O blog da Secretaria de Política e Relações Internacionais do PCdoB, Resistência, publicou nesta quinta-feira (21) com exclusividade a declaração do Partido Comunista da Turquia, emitida nesta terça (19), sobre a tentativa de golpe contra o governo de Recep Tayyip Erdogan.
Recep Tayyip Erdogan
Confira a íntegra do documento:
Declaração do Comitê Central do Partido Comunista da Turquia
1. A tentativa de golpe em 15 de julho último não foi entre grupos ideologicamente conflitantes, mas envolveu pelo menos duas ou mais facções que têm as mesmas identidades de classe e ideologia. Não é possível que esses grupos sejam completamente inconscientes dos planos e ações, assim como não é possível dissociá-los uns dos outros. No entanto, a tentativa de golpe de 15 de julho não é uma encenação sangrenta, totalmente planejada por Erdogan, como afirmaram alguns, mas é uma real tentativa de golpe.
2. Há duas dimensões do caminho que leva ao golpe. A primeira, é a “luta pelo poder” entre apoiadores de Erdogan e da Comunidade Gülen, que ganhou uma nova dimensão após o grande expurgo de seguidores de Fethullah Gülen. Esta luta está tornando-se cada vez mais acirrada, tanto no contexto político quanto no econômico, e há também uma dimensão internacional e diferentes tendências nos centros imperialistas que apoiam essas facções
3. A realidade é que a maioria dos oficiais participantes da tentativa de golpe são membros da Comunidade Gülen e é bem sabido que esta Comunidade possui ligações profundas e fortes nos EUA. É muito real a opinião de que, uma vez que a Turquia possui relações militares próximas aos EUA, sendo um membro da Otan, eventuais golpes de Estado na Turquia não poderão ocorrer sem a anuência dos EUA. A principal razão pela qual os membros do alto escalão das Forças Armadas Turcas (TSK, na sigla em turco), que não estão satisfeitos com o AKP, não tentaram antes qualquer golpe de Estado, foi o apoio do governo dos EUA ao AKP.
4. Este apoio vem reduzindo-se recentemente devido a várias razões. Alguns constituintes, mesmo sendo ligados aos EUA e alguns países europeus, já começavam a se preparar para o expurgo de Erdogan. A revolta do povo em 2013, com a participação de milhões de pessoas, os efeitos nocivos para os interesses do sistema na tensão criada na sociedade por Erdogan e, finalmente, o fracasso da política para com a Síria, afetam profundamente as relações entre Erdogan e alguns países imperialistas. Não é possível considerar a tentativa de golpe de Estado de 15 de julho sem ter em conta essa tensão.
5. Os golpistas, tendo conexões no exterior, não fazem de Erdogan um patriota ou anti-imperialista. Como político, em grande parte, Erdogan serviu aos EUA e aos monopólios internacionais e agora está selando algumas alianças e fazendo manobras, a fim de salvar a si mesmo, como um político que perde seu carisma entre as forças que o apoiaram durante anos. Sua aproximação a esse ou aquele foco internacional não muda seu caráter confessional e suas preferências ideológicas. Recep Tayyip Erdogan é um político burguês, inimigo da classe trabalhadora, um contrarrevolucionário, não é diferente dos golpistas que pretendem derrubá-lo.
6. A tentativa de golpe, relativamente aos poderes subjacentes, os métodos que foram usados e os fundamentos ideológicos, não desperta qualquer ponto de interesse popular. A opinião de que o país teria saído das dificuldades se o golpe fosse bem-sucedido, é infundada. É óbvio que significaria um golpe pró-americano, hostil ao povo.
7. Também não faz sentido algum apresentar a supressão do golpe como uma vitória popular ou celebrá-la como uma festa da democracia na trilha do AKP. Esta é uma abordagem que não questiona a legalidade do regime do AKP e ignora os fundamentos de classe do que vem acontecendo no país.
8. O argumento alegando que Erdogan ganhou mais poder após esta tentativa de golpe é real, até certo ponto. Sem dúvida, Erdogan tem a chance de infligir um duro golpe à Comunidade Gülen; mostrou-se como vítima, mais uma vez, consolidou suas multidões e testou o poder de algumas organizações aliadas. No entanto, restou-lhe um aparelho de Estado seriamente danificado e terá de enfrentar também o fato de que não há mais qualquer burocracia segura, devido à transição de inteiras camarilhas.
