Um congressista
norte-americano é em média 14 vezes mais ricos que um cidadão comum. Eles estão
completamente desconectados da realidade social dos EUA.
Por Manuel E. Yepe
“Pela
primeira vez na história, o Congresso está dominado por uma maioria de
milionários. Se comparamos a média entre os congressistas com a média de renda
do cidadão comum estadunidense, esse congressista é 14 vezes mais ricos que o
cidadão comum. Os representantes da cidadania estão totalmente desconectados da
luta diária da maioria das pessoas, que vive entre um salário e outro, presas
na armadilha desgastante da luta cotidiana por sobreviver”.
Essa
é a observação de John W. Whitehead, presidente do Instituto Rutherford, em seu
livro “A Government of Wolves: The Emerging American Police State” (“Um governo
de lobos: emerge o estado policial estadunidense”).
“Ainda
que se suponha os Estados Unidos como uma república representativa, essas
pessoas ganham salários de seis cifras e habitam um mundo isento de multas, com
academia grátis e atenção de saúde prioritária, trabalham apenas duas ou três
vezes por semana, fazem 32 viagens dentro do país por ano, totalmente
reembolsadas – sem contar as viagens ao exterior – recebem descontos em
restaurantes e estão isentas de impostos nas lojas Capitol Hill, com
estacionamento reservado no aeroporto nacional de Washington, flores frescas
gratuitas nos jardins botânicos e assistência também gratuita na preparação de
suas declarações de imposto de renda. Eles nem representam nem servem aos
estadunidenses. Em vez disso, se autoproclamaram os amos do povo”.
Segundo
uma reportagem de Dan Eggen para o diário The Washington Post: “as novas cifras
mostram que existe uma clara e tendência de acumulação de riqueza no Congresso,
que não é recente e está levando a casa a ser integrada majoritariamente por
milionários e quase milionários, gente que possui várias casas e bens fora do
alcance da maioria dos eleitores que representam”.
“Muitos
dos nossos políticos vivem como reis. Passeiam em luxuosas limusines, voam em
aviões privados e consomem comidas gourmet, uma vida bem distante da realidade
dos que eles pretendem representar, mas financiada por esses contribuintes
estadunidenses. Esse luxuoso estilo de vida torna ainda mais difícil
identificá-los como cidadãos comuns, que vivem de salário em salário, e que
mantêm o país com o dinheiro que ganharam duramente, com o suor do seu
trabalho”.
Como
comentou o renomado economista Joseph Stiglitz, em entrevista para a revista
Vanity Fair, “praticamente todos os senadores dos Estados Unidos e a maioria
dos representantes da Câmara, integram o 1% mais rico do país, são protegidos
em seus cargos pelo financiamento dado em campanha por outros integrantes desse
1%, e sabem que se defendem corretamente os interesses desse 1% serão
recompensados quando deixem seus cargos. Em geral, as autoridades do poder
executivo em matéria de política comercial e econômica também integram o 1%.
Lamentavelmente,
segundo Whitehead, a política eleitoral tem sido tão profundamente corrompida
pelo dinheiro corporativo que há poucas possibilidades de que mesmo uma pessoa
bem-intencionada possa promover uma mudança real no Congresso. O caminho das
urnas, seja para o Salão Oval seja para o Capitólio, é bastante caro e até
mesmo a linha de partida está disponível somente para os ricos ou aqueles
apoiados pelos ricos.
No
âmbito das eleições presidenciais de 2012, os dois grandes setores da política,
democratas e republicanos, gastaram bilhões de dólares para promover seus
candidatos.
Uma
vez eleitos, esses burocratas ricos já privilegiados entram num mundo de
privilégios ainda maior, vergonhosamente financiados pelos contribuintes
estadunidenses. Todos eles, tanto democratas quanto republicanos, se aproveitam
ao máximo do que a imprensa costuma descrever como “uma montanha de mordomias
com as que a maioria das grandes fortunas do mundo não poderia rivalizar”.
Até
mesmo os conselheiros mais próximos ao presidente Obama são milionários,
incluindo os quinze membros do seu gabinete. Depois, estão os grupos de pressão
– se estima que existem 26 lobistas por congressista circulando por Washington,
fonte de muita corrupção, tráfico de influência e pagamento de propina.
Para
Whitehead, essa pressão é alimentada pelo estilo de vida do Congresso, que
exige que os congressistas passem a maior parte do seu tempo arrecadando fundos
para campanhas, e não respondendo as necessidades dos seus eleitores. “A pessoa
dedica a metade do seu tempo a pedir dinheiro a indivíduos ricos e a outros
interesses especiais, e isso leva inevitavelmente a se desconectar dos
problemas que estão presentes no país”.
Segundo
Brad Miller, representante democrata do estado da Carolina do Norte, “estamos
diante de um sistema de governo oligárquico, um sistema dos ricos, pelos ricos
e para os ricos. Se não pudermos garantir a sobrevivência do nosso suposto governo
representativo, a primeira coisa que deveríamos fazer es arrancar o controle
deste das mãos da elite endinheirada que o dirige”.
Tradução:
Victor Farinelli
Fonte: Carta Maior
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