quarta-feira, 25 de maio de 2016

De volta à cena, espionagem contra MST foi rotina no governo FHC



O MST faz parte da Frente Brasil Popular, que ao lado da Frente Povo Sem Medo, tem articulado ações pelo Brasil contra o golpe O MST faz parte da Frente Brasil Popular, que ao lado da Frente Povo Sem Medo, tem articulado ações pelo Brasil contra o golpe 
O senador aliado de Temer cita o MST no mesmo trecho em que diz que conversou com alguns “ministros do Supremo” e a conclusão da conversa é que “só tem condições de (inaudível) sem ela”. 


Ele faz referência à presidenta Dilma Rousseff, eleita pelo povo por 54 milhões de votos, e que assegurou o livre desenrolar das investigações da operação Lava Jato, que teria vários parlamentares do PMDB na mira.

Jucá continua: Então... Estou conversando com os generais, comandantes militares. Está tudo tranquilo, os caras dizem que vão garantir. Estão monitorando o MST, não sei o quê, para não perturbar.”

O coordenador do MST, João Paulo Rodrigues, vê as declarações de Jucá como “afronta” de um dos grupos que articulou o golpe contra o campo democrático que combate a derrubada da presidenta Dilma.

Ruptura democrática

“Essa declaração é típica de um processo de golpe de estado e ruptura democrática”, definiu João Paulo. Segundo ele, o MST é reconhecido por sua luta pela reforma agrária e por não empregar uso de armas. “Nunca declaramos apoio a ações violentas”, afirmou.

 
João ponderou ainda para a possibilidade de um blefe de Romero Jucá, que acumula inúmeras pendências judiciais e tem inúmeras citações na Lava Jato, feita por executivos da Andrade Gutierrez e UTC engenharia. O senador foi acusado de receber propina. 

“Temos uma preocupação em relação ao que foi dito mas aguardamos algum posicionamento das forças armadas”, ponderou o dirigente.

FHC: espionagem como política de Estado

A arapongagem não e novidade para o MST. João Paulo lembrou que o movimento teve “muitos problemas no governo Fernando Henrique Cardoso”, principalmente após o massacre de Eldorado dos Carajás (1996), a ocupação da fazendo de FHC (2002), monitorada pela Polícia Federal e Exército, e no ano 2000, com as ocupações pelo MST das sedes do Ministério da Fazenda.

 
Neste atos, João Paulo lembrou que houve pedido do governo federal para que o exército “se movimentasse para coibir a ação do MST”. Ele continuou: “No mesmo período da ocupação da fazenda houve relatos de que a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) monitorava movimentos contra ocupações. Foi em 98, 99, na ocasião da marcha dos 100 mil em Brasilia”, contou João Paulo.


Polícia Militar e grupos paramilitares


Frei Sérgio Gorgen, do Movimento de Pequenos Agricultores (MPA) considerou gravíssima a declaração do senador do PMDB. “Se existe um orgão que espiona o movimento social é gravissimo e anticonstitucional. E é isso o que dá a entender a fala do Jucá”, enfatizou. 

Por outro lado, o dirigente e ex-deputado estadual pelo Partidos dos Trabalhadores do Rio Grande do Sul, avaliou que atualmente é mínima a capacidade efetiva dos militares na repressão aos movimentos sociais. 

“Quem nos reprime são as Polícias Militares dos estados e grupos paramilitares vinculados a essas polícias. É o que acontece hoje na prática. Não é o exército”, disse.
 

 


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