9. Sob estas circunstâncias, Erdogan pode preferir ligar-se totalmente às suas próprias fontes de poder nos dois aparatos do Estado; as Forças Armadas Turcas (TSK) e o Judiciário, ou eliminar não só os membros da comunidade Fethullah Gülen, mas também alguns constituintes kemalistas que costumavam ser seus aliados. Há sérias dificuldades para a total adesão das próprias fontes de poder no TSK e no Judiciário, ainda que seja relativamente mais fácil em algumas outras partes da burocracia. Erdogan não pode fazer este movimento – que significa desacelerar claramente a verdadeira islamização do Estado -, sem evitar envolver uma vingança final e absoluta nos níveis político e social. Entretanto, por outro lado, Erdogan não tem outra saída para consolidar as massas que o apoiam.
10. É possível que Erdogan tente se esforçar para acertar as relações com os EUA e reduzir a tensão interna. Após um curto período de terror e intimidação, já existem alguns sinais de que ele está se preparando para esses passos. As expectativas do CHP e do HDP também são nesse sentido. A dificuldade desta opção é Erdogan não ser capaz de continuar, e fazer política sem tensão, abrindo espaço para elementos radicais. A oposição no Parlamento na verdade não tem quaisquer problemas com Erdogan e o AKP.
11. Em cada situação há uma dissolução e uma crise multidimensional quanto à hegemonia do capital. O que é realmente perigoso não é essa dissolução, mas a desorganização da classe trabalhadora.
12. Outro perigo é a opinião, que se tornou popular após a tentativa de golpe, de que Erdogan é invencível. Cenários assustadores estão surgindo com esta opinião e um ambiente de pânico está sendo criado com as especulações, nem sempre reais. O governo do AKP sempre representou um risco para o país e, evidentemente, agora está ainda mais perigoso. Além disso, o ambiente de pânico que é criado legitima a agressão do AKP. No entanto, nem o AKP nem Erdogan são tão poderosos como dizem, nem a Turquia é um país que poderia ser obscurecido ou liquidado em um minuto. Por exemplo, durante e após os momentos de “comemoração”, os seguidores do AKP eram poucos nas ruas, apesar de todos os apelos para que tomassem as ruas. A posição correta é estar ciente do perigo, mas não causar pânico e, pelo contrário, tentar avaliar essa dissolução do ponto de vista das classes trabalhadoras.
13. O AKP e a ameaça fundamentalista não devem ser subestimados. O período de governo do AKP começou com a frase “o secularismo não corre perigo”, e levou o país à beira do abismo. Há uma missão para a oposição popular mais organizada e eficiente contra essa ameaça considerável. Esta missão não pode ser levada a cabo por meio da geração de pânico, depois de todos esses anos de devaneio. Não é aceitável que a oposição ao sistema esteja coroando sua negligência passada criando o pânico.
14. Nestas condições, a grande força do AKP e Erdogan permanece a sua oposição no sistema político. Os políticos desse sistema baseiam toda a sua política na normatização, transformação e convencimento do AKP. É notável e preocupante a atitude de alguns políticos que afirmam ser a esquerda” no parlamento.
15. Experiências ocorridas durante e depois do 15 de julho explicitaram o quanto facções no governo podem ser cruéis. Todos nós vimos como os golpistas podem agir de modo cruel. Vimos a barbárie encenada pelo governo. Não se pode permitir a abordagem “deixem que se matem uns aos outros”. Há um número desconhecido de civis mortos e soldados, que não tinham ideia do que estava acontecendo, foram linchados. O povo cobrará todas essas ações ilegais, os linchamentos, as torturas contra suspeitos e cidadãos já rendidos, sendo que os líderes dessas duas facções colaboraram juntos há anos, mas agora lutam entre si para responder ao apelo popular.
16. Não é correto explicar todas estas crueldades como “força”. Pelo contrário, há dissolução, medo e confusão no lado do governo. Só se pode espalhar o medo com medidas fortes, sólidas e consistentes, não com ações tolas e não planejadas. E essa dissolução pode se transformar em uma oportunidade para o povo.
