sábado, 9 de abril de 2011

A DIALÉTICA E OS CRIMES DO RIO DE JANEIRO.



escola chacina rio


Emitir uma opinião sobre algo tão dramático, principalmente para os parentes e amigos das vítimas do massacre na escola do Realengo, no Rio de Janeiro é muito difícil. A tendência do senso comum é exigir a punição do culpado e aumentar a repressão policial como saída para este tipo de problema. Está claro que as escolas precisam de mais segurança e é um dever do Estado garantir isto. Está claro também que a polícia, a Justiça e o Sistema penitencial brasileiro precisam de reformas urgentes. Em suma é preciso melhorar o papel repressivo do Estado Brasileiro com novas técnicas, um novo material humano, melhores salários  e novos armamentos. Mas ampliar o nosso campo conceitual sobre este fenômeno social, penso que seja uma questão mais importante do que simplesmente ficar reduzido ao aspecto imediato e particular do problema.
Está claro também que se torna necessário ampliarmos o conhecimento sobre os aspectos biológicos e psicológicos dos indivíduos que praticam tais crimes. Mas penso que não basta isto. É preciso analisar estes fatos com um olhar também sociológico. Um traço comum destes indivíduos é que são isolados da sociedade e sofreram algum tipo de discriminação na infância, durante a adolescência e também na Escola em que estudavam.  Não quero justificar tamanhos atos criminosos, mas não enfrentaremos e resolveremos o problema apenas com uma análise particularizada. Ouvi um “especialista” entrevistado na Globo apresentar como causa o aspecto genético. Para ele, indivíduos como o assassino do Rio, já nascem com predisposição para o crime, pois herdou da mãe uma esquizofrenia. Não irei aqui discordar no todo do psiquiatra que disse isto, mas penso que é preciso perguntar e tentar responder em que tipo de sociedade viveram estes elementos. Que tipo de educação tiveram? Como foram tratados na infância pelo pais e amigos? Que programas de televisão assistiram? Que tratamento receberam na escola dos professores, gestores e colegas? Qual a reação destes elementos quando assistem as cenas sangrentas das guerras patrocinadas e praticadas também pelos Estados Unidos (Iraque, Afeganistão e agora na Líbia)? Nos Estados Unidos, país campeão em casos como estes, quase todos que praticaram crimes sofreram bullings na Escola. São imigrantes, ou filhos de imigrantes, que sofreram muitos preconceitos da elite branca americana. É fácil analisar a violência social de forma isolada. É fácil se limitar as medidas represivas como única solução. Está no instinto comum a máxima “olho por olho, dente por dente.” Porém um olhar dialético sobre os fenômenos da violência na sociedade contemporânea exige uma análise mais abrangente para avançarmos na prevenção, no combate e na solução de forma eficaz de chacinas como esta do Rio. “A parte está ligada ao todo.“  Estes são os sinais da  barbárie capitalista. Já alertou o grande pensador Karl Marx: "Ou o socialismo ou a barbárie".

Tabira, 09 de abril de 2011
Dedé Rodrigues. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário