quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Europa registra níveis inaceitáveis de desigualdade e injustiça social


O relatório da organização não-governamental Oxfam, apresentado nesta quarta-feira (9), em Madri, apontou que a Europa registra níveis “inaceitáveis” de desigualdade em 2015, com mais de 25% da população da União Europeia (UE) vivendo em risco de pobreza e de exclusão social. 


Austeridade condena população grega à miséria
Austeridade condena população grega à miséria

Os dados do estudo intitulado “Europa para a maioria, não para as elites”, apontam que 123 milhões de pessoas vivem atualmente em risco de pobreza na região, enquanto 342 cidadãos europeus são considerados bilionários. O estudo qualificou os atuais níveis de desigualdade na UE como uma “injustiça inaceitável”.

Para a conceituada especialista da universidade norte-americana de Columbia Stephany Griffith-Jones, que escreveu o prefácio do relatório, o diagnóstico da Oxfam está correto. "Os níveis de pobreza e de desigualdade na Europa, agravados pela crise econômica e pelas medidas de austeridade, são inaceitáveis. É hora de se adotarem medidas com o objetivo de promover a recuperação do investimento e do emprego, bem como para cicatrizar as feridas abertas pela perda em massa de postos de trabalho, pela redução dos salários reais e pelos cortes nos serviços públicos, especialmente em países como a Grécia, Espanha e Portugal, mas também em toda a Europa”, escreveu no relatório. 

Em 2013, cerca de 50 milhões de pessoas no bloco europeu não conseguiam satisfazer suas necessidades materiais básicas, o que representou aumento de 7,5 milhões de pessoas em relação aos dados de 2009. Este cenário atingia então 19 dos 28 Estados-membros, incluindo Portugal, Espanha, Grécia, Irlanda e Itália.

No mesmo período, o número de bilionários aumentou de 145 para 222 e continuou a crescer até hoje, para os atuais 342. Cerca de 85% dos bilionários do espaço comunitário são homens com mais de 60 anos. Além disso, entre 2010 e 2013, o setor dos bens de luxo na Europa registou um aumento de 28%.

Um problema de emprego

Um dos problemas centrais das desigualdades na Europa tem a ver com a incapacidade dos governos da União Europeia conduzirem uma política econômica que permita combater o desemprego e a recessão. Ao contrário, a aposta na austeridade traduziu-se num brutal acréscimo do desemprego na generalidade dos países da Europa entre 2007 e 2013. Como mostram os dados trabalhados pela investigadora Ana Rita Matias (2015).

Entre 2007 e 2013, verificou-se um aumento generalizado do desemprego nos vários países, com um acréscimo global de 2,4% na OCDE. Como se percebe, na Grécia, Espanha ou Portugal esse aumento foi brutal, com respectivamente mais 19, 18 e 9 pontos percentuais de aumento. Mas o problema é ainda mais grave para o desemprego de longa duração. Vejamos:

O grau de desigualdade econômica e de concentração de rendas varia em cada país do bloco, mas a Bulgária e a Grécia registram os piores resultados em quase todos os indicadores analisados para determinar o risco de pobreza. 

Portugal tem uma das mais altas taxas de desemprego de longa duração, tendo aumentado 9,1% desde 2007. Mas entre os casos mais graves encontram-se justamente países que foram alvo de planos de resgate ou similares por parte das instituições europeias e do FMI, nomeadamente a Irlanda (aumentou 31,1%), Espanha (29,3%) e Grécia (18%). Além da elevada taxa de desemprego, a Grécia apresenta uma das diferenças mais amplas entre as rendas das classes mais ricas e das classes mais pobres.

Diferenças salariais

A política do desemprego não afeta apenas as condições de vida da população desempregada, como está intrinsecamente ligada com a redução dos salários, que são um dos elementos mais estruturantes de afirmação e reprodução das desigualdades.

O Reino Unido tem o nível mais elevado de desigualdade salarial.

Equiparação salarial

A diferença salarial por gênero também continua sendo uma realidade na Europa e são as mulheres da Alemanha, Áustria e República Tcheca que têm as maiores disparidades salariais na comparação com os trabalhadores do sexo masculino.

Distribuição de riqueza

A natureza das políticas de emprego, de salário e de proteção social, isto é, a definição de políticas públicas de condução econômica, podem potenciar ou mitigar as enormes distribuições assimétricas de riqueza nas sociedades contemporâneas. Olhemos para os dados de Antônio Firmino da Costa e outros (2015), quando se referem à “constituição de um espaço europeu de desigualdades”.



Do Portal Vermelho, com informações da Esquerda.net e Agência Brasil

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