17. Como sempre enfatizamos, a Turquia só pode se libertar dos grilhões por meio da luta da classe trabalhadora unida contra a hegemonia de classe apresentada por poderes obscuros, mas não com a dança das forças das trevas. Recusamos todo o tipo de análise e posicionamento que ignore esta realidade. É óbvio que os comunistas não darão crédito ao charlatanismo da vitória dos poderes democráticos e dizeres espertos de que todos se unam contra Erdogan. Há algum pânico criado com o dito “os seguidores da sharia cortarão nossas cabeças” entre aqueles que dizem que se trata da vitória dos poderes democráticos, e mesmo isso pode mostrar a dimensão da confusão. Reiteramos aqui que nunca nos uniremos aos representantes da classe capitalista, os EUA e a Otan que apoiaram ou foram agentes de revoluções ‘coloridas’. Isto não nos torna fracos, o que nos pode enfraquecer é a desorganização da classe operária que pode levá-la a seguir soluções falsas.
18. É necessário entender, uma vez mais, como a falta de organização e união criou uma lacuna entre o povo, que permitiu que as gangues da Comunidade Gülen colocassem no governo os grupos de seu interesse, engatilhando suas armas e até mesmo a máfia que está sendo muito bem organizada no país. Se formos mais longe, podemos afirmar que todos os que caminham lado a lado com os ideais humanitários, por uma sociedade sem classes, sem exploração, devem trabalhar juntos com o mesmo pensamento e uma organização sustentável. Este apelo é classificado como sendo um inimigo do povo, para que não seja seguido, legalizando o descuido e a preguiça. É necessário organizar, melhorar e fortalecer a organização de classe, livre das seitas religiosas, do fundamentalismo, do capital e dos centros imperialistas. Os que abençoam o povo não politizado, as massas desorganizadas, e os que têm alvos sem objetivos e sem forma, juntamente com a expressão de “pluralismo Gezi ” devem ter aprendido a lição.
19. O único objetivo do Partido Comunista é se tornar uma organização revolucionária independente que possa mudar o equilíbrio do país, que possa estragar o jogo nessas noites de golpe ou campanhas reacionárias. E o nosso apelo final para o povo trabalhador é que devemos confiar em nosso próprio poder, caminhar todos juntos e tomar a iniciativa de parar de seguir este pesadelo.
O Comitê Central do Partido Comunista da Turquia
Declaração do Comitê Central do Partido Comunista da Turquia
1. A tentativa de golpe em 15 de julho último não foi entre grupos ideologicamente conflitantes, mas envolveu pelo menos duas ou mais facções que têm as mesmas identidades de classe e ideologia. Não é possível que esses grupos sejam completamente inconscientes dos planos e ações, assim como não é possível dissociá-los uns dos outros. No entanto, a tentativa de golpe de 15 de julho não é uma encenação sangrenta, totalmente planejada por Erdogan, como afirmaram alguns, mas é uma real tentativa de golpe.
2. Há duas dimensões do caminho que leva ao golpe. A primeira, é a “luta pelo poder” entre apoiadores de Erdogan e da Comunidade Gülen, que ganhou uma nova dimensão após o grande expurgo de seguidores de Fethullah Gülen. Esta luta está tornando-se cada vez mais acirrada, tanto no contexto político quanto no econômico, e há também uma dimensão internacional e diferentes tendências nos centros imperialistas que apoiam essas facções
3. A realidade é que a maioria dos oficiais participantes da tentativa de golpe são membros da Comunidade Gülen e é bem sabido que esta Comunidade possui ligações profundas e fortes nos EUA. É muito real a opinião de que, uma vez que a Turquia possui relações militares próximas aos EUA, sendo um membro da Otan, eventuais golpes de Estado na Turquia não poderão ocorrer sem a anuência dos EUA. A principal razão pela qual os membros do alto escalão das Forças Armadas Turcas (TSK, na sigla em turco), que não estão satisfeitos com o AKP, não tentaram antes qualquer golpe de Estado, foi o apoio do governo dos EUA ao AKP.
4. Este apoio vem reduzindo-se recentemente devido a várias razões. Alguns constituintes, mesmo sendo ligados aos EUA e alguns países europeus, já começavam a se preparar para o expurgo de Erdogan. A revolta do povo em 2013, com a participação de milhões de pessoas, os efeitos nocivos para os interesses do sistema na tensão criada na sociedade por Erdogan e, finalmente, o fracasso da política para com a Síria, afetam profundamente as relações entre Erdogan e alguns países imperialistas. Não é possível considerar a tentativa de golpe de Estado de 15 de julho sem ter em conta essa tensão.
