Apesar de não figurar na lista da Mossack Fonseca, o nome do presidente russo Vladimir Putin estampa as manchetes de grande parte da mídia corporativa ocidental nesta segunda-feira (4). Apesar dos 11,5 milhões de registros vazados, não há uma referência sequer a empresas dos EUA. O que está de fato em jogo no suposto “maior vazamento” da História?
A Casa Branca, sede da Presidência dos Estados Unidos
O jornal que recebeu o vazamento, oSüddeutsche Zeitung, foi o primeiro a receber da administração militar norte-americana na Bavária uma licença de circulação na Alemanha após a Segunda Guerra Mundial.
A publicação relata detalhadamente a metodologia que a mídia corporativa usou para pesquisar os arquivos vazados pelo escritório panamenho de advocacia, e revela que a principal categoria de busca foi orientada para nomes associados a regimes submetidos a sanções da ONU.
O jornal The Guardian relata a mesma informação e menciona, especificamente, o Zimbábue, a Coreia Popular, a Rússia e a Síria.
Um rápido relance evidencia bem rapidamente que a filtragem midiática das informações vazadas segue uma agenda governamental direta do Ocidente. Não há menção alguma à contratação dos serviços da Mossack Fonseca por parte de grandes corporações ou bilionários ocidentais.
A aparição do primeiro-ministro britânico David Cameron nos Panama Papers, longe de ser exceção, acontece no momento em que ele prepara um referendo de saída de seu país da União Europeia, o que desagrada boa parte da Europa ocidental e, particularmente, a Alemanha.
A seletividade das informações publicadas não é nada surpreendente, porém, dado que o vazamento está sendo gerido pelo pomposamente autodenominado "Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos" (ICIJ, na sigla em inglês).
Trata-se, na verdade, de uma entidade financiada e organizada inteiramente pela organização norte-americana Center for Public Integrity (CPI) – “Centro para a Integridade Pública”, cujos financiadores incluem a Fundação Ford, a Fundação Carnegie, o Fundo da Família Rockefeller, a Fundação W.K. Kellogg e a Fundação Open Society (criada por ninguém menos que George Soros).
Ou seja: como advertiu o ex-embaixador britânico Craig Murray ainda no domingo (3), “não espere uma verdadeira exposição do capitalismo ocidental. Os segredos sujos das corporações ocidentais permanecerão inéditos”.
“A mídia corporativa (…) tem acesso exclusivo ao banco de dados que você e eu não podemos ver. Eles estão se protegendo de até mesmo olhar as informações confidenciais das corporações ocidentais olhando apenas para os documentos levantados por buscas específicas, como violadores das sanções da ONU. Nunca se esqueça de que o Guardian destruiu suas cópias dos arquivos Snowden por instrução do MI6”, observou Murray.
Os Panama Papers não citam o nome de Vladimir Putin: implicam pessoas próximas ao presidente ligadas a cerca de US$ 2 bilhões escondidos em paraísos fiscais. Apesar disso, o rosto de Putin estampa nesta segunda-feira a maior parte das capas dos grandes jornais do Ocidente, o que não é exatamente uma prática incomum. Segundo reitera o Kremlin, a demonização do presidente russo é uma das facetas mais corriqueiras da estratégia midiática de poder usada pelos EUA e seus aliados a fim de enfraquecer o projeto russo de um mundo multipolar.
Além de focar em Moscou e ignorar as corporações norte-americanas, o escândalo do dia também mira o presidente da África do Sul, Jacob Zuma, que está sofrendo um processo de impeachment em seu país por supostamente ter usado dinheiro público para reformar sua residência particular.
Além da Rússia e da África do Sul, a lista vazada dos clientes da Mossack Fonseca que teriam empresas offshore não declaradas também implica altos membros do governo chinês, bem como uma série de companhias transnacionais indianas e figuras políticas e empresariais do país.
Por fim, completando o Brics, o Brasil também figura fortemente na relação do ICIJ, com nomes como Eduardo Cunha, Joaquim Barbosa e dezenas de outros envolvidos na Operação Lava Jato (e não, Lula não está na lista).
“Observe que o vazamento não tem uma empresa norte-americana sequer, nem um figurão (que eles chamam de power player), mas em todos os lugares tidos como ‘problemáticos’ pela diplomacia americana aparecem citados, especialmente nos Brics. Ou este pessoal dos Estados Unidos usa outras offshore ou são extremamente honestos desde o ano de fundação da Mossack&Fonseca, em 1977. Não é estranho, nenhuma citação sequer? A pulga está atrás da orelha…”, escreve o jornalista Ricardo Costa, no Viomundo.
