sexta-feira, 15 de julho de 2016

FMI alerta Estados Unidos: Classe média cai a níveis de 1986



Joe Raedle/Getty Images
Jovens preenchem formulários de busca de emprego no estado da Flórida, nos EUA. Jovens preenchem formulários de busca de emprego no estado da Flórida, nos EUA.
Em seu relatório sobre a economia norte-americana, o FMI enumera um panorama desolador nesse aspecto: a pobreza continua aumentando, a classe média encolheu a níveis dos anos 1980, a distribuição da renda e da riqueza se encontra altamente polarizada, e a porcentagem de rendimentos do fator trabalho é 5% mais baixa do que há quinze anos. “Todos os avanços conseguidos para reduzir a pobreza desde os anos 90 se diluíram”, afirma.

Como se não bastasse, um em cada sete americanos vive em condições de pobreza e 40% dos pobres está trabalhando. “Se não forem interrompidas, essas forças continuarão derrubando o crescimento atual e potencial, diminuindo os ganhos em padrão de vida e aumentando a pobreza”, conclui o documento elaborado pela organização internacional.

Diante da evidência, os diretores do Fundo pedem que os EUA adotem medidas para expandir os créditos fiscais destinados a habitações de baixo custo, elevar o salário mínimo, ampliar os auxílios aos que cuidam de familiares, investir em educação e reformar o imposto Social.

O FMI alerta também de perigos no horizonte como um dólar em alta e a aversão ao risco dos investidores. Mas também adverte sobre a possibilidade de que a economia norte-americana experimente um crescimento potencial mais baixo do que o esperado em um contexto de produtividade escassa e maior envelhecimento demográfico.

“Se for verdade, isso significaria que a economia norte-americana logo pode sofrer limitações em seu crescimento que podem causar pressões inflacionistas com efeitos globais negativos”, frisa o Fundo.

Desse modo, é preciso elevar o gasto em infraestrutura, investir mais em formação e educação de conhecimentos técnicos, reformar o sistema de saúde e de aposentadorias e aprovar uma reforma da imigração baseada nas capacidades, aponta o FMI. 

A partir dos anos 1970, a renda real dos lares estadunidenses de classe média estagnou, enquanto os das classes mais ricas tiveram uma aceleração a partir dos anos 1990, explica o FMI. 

Essa tendência trouxe índices de consumo menores nos últimos 15 anos. De acordo com os especialistas do órgão, as razões são diversas e numerosas: a polarização do mercado de trabalho entre formados e não formados, a mudança de local de empresas responsáveis por muitas vagas de emprego, a concorrência salarial do exterior e uma queda progressiva do sistema fiscal, entre muitas outras.

Racismo e pobreza

De acordo com sociólogos e especialistas em estudos das camadas populares do país, os índices sociais – que incluem emprego, saúde e educação – entre os negros são os piores em 25 anos. Por exemplo, um homem negro que não concluiu os estudos tem mais chances de ir para a prisão do que conseguir uma vaga no mercado de trabalho. Uma criança negra tem atualmente menos chances de ser criada pelos seus pais que um filho de escravos no século 19. O sistema prisional estadunidense aprisiona hoje um total de negros maior do que havia quando eram escravos nos EUA em 1850, de acordo com estudo da socióloga da Universidade de Ohio, Michelle Alexander.

A maior cidade do país, Nova York, é um lugar onde pode-se ver a que chegou a alta concentração de riqueza e o aumento da pobreza nos Estados Unidos. Mais de 60 mil pessoas compõem o número de desabrigados da cidade. Em novembro de 2015 Nova York bateu o recorde de sem-teto que dormiam em seus abrigos, registrando 60.352 pessoas. Esse número, em julho de 2016, cai pouco, para 60.060 pessoas. Elas são registradas todas as noites nos albergues municipais, onde pernoitam. É desconhecido, efetivamente, o número de sem-teto que habitam a maior cidade dos Estados Unidos.


Do Portal Vermelho, com agências

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