5. Os golpistas, tendo conexões no exterior, não fazem de Erdogan um patriota ou anti-imperialista. Como político, em grande parte, Erdogan serviu aos EUA e aos monopólios internacionais e agora está selando algumas alianças e fazendo manobras, a fim de salvar a si mesmo, como um político que perde seu carisma entre as forças que o apoiaram durante anos. Sua aproximação a esse ou aquele foco internacional não muda seu caráter confessional e suas preferências ideológicas. Recep Tayyip Erdogan é um político burguês, inimigo da classe trabalhadora, um contrarrevolucionário, não é diferente dos golpistas que pretendem derrubá-lo.
6. A tentativa de golpe, relativamente aos poderes subjacentes, os métodos que foram usados e os fundamentos ideológicos, não desperta qualquer ponto de interesse popular. A opinião de que o país teria saído das dificuldades se o golpe fosse bem-sucedido, é infundada. É óbvio que significaria um golpe pró-americano, hostil ao povo.
7. Também não faz sentido algum apresentar a supressão do golpe como uma vitória popular ou celebrá-la como uma festa da democracia na trilha do AKP. Esta é uma abordagem que não questiona a legalidade do regime do AKP e ignora os fundamentos de classe do que vem acontecendo no país.
8. O argumento alegando que Erdogan ganhou mais poder após esta tentativa de golpe é real, até certo ponto. Sem dúvida, Erdogan tem a chance de infligir um duro golpe à Comunidade Gülen; mostrou-se como vítima, mais uma vez, consolidou suas multidões e testou o poder de algumas organizações aliadas. No entanto, restou-lhe um aparelho de Estado seriamente danificado e terá de enfrentar também o fato de que não há mais qualquer burocracia segura, devido à transição de inteiras camarilhas.
9. Sob estas circunstâncias, Erdogan pode preferir ligar-se totalmente às suas próprias fontes de poder nos dois aparatos do Estado; as Forças Armadas Turcas (TSK) e o Judiciário, ou eliminar não só os membros da comunidade Fethullah Gülen, mas também alguns constituintes kemalistas que costumavam ser seus aliados. Há sérias dificuldades para a total adesão das próprias fontes de poder no TSK e no Judiciário, ainda que seja relativamente mais fácil em algumas outras partes da burocracia. Erdogan não pode fazer este movimento – que significa desacelerar claramente a verdadeira islamização do Estado -, sem evitar envolver uma vingança final e absoluta nos níveis político e social. Entretanto, por outro lado, Erdogan não tem outra saída para consolidar as massas que o apoiam.
10. É possível que Erdogan tente se esforçar para acertar as relações com os EUA e reduzir a tensão interna. Após um curto período de terror e intimidação, já existem alguns sinais de que ele está se preparando para esses passos. As expectativas do CHP e do HDP também são nesse sentido. A dificuldade desta opção é Erdogan não ser capaz de continuar, e fazer política sem tensão, abrindo espaço para elementos radicais. A oposição no Parlamento na verdade não tem quaisquer problemas com Erdogan e o AKP.
11. Em cada situação há uma dissolução e uma crise multidimensional quanto à hegemonia do capital. O que é realmente perigoso não é essa dissolução, mas a desorganização da classe trabalhadora.
12. Outro perigo é a opinião, que se tornou popular após a tentativa de golpe, de que Erdogan é invencível. Cenários assustadores estão surgindo com esta opinião e um ambiente de pânico está sendo criado com as especulações, nem sempre reais. O governo do AKP sempre representou um risco para o país e, evidentemente, agora está ainda mais perigoso. Além disso, o ambiente de pânico que é criado legitima a agressão do AKP. No entanto, nem o AKP nem Erdogan são tão poderosos como dizem, nem a Turquia é um país que poderia ser obscurecido ou liquidado em um minuto. Por exemplo, durante e após os momentos de “comemoração”, os seguidores do AKP eram poucos nas ruas, apesar de todos os apelos para que tomassem as ruas. A posição correta é estar ciente do perigo, mas não causar pânico e, pelo contrário, tentar avaliar essa dissolução do ponto de vista das classes trabalhadoras.
