Agricultoras e agricultores agroecológicos do Agreste de Pernambuco finalizaram as construções de dois viveiros para a produção de mudas frutíferas e nativas da Caatinga. Com o objetivo de desenvolver a agricultura agroflorestal, a partir da ampliação das áreas reflorestadas com os Sistemas Agroflorestais (SAF’s), contribuindo com a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas.
A implantação dos viveiros iniciou com as escolhas dos municípios, depois foram selecionadas as famílias. A escolha se deu na reunião da Comissão Territorial de Jovens Multiplicadores/as que foi realizada em março, que contou com a participação dos municípios de Bom Jardim, Vertente do Lério e Cumaru. Participaram também os Sindicatos de Trabalhadoras e Trabalhadores Rurais, a Associação de Agricultores/as Agroecológicos de Bom Jardim (Agroflor) e Associação de Agricultores/as Agroecológicos/as de Cumaru (Associagro).
Os dois viveiros foram construídos nos municípios de Bom Jardim e Cumaru. O primeiro foi realizado na propriedade da família do jovem agricultor Tone Cristiano, no Sítio Feijão. E em Cumaru foi construído na propriedade da família da agricultora Joelma Pereira, no Sítio Pedra Branca. Os viveiros têm uma área de 25 m² cada, com um simples sistema de irrigação, e com a capacidade de produzir 2.500 mudas a cada semestre. Todo o viveiro é coberto com tela de sombreamento de 50% e foram construídos de forma coletiva por pedreiros das comunidades com a participação das famílias envolvidas.
No viveiro construído em Bom Jardim as famílias já iniciaram a produção de poucas mudas em mutirões com participação de jovens, mulheres e agricultores. As mudas serão produzidas para serem distribuídas com a comunidade. Quanto ao viveiro do município de Cumaru, as famílias da comunidade acharam melhor esperar um pouco para iniciar a produção de mudas, pois a região está passando por uma forte estiagem e sem água é impossível produzir mudas. Nos dois viveiros foram feitos acordos onde as primeiras mudas sejam distribuídas para a implantação de novos SAFs e ampliação de já existentes. Os jovens das comunidades estão se organizando para, após a distribuição, comercializarem com as famílias das comunidades vizinhas e levarem paras as feiras, pois os viveiros contribuem para o desenvolvimento dos SAF’s na região, mas também como um estratégia de geração de rendas para a comunidade.
Oficinas comunitárias - Para a construção dos viveiros foram realizadas duas oficinas, uma em Cumaru e uma em Bom Jardim. Participaram da oficina jovens multiplicadores e multiplicadoras e agricultores e agricultoras das comunidades, além representantes da Agroflor, da Associagro, e das Associações de Agricultores /as dos municípios de Agrestina, Jataúba e Tacaimbó, além de representantes de diversos Sindicatos de Trabalhadores Rurais.
As oficinas tiveram uma dinâmica de conhecer uma experiência com Sistemas Agroflorestais (SAF’s) e aprofundar a importância desta forma de fazer agricultura para outras famílias que ainda não a conhecem. Assim como momentos de reflexão sobre a prática que as famílias vêm fazendo e sobre sua trajetória, discutindo estratégias de criação de Fundos Rotativos Solidários e também já iniciando práticas de produção de mudas e manejo de viveiros e SAFs.
Durante a oficina, foi realizada uma visita até a casa da família do agricultor Antônio Custódio, em Bom Jardim, e do casal João e Irene Pereira, em Cumaru, para conhecer as experiências de SAFs que as famílias vêm desenvolvendo. Segundo Antônio Custódio, desde que iniciou o trabalho com essa nova agricultura deixou de queimar. “Não usamos mais venenos na propriedade, estamos sempre plantando mudas frutíferas e nativas, participamos de diversos momentos de formação com visitas a outras famílias, cursos e reuniões na comunidade”, comentou Antônio Custódio, que é também agricultor sócio da Agroflor.
O agricultor Rafael Justino Braz, um dos diretores da Agroflor, também fez a apresentação do Triângulo da Vida para os participantes, aprofundando o entendimento sobre a agricultura agroflorestal e sucessão das espécies. Foi discutida a importância dos viveiros para o fortalecimento da agricultora agroflorestal. “A gente não consegue aumentar a área de agrofloresta sem pensar em produzir mudas, pois sem plantar mudas não temos agrofloresta” falou o jovem agricultor Tone Cristiano.
Na oficina de Bom Jardim foi feito o preparo do extrato para a produção de mudas, com terra e esterco curtido. A atividade juntou todas as pessoas que estavam na oficina e iniciaram um mutirão para trabalhar enchendo os saquinhos com o extrato preparado para o plantio das mudas. No final das oficinas foi discutido também sobre a gestão do viveiro, pois estão localizados nas propriedades de duas famílias, mas toda a comunidade terá um papel importante no dia a dia dos trabalhos no viveiro, ficou encaminhado que as famílias irão cuidar do viveiro de forma coletiva.
As construções integram uma ação do Centro Sabiá, com apoio de Misereor e da Embaixada dos Países Baixos.
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Fonte: Caliandro Daniel e Carlos Magno (Centro Sabiá)
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