“Para mim, isso foi um golpe de Estado institucional. E eu considero que o governo de Michel Temer não tem nenhuma legitimidade”, disse a senadora do Partido Comunista Francês de Val-de-Marne, Laurence Cohen, em entrevista ao Movimento Democrático 18 de Março (MD18).
Por Vanessa Oliveira*
Tribuna do Senado francês, no Palais du Luxembourg
Ela, que preside o grupo França-Brasil no Senado francês, organizou no dia 1º de julho, a conferência "Golpe de Estado no Brasil: que tipo de solidariedade com os povos da América Latina?". A iniciativa contou com o apoio de vários movimentos de brasileiros residentes na França e franceses ligados ao Brasil - entre eles, as associações France Amérique Latine e Autres Brésils, o Coletivo Solidarité France-Brésil, os amigos do MST e o próprio MD18.
Além de Cohen, participaram da abertura do evento Marie-Christine Blandin, senadora ecologista do Norte (Hauts- de- France) e o senador Antoine Karam, representante do Partido Socialista na Guiana Francesa. Diversas personalidades da política e da academia francesas compareceram para analisar a crise política brasileira e pensar formas de estabelecer internacionalmente, ações de solidariedade entre partidos, movimentos sociais, acadêmicos e sociedade civil, capazes de denunciar as atrocidades do golpe, do governo interino e defender a democracia no Brasil, na região e no mundo.
“[O que está acontecendo no Brasil ] é desestabilizador para o Brasil, para todos os países da América Latina e é grave, de uma maneira geral, para a democracia no mundo e inclusive na França”, alertou Laurence Cohen, depois da fala do dirigente nacional do MST e da Frente Brasil Popular, João Paulo Rodrigues. Com uma enorme bandeira sem-terra estendida sobre a bancada, Rodrigues falou da necessidade de mobilização popular e denunciou a vexatória barganha de votos no Senado : "Romário quer a presidência de Furnas e Cristóvam Buarque, o cargo de embaixador da Unesco", para votar contra o golpe.
Em seguida, as historiadoras francesas Janette Habel (Instituto de Altos Estudos da América Latina, Sorbonne Nouvelle Paris 3) e Maud Chirio (Université Paris-Est Marne-La-Vallée) apresentaram a situação no Brasil como um inequívoco "golpe parlamentar". Chirio destacou que a omissão de acadêmicos e pesquisadores, diante de tamanho atentado contra a democracia, não pode ser tolerada. E Habel mostrou como o caso brasileiro, assim como os golpes em Honduras (2009) e Paraguai (2012) denotam uma clara mudança na estratégia de controle regional por parte dos Estados Unidos.
Para ela, o imperialismo hoje se sofisticou e não há mais espaço para operações à la Brother Sam, quando Washington deslocou parte de seu poderio militar para as costas brasileiras para garantir o sucesso do golpe de 1964. A estratégia da vez é o que se convencionou chamar de soft power: uma maquinação de bastidores que subtrai a soberania popular por meio do posicionamento de títeres do império em cargos estratégicos, enquanto se mantém uma aparência de normalidade institucional.
Apesar da estratégia autoritária do Itamaraty sob José Serra de cercear a opinião pública internacional e tapar o golpe com a peneira, este tipo de evento de alto nível mostra que será cada vez mais difícil convencer o mundo da legitimidade do governo Temer.
Confira no vídeo abaixo:
*Vanessa de Oliveira é ativista do Movimento Democrático 18 de Março (MD18)
Além de Cohen, participaram da abertura do evento Marie-Christine Blandin, senadora ecologista do Norte (Hauts- de- France) e o senador Antoine Karam, representante do Partido Socialista na Guiana Francesa. Diversas personalidades da política e da academia francesas compareceram para analisar a crise política brasileira e pensar formas de estabelecer internacionalmente, ações de solidariedade entre partidos, movimentos sociais, acadêmicos e sociedade civil, capazes de denunciar as atrocidades do golpe, do governo interino e defender a democracia no Brasil, na região e no mundo.
“[O que está acontecendo no Brasil ] é desestabilizador para o Brasil, para todos os países da América Latina e é grave, de uma maneira geral, para a democracia no mundo e inclusive na França”, alertou Laurence Cohen, depois da fala do dirigente nacional do MST e da Frente Brasil Popular, João Paulo Rodrigues. Com uma enorme bandeira sem-terra estendida sobre a bancada, Rodrigues falou da necessidade de mobilização popular e denunciou a vexatória barganha de votos no Senado : "Romário quer a presidência de Furnas e Cristóvam Buarque, o cargo de embaixador da Unesco", para votar contra o golpe.
Em seguida, as historiadoras francesas Janette Habel (Instituto de Altos Estudos da América Latina, Sorbonne Nouvelle Paris 3) e Maud Chirio (Université Paris-Est Marne-La-Vallée) apresentaram a situação no Brasil como um inequívoco "golpe parlamentar". Chirio destacou que a omissão de acadêmicos e pesquisadores, diante de tamanho atentado contra a democracia, não pode ser tolerada. E Habel mostrou como o caso brasileiro, assim como os golpes em Honduras (2009) e Paraguai (2012) denotam uma clara mudança na estratégia de controle regional por parte dos Estados Unidos.
Para ela, o imperialismo hoje se sofisticou e não há mais espaço para operações à la Brother Sam, quando Washington deslocou parte de seu poderio militar para as costas brasileiras para garantir o sucesso do golpe de 1964. A estratégia da vez é o que se convencionou chamar de soft power: uma maquinação de bastidores que subtrai a soberania popular por meio do posicionamento de títeres do império em cargos estratégicos, enquanto se mantém uma aparência de normalidade institucional.
Apesar da estratégia autoritária do Itamaraty sob José Serra de cercear a opinião pública internacional e tapar o golpe com a peneira, este tipo de evento de alto nível mostra que será cada vez mais difícil convencer o mundo da legitimidade do governo Temer.
Confira no vídeo abaixo:
*Vanessa de Oliveira é ativista do Movimento Democrático 18 de Março (MD18)
Fonte: Blog o Cafezinho
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