13. O AKP e a ameaça fundamentalista não devem ser subestimados. O período de governo do AKP começou com a frase “o secularismo não corre perigo”, e levou o país à beira do abismo. Há uma missão para a oposição popular mais organizada e eficiente contra essa ameaça considerável. Esta missão não pode ser levada a cabo por meio da geração de pânico, depois de todos esses anos de devaneio. Não é aceitável que a oposição ao sistema esteja coroando sua negligência passada criando o pânico.
14. Nestas condições, a grande força do AKP e Erdogan permanece a sua oposição no sistema político. Os políticos desse sistema baseiam toda a sua política na normatização, transformação e convencimento do AKP. É notável e preocupante a atitude de alguns políticos que afirmam ser a esquerda” no parlamento.
15. Experiências ocorridas durante e depois do 15 de julho explicitaram o quanto facções no governo podem ser cruéis. Todos nós vimos como os golpistas podem agir de modo cruel. Vimos a barbárie encenada pelo governo. Não se pode permitir a abordagem “deixem que se matem uns aos outros”. Há um número desconhecido de civis mortos e soldados, que não tinham ideia do que estava acontecendo, foram linchados. O povo cobrará todas essas ações ilegais, os linchamentos, as torturas contra suspeitos e cidadãos já rendidos, sendo que os líderes dessas duas facções colaboraram juntos há anos, mas agora lutam entre si para responder ao apelo popular.
16. Não é correto explicar todas estas crueldades como “força”. Pelo contrário, há dissolução, medo e confusão no lado do governo. Só se pode espalhar o medo com medidas fortes, sólidas e consistentes, não com ações tolas e não planejadas. E essa dissolução pode se transformar em uma oportunidade para o povo.
17. Como sempre enfatizamos, a Turquia só pode se libertar dos grilhões por meio da luta da classe trabalhadora unida contra a hegemonia de classe apresentada por poderes obscuros, mas não com a dança das forças das trevas. Recusamos todo o tipo de análise e posicionamento que ignore esta realidade. É óbvio que os comunistas não darão crédito ao charlatanismo da vitória dos poderes democráticos e dizeres espertos de que todos se unam contra Erdogan. Há algum pânico criado com o dito “os seguidores da sharia cortarão nossas cabeças” entre aqueles que dizem que se trata da vitória dos poderes democráticos, e mesmo isso pode mostrar a dimensão da confusão. Reiteramos aqui que nunca nos uniremos aos representantes da classe capitalista, os EUA e a Otan que apoiaram ou foram agentes de revoluções ‘coloridas’. Isto não nos torna fracos, o que nos pode enfraquecer é a desorganização da classe operária que pode levá-la a seguir soluções falsas.
18. É necessário entender, uma vez mais, como a falta de organização e união criou uma lacuna entre o povo, que permitiu que as gangues da Comunidade Gülen colocassem no governo os grupos de seu interesse, engatilhando suas armas e até mesmo a máfia que está sendo muito bem organizada no país. Se formos mais longe, podemos afirmar que todos os que caminham lado a lado com os ideais humanitários, por uma sociedade sem classes, sem exploração, devem trabalhar juntos com o mesmo pensamento e uma organização sustentável. Este apelo é classificado como sendo um inimigo do povo, para que não seja seguido, legalizando o descuido e a preguiça. É necessário organizar, melhorar e fortalecer a organização de classe, livre das seitas religiosas, do fundamentalismo, do capital e dos centros imperialistas. Os que abençoam o povo não politizado, as massas desorganizadas, e os que têm alvos sem objetivos e sem forma, juntamente com a expressão de “pluralismo Gezi ” devem ter aprendido a lição.
19. O único objetivo do Partido Comunista é se tornar uma organização revolucionária independente que possa mudar o equilíbrio do país, que possa estragar o jogo nessas noites de golpe ou campanhas reacionárias. E o nosso apelo final para o povo trabalhador é que devemos confiar em nosso próprio poder, caminhar todos juntos e tomar a iniciativa de parar de seguir este pesadelo.
O Comitê Central do Partido Comunista da Turquia
Fonte: Resistência
Nenhum comentário:
Postar um comentário