segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Frias Filho e o último trem de horror


Sergio Barroso *

Enfim, infindáveis meses de conspirata antipovo, a aliança do consórcio oposicionista (mídia golpista+ sistema financeiro internacional+ FHC e PSDB et caterva) aninhou-se no editorial de domingo (139) da Folha de S. Paulo. 


Porta-voz credenciada de uma renitente facção bastarda e apátrida da burguesia, a declaração foi sancionada e autorizada por Otavio Frias Filho, diretor de redação do jornal. Sim, o mesmo que buscou humilhar o presidente Lula inquirindo-lhe como ele faria sendo um presidente da República que não sabia falar inglês. Diz-se que Lula levantou-se ato contínuo da fracassada reunião.

Jornal conhecido no mundo inteiro por nos “anos de chumbo” ter determinado suas camionetas transportar presos (as) políticos (as) para serem levados (as) clandestinamente à tortura e à morte nos porões fétidos da OBAN, a Folha defendeu de público derrogar os direitos e liquidar as políticas sociais conquistadas por nosso povo, e especialmente sustentadas contra a devastação neoliberal – sempre por ela apoiada.

Acusa ali o jornal, covardemente, todos os partidos apoiadores de Lula e Dilma promotores do “desmantelamento ético”. Prepotente, ameaça os integrantes do Congresso Nacional fazedores de “provocações e a chantagem”; diz também que os deputados e senadores “não podem se eximir das suas responsabilidades”, evidentemente as do interesse ideológico e programático do jornal. 

A conclamação reacionária exige cortar gastos sociais com uma “radicalidade sem precedentes”; cobra a “desobrigação parcial e temporária dos gastos compulsórios com saúde e educação”, bem como desmontar a “perdulária Previdência Social” em nome de supostas razões demográficas. Mentindo e manipulando como milita via de regra, escreve existir no Brasil uma “inflação descontrolada”. Ora, já foi oficializado: a própria recessão motivou recentemente sua desaceleração e haverá evidente queda da inflação daqui em diante. 

Trem de horror para Atenas

Eis o verdadeiro “ajuste” com que sonha impor esse sabujo porta-voz da reação golpista e de círculos financistas! Trata-se duma similar receita “grega” ou de políticas ultraliberais que devastaram social e economicamente aquele país, hoje sem qualquer horizonte social e econômico; e que necessitam universalizar. Enfiados no pântano da crise capitalista, essa é a fórmula mágica da salvação ansiosamente perseguida pela bruxaria neoliberal da “nova mediocridade”. Uma burguesia amedrontada agora pelo acicate dos “refugiados”.

De acordo com estudo recente divulgado pela BBC londrina (ver aqui), comprovadamente, o “ajuste” dos banqueiros europeus (principalmente alemães, franceses e espanhóis) decretado sobre a Grécia levou o país a: 1) 25% de queda do PIB nos últimos sete anos. 2) 52% dos jovens não têm emprego; o desemprego triplicou, alcançando 26% da força de trabalho; três quartos dos desempregados estão há 12 meses ou mais sem trabalhar. 3) 45% dos aposentados são pobres e muitos pensionistas vivem abaixo da linha de pobreza. 4) 40% das crianças estão sob a linha de pobreza (Unicef constatara 597 mil crianças vivendo abaixo da linha de pobreza em 2013). 5) 200 mil funcionários públicos a menos, desde 2009.

Mais ainda: além da dívida pública grega ter passado de quase100% do PIB para 174% do PIB, entre 2008 e 2014, a “muamba” grega vem simultaneamente cevando o crescimento de correntes nazistas na desaparecidas na Europa desde o final da Segunda Guerra Mundial.
Intitulado de “Última chance”, o editorial - sentença repleta de hipocrisia e bafejada a neofascismo -, conclui: se a Presidenta (eleita, empossada e governante) Dilma Rousseff não cumprir essas medidas só lhe restaria “senão abandonar suas responsabilidades” – isto é, a renúncia. 

Ora, o jornal, sua mídia e os que assim exortam, precisam ser repudiados, vigorosamente denunciados e acusada definitivamente de apologia e incitamento à saída da Presidenta da República de suas funções legais e legítimas. Porque agem à margem dos órgãos constitucionais detentores de prerrogativas intransferíveis. Porque querem a derrocada nacional para erigir uma nova e imensa senzala! 
* Médico, doutorando em Economia Social e do Trabalho (Unicamp), membro do Comitê Central do PCdoB

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