quinta-feira, 12 de março de 2015

A irresponsabilidade histórica da extrema esquerda


Pedro Luiz Teixeira de Camargo (Peixe) *

Hoje pela manhã, ao ler os editoriais de diversas organizações de esquerda, me deparei, com decepção, com o sectarismo cego de algumas agremiações políticas, em especial PCB e PSOL, ao analisarem o ato do dia próximo dia 13.


É realmente inacreditável que tais partidos acreditem piamente que os atos convocados são governistas ou em defesa única e exclusivamente do PT ou de Dilma. Não são! Será que os panelaços do último domingo à noite (8) não mostraram para esta turma o que está em jogo?

Que temos uma burguesia sedenta de ódio pelos avanços atingidos nos últimos 12 anos e que querem a qualquer custo buscar um golpe para tirar do poder uma presidenta eleita democraticamente?

Defender a democracia, assim como uma Reforma Política que acabe com o financiamento privado de campanha e a Petrobrás como patrimônio nacional é pauta única de toda a esquerda e do campo popular progressista! Como podem tais setores ser tão míopes a ponto de querer repetir os mesmos erros que nos levaram ao famigerado Golpe de 1964?

É de dar dó a falta de compreensão política do momento vivido, no site do PCB (http://pcb.org.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=8211:pcb-nao-participa-de-atos-governistas&catid=25:notas-politicas-do-pcb) existe uma nota dizendo que “não participam de atos governistas”. Pois bem, vão ficar então em cima do muro? Nem lá nem cá? Vão esperar a direita terminar de orquestrar seu golpe branco com o auxílio da mídia? Assim como no 2° Turno das eleições, em que defenderam o voto nulo, o PCB envergonha sua história, mostrando estarem, literalmente, em outra galáxia no campo da análise política.

O PSOL, que tem deputados fazendo excelentes trabalhos no legislativo, como Jean Wyllys e Marcelo Freixo, mais uma vez decepciona, dando provas concretas da irresponsabilidade histórica típica das agremiações trotskistas. Assim como na Guerra Civil Espanhola, querem buscar uma fronte que não existe neste momento! Ao mesmo tempo em que buscam “construir uma ampla frente por reformas populares” (http://psol50.org.br/site/noticias/3161/psol-reafirma-que-a-saida-da-grave-crise-e-pela-esquerda), desautorizam seus simpatizantes e militantes a estarem no ato em defesa da democracia no dia 13.

Ora bolas, como construir uma frente ampla por reformas populares sem dialogarem com outras forças políticas que estarão no evento, como a UNE, o MST, o MTST, a CUT e partidos políticos como o PT e o PC do B? Só se essa frente ampla se reduzir ao 1% de votos que Luciana Genro teve, ou seja, quase nada! É totalmente incoerente buscar unidade sem participar das atividades agendadas pelos principais movimentos sociais do país!

Quero destacar, que apesar do esquerdismo em algumas pautas, o PCML(http://inverta.org/jornal/edicao-impressa/476/editorial/o-partido-comunista-marxista-leninista-e-a-luta-contra-o-golpe-imperialista) e o PCO (http://www.pco.org.br/movimento-operario/nem-nem-a-esquerda-pequeno-burguesa-entrega-as-ruas-para-a-direita/abbo,e.html ) estão de parabéns ao conseguir reconhecer o inimigo comum e buscarem, em conjunto com os movimentos sociais, encher as ruas e pressionar o governo não só pela Reforma Polícia, mas mostrar, que acima de tudo, estão ao lado da democracia, que não esqueceram os mais de 20 anos de ditadura que vivemos neste país!

Sinceramente, me sinto decepcionado em ver tantos colegas de esquerda estar fazendo o mesmo papel alienado que os telespectadores globais ou leitores da Veja, ficarem em cima do muro neste momento histórico de acirramento da luta de classes só mostra o caráter ingênuo e despreparado de tais partidos como condutores da classe trabalhadora rumo a um novo sistema político diferente do capitalismo.

Dia 13, é dia de defender a democracia, a Petrobrás e denunciar as tentativas golpistas tramadas pelo capital rentista em conjunto com as grandes mídias. Foi assim com Jango (1964), foi assim com Allende (1973). Recentemente foi assim com Lugo no Paraguai e Zelaya em El Salvador. A história nos mostra, a história nos ensina; não podemos deixar que se repita no Brasil! 

Quanto às agremiações políticas citadas que não enxergam isso; fica a dica: a leitura de um bom livro de história não faz mal nenhum...
Até a próxima!
* Biólogo, Especialista em Gestão Ambiental, Mestrando em Sustentabilidade pela UFOP/MG e Diretor de Universidades Públicas da ANPG

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