Por Dedé Rodrigues
Esta
semana eu assisti um documentário na Rede Futura sobre
a forma como os ricos de Nova Iorque financiam os políticos e os
partidos nos
Estados Unidos, especialmente os membros do Partido Republicano, para a
defesa dos seus
interesses de classe. Dessa forma, com a corrupção política, eles mantêm os seus privilégios e
interesses
, mas também influenciam
todo o mundo com a lógica neoliberal que favorece o capital rentista e o
lucro especulativo em detrimento da produção, da distribuição de
renda e dos benefícios sociais. Como
esta prática contamina a política no Brasil e em Tabira? E o que o nosso
voto
tem a ver com tudo isto?
A lógica do sistema capitalista, na qual tudo vira
mercadoria, já causou diversas crises e, na era neoliberal, a crise que começou
em 2007 vem provocando o desemprego e a fome para os trabalhadores,
especialmente nos Estados Unidos e na União Europeia. Os neoliberais lutam para implantar no mundo
a lógica privatista e rentista, na qual a produção, a distribuição de renda e
os benefícios sociais devem ficar sob a responsabilidade do mercado e, o papel
do Estado nestas e noutras questões de interesse da maioria deve ficar cada vez
menor. Nos Estados Unidos, segundo o documentário, os bilionários de Nova
Iorque financiam até deputados ligados a extrema direita ou aos neofascistas do
grupo Tea Party para defenderem esta ideologia no parlamento. Não é atoa que
nos anos 80 o governo republicano de Bush reduziu em 50% os impostos dos mais
ricos proporcionando uma gigantesca concentração da renda nas mãos de uma
minoria, enquanto a miséria do outro lado da ponte de Nova Iorque, onde moram
os pobres, só tem aumentado.
A concepção ideológica, pragmática e individualista
contaminou também a política no mundo capitalista, no Brasil e em Tabira. A
máxima, que não é de hoje de que “é dando que se recebe”, especialmente nas
eleições, contaminou todo o sistema eleitoral que está corrompido. Você tem
dúvida? É só a gente observar como a compra de votos nas eleições em nossa
cidade contamina políticos e partidos que teremos um retrato em miniatura do
que acontece, em larga escala, pelo Brasil e pelo mundo capitalista. As
eleições ficam cada vez mais caras impedindo que os candidatos e os partidos
que representam os trabalhadores e os mais pobres cheguem ao poder e consequentemente
sejam beneficiados pela própria democracia, pois esta democracia liberal virou
uma ditadura do capital.
A
política é uma ciência e, como tal, deveria ser uma
disciplina obrigatória em todas as escolas do Brasil e do mundo. Ela
deveria ser ensinada desde o primário até
os cursos superiores e, ainda está na pauta diária de todas as
instituições, na igreja, na família
etc. Devido a banalização da política pelos grandes meios
de comunicação temos muitos analfabetos políticos. Frases como estas:
"não voto de graça para deputados" “não gosto de política”, “todo
político é
igual”; “ todo político calça 40”; “eu voto no candidato e não no
partido”; “só
voto em quem me ajudar” ; “vou votar em branco”; “Vou anular o meu
voto”; “não tenho em quem votar” ; não conheço quem
presta na política”, só confirmam a existência e a ignorância política
deste
tipo de analfabeto que está em todas as
classes, independente do status social e
da formação acadêmica. Um exame mais
atento sobre a história, a ideologia e o programa do partido dos
candidatos
evitaria a pronúncia destas frases que só poluem os nossos ouvidos.
O
voto é um
instrumento muito importante para a manutenção ou a ruptura com este
sistema
corrupto. As pessoas e boa parte dos militantes políticos e candidatos
que
vendem o voto são vítimas deste sistema eleitoral capitalista
corrompido. Até militantes
valorosos se rendem ao pragmatismo. Mas é claro que as cúpulas de Nova
Iorque
ao Brasil têm consciência disto, embora não admitam publicamente, pois
este
sistema os beneficia. A grande maioria dos políticos se rendeu a esta
situação,
não tenho a ilusão de que a gente vai romper radicalmente com tudo isto
de uma
hora para outra. Acredito até que há progressos nesta área que não
podemos
omitir, a exemplo das vitórias de Obama nos Estados Unidos, Lula e Dilma
no Brasil.
Mas o fato é que o problema, mesmo com a vitória deles, permanece e se
agrava. Agora,
por exemplo, com as eleições gerais de 2014, a coisa fica clara quando
se trata
do voto para deputados, logo eles que têm uma tarefa importante de
elaborar as nossas leis e dar sustentação a um dos símbolos mais
importante da democracia atual, o parlamento. É impressionante quando
ouvimos frases como
esta: “fulano recebeu tanto para apoiar sicrano”. E a história do
candidato? O
seu trabalho? Os seus projetos? A sua ideologia? O seu partido? Seu
compromisso
de classe? Nada disto é levado em conta pelos “líderes” compradores de
votos e depois
pelas pessoas que se vendem para eles. Quando muito aparece no município
uma
obrinha ali, outra acolá, como justificativa. E, assim, alimenta-se a
corrupção
de toda ordem neste sistema eleitoral e, o parlamento nas três esferas:
federal,
estadual e municipal continua desacreditado, pois a composição, na sua
maioria
de compradores de votos profissionais, impede as mudanças mais profundas em benefício
dos
trabalhadores no país, nos estados e nos próprios municípios. Por
isto torna-se urgente uma reforma
política que proíba o financiamento privado das campanhas eleitorais no
país e,
só Dilma, dos candidatos atuais a presidente da República, defende esta
bandeira. Aécio Neves nem toca no
assunto, pois ele é o representante dos ricos, dos conservadores e do
neoliberalismo no Brasil.
Apesar dos importantes avanços dos governos em vários continentes
no mundo que enfrentam o neoliberalismo, o mundo real capitalista no qual
vivemos é este: corrupção política de cima a baixo, concentração de renda nas
mãos de uma minoria e miséria para a maioria, destruição do meio ambiente,
rearmamento das potências imperialistas, guerras setoriais, perigo de uma
guerra nuclear etc. Precisamos apoiar os governos antineoliberais e anti-imperialistas
pelo mundo a fora, a começar pelo governo da Presidenta Dilma no Brasil. Cada
pessoa que toma consciência disto pode e deve fazer alguma, a começar, por intermédio
do voto livre e consciente a partir do nosso município, em especial, o voto
para deputados. Torna-se urgente e
necessário à classe trabalhadora e as lideranças populares, romperem com esta política
pragmática, imediatista, oportunista e carreirista sob pena de levarmos o mundo,
o Brasil e Tabira a uma situação de barbárie. Eu não tenho dúvidas que poderemos com
esta prática burguesa levada aos extremos, como querem os neoliberais, destruir
a própria civilização e a vida no planeta terra. É hora de resistir da melhor
forma possível.
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