Depois de artistas globais, Armínio Fraga, Lily Marinho, Luis Frias, entre outros, mais um nome de brasileiro com conta na agência suíça do HSBC foi revelado neste domingo (29). Desta vez, o ex-delegado da Polícia Civil de São Paulo e empresário do ramo de segurança Miguel Gonçalves Pacheco e Oliveira aparece na lista de clientes. O valor de sua conta bancária é bem gordo: 194 milhões de dólares.
Causa estranhamento o ex-delegado hoje aposentado dispor dessa quantia em Genebra. Ele recebe R$ 10 mil líquidos pelos serviços prestados à Polícia Civil. Segundo o jornalista Fernando Rodrigues, que tem acesso aos dados e clientes, em 1998, ele virou notícia pela primeira vez- numa meticulosa reportagem de Mario Cesar Carvalho - por conta dos bens e imóveis que possuía e pelo fato de, apesar de estar na ativa, ser dono de duas empresas privadas de segurança: a Vanguarda Segurança e Vigilância e a Nacional.
A reportagem descreve a rotina de luxo do delegado. “Oliveira é delegado de polícia, pago para cuidar da segurança pública, mas enriqueceu com a falta dela….A dúvida ética é óbvia: é lícito que profissionais pagos pelo Estado para cuidar da segurança pública lucrem com a falta dela?”, diz trecho.
Além de empresário da segurança, o ex-delegado também teve incorporadoras. De 1994 a 2003, foi dono de pelo menos três: a MGPO, que fazia “locação, arrendamento, loteamento e incorporação de imóveis”, a Ibiuna Marina Golf Club, que construiu condomínios de luxo em Ibiúna (SP) e a Esplanada Pinheiros Empreendimentos Imobiliários. Em 2011, migrou para o setor de limpeza, fundando a Interativa Service.
Ele dispõe de diversos imóveis em seu nome, um de seus apartamentos fica no prédio da senadora Marta Suplicy nos Jardins e é justamente o endereço que aparece nos documentos do HSBC. O imóvel tem 633 metros quadrados e cinco vagas na garagem. Há 12 anos, custou-lhe R$ 1,1 milhão.
De acordo com os dados do vazamento, Oliveira aparece relacionado a duas contas numeradas. A primeira foi aberta no dia 10 de novembro de 2005 e a segunda, em 29 de dezembro daquele ano. Em 2006/2007, as duas estavam ligadas a três empresas offshores, que não apareciam relacionadas a mais ninguém dentro do banco. Trata-se da Hollowed Turf, com endereços na Suíça, em Liechtenstein, Ilhas Virgens Britânicas e Seychelles, da Hallowed Ground Foundation e da Springside Corporation.
O correntista foi revelado pelo jornalista Fernando Rodrigues, do UOL, e o jornalO Globo, que têm acesso aos dados do vazamento. O caso vem sendo noticiado desde 8 de fevereiro, pelo ICIJ (Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos), composto por 185 jornalistas de mais de 65 países, que publica reportagens com base nas planilhas vazadas em 2008 pelo ex-técnico de informática do banco Hervé Falciani.
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