jornal extra classe, reproduzida
no diário do centro do mundo, o economista, professor e um dos mais respeitados
pesquisadores sobre a concentração de riqueza no mundo, Antonio David Cattani,
afirma que “Podres De Ricos Investem No
Desastre Social”. Ele diz na sua matéria que “Primeiro, os muito ricos se protegem mutuamente. Ou
seja, transparência (de informações) só vale mesmo para o Estado, para os
governos. Nas empresas deles, não mesmo. Segundo: fomentam ideologicamente a
ideia de meritocracia, a ideia de que a pobreza é um problema, e a riqueza, em
contraponto, é solução. É claro que não é a solução, a concentração da riqueza
agrava o problema da desigualdade. Isso é óbvio. Mas essa falsa meritocracia
acaba prevalecendo, as pessoas acham que os ricos são, ou ficaram ricos, porque
são competentes. Não é verdade, tirando as exceções de praxe. A maioria dos
grandes empresários, por sinal, frauda as regras da concorrência, do livre
mercado, quando fazem aquisições, quando compram os concorrentes. Para os
grandes empreendimentos, essas regras simplesmente não existem.
ESSE
IMPÉRIO DA RIQUEZA PROVOCA A NECESSIDADE
DE UMA REFORMA TRIBUTÁRIA PROGRESSIVA NO BRASIL. ELE TAMBÉM TIRA CONCLUSÕES
SOBRE A QUESTÃO DA ACUMULAÇÃO DE RENDA QUANDO DIZ: “Outra conclusão
possível é de que a riqueza não é abstrata, não está por trás de uma marca, de
um conglomerado. Esses impérios são comandados por pessoas, por pessoas
físicas, o dinheiro vai para a conta dessas pessoas. É a personalização da
riqueza, com nome, endereço e conta bancária. Os privilégios, portanto, estão
tanto no nível corporativo quanto no nível pessoal. Uso um exemplo bem simples
e clássico para mostrar isso: quem ganha um salário, digamos, de R$ 5 mil aqui,
paga imposto de renda compulsoriamente numa alíquota de quase 30%. Já o dono de
uma empresa, pessoa física, que ganha R$ 5 milhões de pró-labore, não paga
nada, nem um centavo, porque essa renda é lançada como lucro e dividendo – que
é isento na nossa legislação. Proporcionalmente, essa pessoa física deveria
pagar cerca de R$ 1,4 milhão de imposto de renda sobre esse montante. Mas não
paga porque temos uma legislação, criada por um lobby empresarial, determinando
essa isenção. As pessoas acham que o fulano é rico porque é competente.
Mentira: é rico porque compra privilégios”.
O GRANDE PROBLEMA GERADO PELO
CAPITALISMO CONTEMPORÂNEO É A ESPECULAÇÃO FINANCEIRA. “Em nenhum capitalismo, em nenhum lugar, a acumulação
volta para a sociedade. Em outro livro (A Riqueza Desmistificada, 2007) eu
analiso a situação dos Estados Unidos, onde há uma redução de impostos para os
mais ricos, desde o primeiro governo de Bill Clinton (a partir de 1993) até o
Barak Obama. Mostro ali que, ao contrário do que justificam os teóricos da
concentração, não há mais investimentos, mas apenas mais especulação, o que
gera instabilidade econômica e mais consumo de produtos de alto luxo, iates,
jatinhos, viagens ao espaço. Os podres de rico têm tanto dinheiro que em
determinado momento surge a seguinte questão: investir mais para quê? Para se
incomodar contratando mais gente? Se eu posso ganhar dinheiro, muito dinheiro,
com isenções, com privilégios fiscais?”
