quinta-feira, 26 de julho de 2012

POETA CANCÃO RIMA SOBRE O SERTÃO E CONTINUA INSPIRANDO GERAÇÕES.




Por Dedé Rodrigues.
O nosso patrimônio cultural da poesia, José Batista de Siqueira, o Saudoso Cancão (1912 – 1982) de São José do Egito continua inspirando gerações com seus versos peculiares. Em 2012 celebram-se os 100 anos do nascimento do “Deus da poesia” do Sertão do Pajeú.
No mundo atual, no qual, os governos neoliberais cultuam um novo “deus mercado” que é a força motriz desse modelo de sociedade consumista e predatório, devastam-se o meio ambiente, geram-se guerras para piorar as “nossas vidas”. A poesia de Cancão pode servir como uma espécie de resistência cultural e política na medida em que é utilizada com essa finalidade. É o que pretendo fazer transcrevendo o poema de sua autoria denominado “incêndio”. Quem sabe o poema de cancão não servirá também para sensibilizar o nosso sertanejo que ainda usa as “queimadas assassinas” no cultivo das suas lavouras?

Sobe ao lado direito da ladeira
Turbilhão de fumaça espiralada
A labareda se eleva acompanhada
Do estalo ruidoso da madeira.

Animais se dispersam na carreira
No bafo sufocante da queimada
Passa a ave piando embaraçada
Da quentura que atinge a mata inteira.

Lavas cruzam, volteiam, se embaralham
Se misturam, mergulham, se esbandalham
Numa fúria de demônios poderosos.

Já tudo devastado, apenas brilha
O braseiro, que ainda se enrodilha
Crepitando nos troncos resinosos.


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