Não se trata de teoria da conspiração. Basta ver o que a mídia controlada pelas grandes corporações estrangeiras não quer que você veja.
A publicação relata detalhadamente a metodologia que a mídia corporativa usou para pesquisar os arquivos vazados pelo escritório panamenho de advocacia, e revela que a principal categoria de busca foi orientada para nomes associados a regimes submetidos a sanções da ONU.
O jornal The Guardian relata a mesma informação e menciona, especificamente, o Zimbábue, a Coreia Popular, a Rússia e a Síria.
Um rápido relance evidencia bem rapidamente que a filtragem midiática das informações vazadas segue uma agenda governamental direta do Ocidente. Não há menção alguma à contratação dos serviços da Mossack Fonseca por parte de grandes corporações ou bilionários ocidentais.
A aparição do primeiro-ministro britânico David Cameron nos Panama Papers, longe de ser exceção, acontece no momento em que ele prepara um referendo de saída de seu país da União Europeia, o que desagrada boa parte da Europa ocidental e, particularmente, a Alemanha.
A seletividade das informações publicadas não é nada surpreendente, porém, dado que o vazamento está sendo gerido pelo pomposamente autodenominado "Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos" (ICIJ, na sigla em inglês).
Trata-se, na verdade, de uma entidade financiada e organizada inteiramente pela organização norte-americana Center for Public Integrity (CPI) – “Centro para a Integridade Pública”, cujos financiadores incluem a Fundação Ford, a Fundação Carnegie, o Fundo da Família Rockefeller, a Fundação W.K. Kellogg e a Fundação Open Society (criada por ninguém menos que George Soros).
Ou seja: como advertiu o ex-embaixador britânico Craig Murray ainda no domingo (3), “não espere uma verdadeira exposição do capitalismo ocidental. Os segredos sujos das corporações ocidentais permanecerão inéditos”.
“A mídia corporativa (…) tem acesso exclusivo ao banco de dados que você e eu não podemos ver. Eles estão se protegendo de até mesmo olhar as informações confidenciais das corporações ocidentais olhando apenas para os documentos levantados por buscas específicas, como violadores das sanções da ONU. Nunca se esqueça de que o Guardian destruiu suas cópias dos arquivos Snowden por instrução do MI6”, observou Murray.
Os Panama Papers não citam o nome de Vladimir Putin: implicam pessoas próximas ao presidente ligadas a cerca de US$ 2 bilhões escondidos em paraísos fiscais. Apesar disso, o rosto de Putin estampa nesta segunda-feira a maior parte das capas dos grandes jornais do Ocidente, o que não é exatamente uma prática incomum. Segundo reitera o Kremlin, a demonização do presidente russo é uma das facetas mais corriqueiras da estratégia midiática de poder usada pelos EUA e seus aliados a fim de enfraquecer o projeto russo de um mundo multipolar.
Além de focar em Moscou e ignorar as corporações norte-americanas, o escândalo do dia também mira o presidente da África do Sul, Jacob Zuma, que está sofrendo um processo de impeachment em seu país por supostamente ter usado dinheiro público para reformar sua residência particular.
Além da Rússia e da África do Sul, a lista vazada dos clientes da Mossack Fonseca que teriam empresas offshore não declaradas também implica altos membros do governo chinês, bem como uma série de companhias transnacionais indianas e figuras políticas e empresariais do país.
Por fim, completando o Brics, o Brasil também figura fortemente na relação do ICIJ, com nomes como Eduardo Cunha, Joaquim Barbosa e dezenas de outros envolvidos na Operação Lava Jato (e não, Lula não está na lista).
“Observe que o vazamento não tem uma empresa norte-americana sequer, nem um figurão (que eles chamam de power player), mas em todos os lugares tidos como ‘problemáticos’ pela diplomacia americana aparecem citados, especialmente nos Brics. Ou este pessoal dos Estados Unidos usa outras offshore ou são extremamente honestos desde o ano de fundação da Mossack&Fonseca, em 1977. Não é estranho, nenhuma citação sequer? A pulga está atrás da orelha…”, escreve o jornalista Ricardo Costa, no Viomundo.
Não se trata de teoria da conspiração. Basta ver o que a mídia controlada pelas grandes corporações estrangeiras não quer que você veja.
Fonte: Sputnik
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