NO CASO DO BRASIL O ECONOMISTA
ACIMA QUANDO QUESTIONADO SOBRE OPERAÇÕES
COMO LAVA JATO E ZELOTES, SE ELAS PODEM AJUDAR A MORALIZAR ESSE AMBIENTE
EMPRESARIAL NO BRASIL, ELE RESPONDE:
“Essa é uma outra questão que precisamos desmistificar: qual foi, por exemplo, o rombo causado na Petrobras apurado pela operação Lava Jato? R$ 10 bilhões? Mas qual o montante de sonegação das grandes empresas brasileiras, a cada ano? É da ordem de R$ 300 bilhões, segundo o sindicato dos auditores fiscais. Talvez R$ 500 bilhões, não se sabe ao certo. Por ano. Na fusão do Itaú com o Unibanco, uma taxação superior a R$ 25 bilhões acabou de ser anistiada pelo Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais) porque os conselheiros consideraram que não houve ganho de capital na transação. O Carf é o mesmo órgão onde foram registrados inúmeros casos de compra de votos, que envolvem, entre outros, grupos de mídia como RBS e Globo. É claro que isso nunca vai ser manchete porque eles, incluindo a mídia, se protegem. É um quebra-cabeças. Por que a Gerdau, que já mencionei aqui, foi para Amsterdã? Porque é um paraíso fiscal e, dessa forma, se resolve a questão sucessória. Aqui o imposto de transmissão patrimonial varia de 6% a 8%. Baixíssimo. Nos Estados Unidos, é de 40%. No Japão chega a quase 60%. Em Amsterdã é zero. Ou seja, nossos super-ricos não querem nem pagar o mínimo que a legislação do Brasil exige na transmissão de poder e de capital para os sucessores. Isso é lavagem de dinheiro, uma forma de manutenção da riqueza. É como se houvesse um mundo paralelo ao nosso, do qual nem chegamos perto. O problema é que esse mundo está acabando conosco.”
“Essa é uma outra questão que precisamos desmistificar: qual foi, por exemplo, o rombo causado na Petrobras apurado pela operação Lava Jato? R$ 10 bilhões? Mas qual o montante de sonegação das grandes empresas brasileiras, a cada ano? É da ordem de R$ 300 bilhões, segundo o sindicato dos auditores fiscais. Talvez R$ 500 bilhões, não se sabe ao certo. Por ano. Na fusão do Itaú com o Unibanco, uma taxação superior a R$ 25 bilhões acabou de ser anistiada pelo Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais) porque os conselheiros consideraram que não houve ganho de capital na transação. O Carf é o mesmo órgão onde foram registrados inúmeros casos de compra de votos, que envolvem, entre outros, grupos de mídia como RBS e Globo. É claro que isso nunca vai ser manchete porque eles, incluindo a mídia, se protegem. É um quebra-cabeças. Por que a Gerdau, que já mencionei aqui, foi para Amsterdã? Porque é um paraíso fiscal e, dessa forma, se resolve a questão sucessória. Aqui o imposto de transmissão patrimonial varia de 6% a 8%. Baixíssimo. Nos Estados Unidos, é de 40%. No Japão chega a quase 60%. Em Amsterdã é zero. Ou seja, nossos super-ricos não querem nem pagar o mínimo que a legislação do Brasil exige na transmissão de poder e de capital para os sucessores. Isso é lavagem de dinheiro, uma forma de manutenção da riqueza. É como se houvesse um mundo paralelo ao nosso, do qual nem chegamos perto. O problema é que esse mundo está acabando conosco.”
Outro problema não menor É A RELAÇÃO DOS JUROS ALTOS NO BRASIL COM A
CONCENTRAÇÃO DE RENDA.
Em sua matéria Juros Altos Alimentam
Uma Escandalosa Concentração de Renda
Railídia Carvalho escreveu no Portal
Vermelho:
“Começamos a pagar R$ 125 bilhões de juros em 2010 e continuamos
pagando cada vez mais – R$ 181 bilhões em 2011, R$ 147 bilhões em 2012, R$ 186
bilhões em 2013, R$ 251 bilhões em 2014 e R$ 397 bilhões em 2015.
Para se ter uma ideia da
gravidade desse custo da dívida pública brasileira, em 2015 gastamos R$ 100
bilhões em educação, R$110 bilhões com a área da saúde e R$ 27 bilhões com o
Bolsa Família. Outro dado significativo é o de que, entre 1995 e 2004,
gastávamos R$ 725 bilhões, pelo orçamento realizado, de R$ 884 bilhões em
educação, saúde, segurança e infraestrutura!
Nós que pagamos, em cinco anos, R$ 1,287 trilhão de
juros, merecemos saber porque são tão altos, quando, no mundo, vivem um ciclo
em que são negativos ou não passam de 2%. Como é possível essa inacreditável
concentração e expropriação da renda nacional pelo capital rentista e
financeiro? Quem são os beneficiários dessa extorsão e quem realmente controla
e decide a taxa de juros?
Quem detém os títulos públicos controla as taxas de
juros. Essa é a realidade. O 1% dos mais ricos e o sistema bancário-financeiro
são os detentores da maior parte da dívida pública, com o agravante de que
eles, os bancos, são também os principais beneficiados dos altos juros do
crediário!
É a maior e mais escandalosa concentração de renda,
apropriada de 90% de brasileiros pelos bancos e financeiras.”
Uma pergunta que nós devemos procurar responder nesse curso é COMO CAMINHAR EM DIREÇÃO AO SOCIALISMO NO BRASIL
DEPOIS DOS RETROCESSOS CAUSADOS PELO
GOLPE CONTRA A DEMOCRACIA?
Pesquisa do jornal Valor Econômico divulgada nesta terça-feira (29)
mostrou que no segundo trimestre deste ano em 15,2 milhões de lares do país não
havia ninguém gerando renda a partir do próprio trabalho. Um aumento de 22%
comparado a 2014. Para especialistas ouvidos pelo Portal Vermelho os números
significam agravamento da pobreza, retração da economia e aumento na escalada
da violência.
Em um ano, o número de
desempregados saltou para mais de 15 milhões de famílias sem ninguém empregado,
ou seja, de acordo com o IBGE, são mais de 26 milhões de desempregados.
Para piorar, pela primeira
vez, como mostra o instituto Euromonitor, trabalhadores e trabalhadoras da
indústria no Brasil ganham menos que os chineses. Na China, o salário por hora
é de US$ 3,60 e aqui é de US$ 2,70. O que fazer se a tendência é a situação
geral do país piorar daqui para frente?
PARA O DIRIGENTE DO COMITÊ CENTRAL DO PC DO B, JOSÉ REINALDO CARVALHO
“No Brasil os comunistas e as
forças consequentes da esquerda devem apostar na elevação da consciência e da
vontade de resistir e lutar do povo brasileiro para enfrentar as forças
golpistas e retomar o caminho para lutar pela realização de mudanças
estruturais, que resultem na edificação de um país democrático, progressista,
socialista. Estão na ordem do dia tarefas urgentes entrelaçadas: desenvolver a
luta política de massas, forjar a unidade das forças da esquerda consequente,
criar a frente ampla, de que façam parte todas as forças democráticas e
patrióticas suscetíveis de se unir na luta contra o regime do golpe e por
mudanças estruturais”. Mas quais são as mudanças estruturais que o Brasil
precisa?
O Brasil é um país de
capitalismo atrasado e dependente. Mesmo com os avanços dos governos de Getúlio
Vargas, de Lula e Dilma, ainda não
fizemos uma reforma agrária, uma reforma educacional democrática, uma reforma
tributária progressiva e, principalmente uma reforma da mídia. Dessa maneira,
sem passar por essas reformas, não construiremos um país VERDADEIRAMENTE DEMOCRÁTICO, autônomo e, nem ao
menos, de capitalismo avançado. Não caminharemos
para construir o socialismo em nossa pátria com os retrocessos do governo
atual. Urge portanto construirmos uma frente ampla, derrotar o golpe e
salvarmos a democracia para avançarmos na direção do socialismo, sem copiar
modelos, um socialismo com a cara do Brasil.
Grato a todos pela leitura –
vamos agora ao debate!
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