domingo, 18 de outubro de 2015

TABIRA: QUAL É O PAPEL DO PROFESSOR DIANTE DA CONJUNTURA ATUAL?

REFLEXÃO DA SEMANA Nº 28

Por Dedé Rodrigues

Bom dia meus amigos e minhas amigas ouvintes do Programa Tabira em Tempo. Nesta  semana que passou foi comemorado o dia do Professor. Fomos homenageados pelos nossos alunos, ouvimos muitas mensagens enaltecendo e elogiando esta tão nobre profissão nos meios de comunicação, etc.  De antemão agradeço a todos pelas homenagens,  mas não poderia deixar de perguntar e tentar responder nesta minha reflexão qual é mesmo a função do professor? Para que serve a educação? Qual é o papel do professor diante de um modelo de sociedade que torna o país e o mundo tão desiguais, complexos e perigosos para se viver?  O que nós,  professores podemos e  devemos fazer para tornar o mundo um lugar melhor? Qual deve ser a postura do professor no Brasil diante da crise atual e da ameaça golpista?  É possível ser neutro em sala – de - aula e fora dela,  diante dos enormes desafios contemporâneos?


O debate sobre educação no país está em todo canto, inclusive no Congresso Nacional tem projetos em tramitação que tentam colocar um freio no que a oposição chama de doutrinação petista nas escolas. No fundo querem censurar a liberdade do educador de tomar posições políticas contra a ordem excludente atual. Não é  a função do professor ser um simples doutrinador partidário, embora tenha que tomar partido diante do mundo. Ele como,  todo ser humano,  precisa de uma filosofia de vida. Cabe ele a tarefa de provocar o estudante para pensar, tornar-se cidadão e tomar posições diante do mundo para transformá-lo ou mantê-lo como está.  Dentro da sala-de-aula há limitações imposta ao professor pelo próprio sistema, mas fora dela o professor é um cidadão como outro qualquer, e deve participar diretamente da luta que acredita.

Quando falam em doutrinação petista nas escolas é bom perguntarmos a oposição. Como fica a doutrinação ideológica do mercado capitalista nas escolas? A doutrinação consumista? O culto ao individualismo? A defesa do mercado como salvador da pátria?  O combate seletivo a corrupção petista? A generalização partidária? O culto ao apoliticismo? A doutrinação tecnicista da formação continuada do PSDB na Era FHC? A doutrinação disfarçada nos conteúdos dos livros didáticos escritos por conservadores? Quanta doutrinação e quanta ideologia conservadora professores tem reproduzido ao longo dos anos na escola elitista capitalista! Tudo conforme reza a cartilha da burguesia brasileira e mundial.

No processo educativo o professor trabalha valores e deve formar um cidadão que, ao final de cada curso,  seja melhor do que o que ele encontrou no primeiro dia de aula.  Uma das formas de ajudar a construir  este ser humano melhor é procurar democratizar ao máximo, a escola e a sala de aula, para que  num contraditório permanente, o aluno tendo acesso as teorias e as ideologias de esquerda e de direita, desperte o senso crítico e descubra sempre uma melhor síntese deste contraditório, ou seja: tese X antítese =  síntese. De forma que, neste caso, o professor já tem diante de si duas tarefas gigantescas para posicionar-se sobre elas:defender a sociedade capitalista  com os seus defeitos e virtudes reproduzindo os conteúdos prontos e acabados, como são apresentados nos livros didáticos, por intermédio de uma pseudo neutralidade,  ou contribuir, mediante outras fontes de pesquisas,   para formar outro ser humano melhor e, por tabela, outra sociedade melhor.

Tenho a convicção de que a função do professor vai muito além do que simplesmente repassar conteúdos prontos e acabados na tentativa de preparar os alunos para passar num concurso ou teste futuro e sobreviver no mercado de trabalho. Para isso o professor precisa ser um incansável pesquisador para poder no dia – a – dia contextualizar os conteúdos que ensina com a realidade do aluno. Nessa pesquisa, cada vez mais interdisciplinar e profunda, o professor vai entender que não há neutralidade no fazer pedagógico, pois de certa forma, o profissional da educação tem lado e toma partido. Neste sentido o professor, sempre procurando fazer o aluno pensar e descobrir,  pode e deve questionar o modelo de sociedade e de ser humano que  temos para construir outra sociedade e outro ser humano melhor. 

Vivendo em um mundo e num país onde a concentração de renda é cada vez mais gritante e causadora de exclusão social, pois no mundo apenas 1% da população detém mais do que 50% da renda, ou seja 1% tem mais do que 99%. E no Brasil com os  super-ricos  que ganham acima de 160 salários mínimos por mês, sendo só 0,05% da população economicamente ativa e  possuindo um patrimônio de R$ 1,2 trilhão, 22,7% de toda a riqueza declarada por todos os contribuintes do Brasil e a sabendo que  quanto mais rico no Brasil, menos imposto se paga, o professor não pode deixar de levar essa reflexão para sala de aula. Afinal este modelo de sociedade é justo?


Para forçar a barra, além de tudo que foi citado, o Professor brasileiro vivendo em um país onde, segundo o Portal Vermelho, 
“As forças mais conservadoras e reacionárias do país, ligadas ao imperialismo e aos interesses dos grandes rentistas, se preparam para tomar o poder contra o voto popular. 

Essa não é uma suposição, mas uma campanha aberta, com todos os requintes e detalhes que uma iniciativa desse tipo costuma ter. Estão mobilizados abertamente articulistas da grande imprensa, juristas conservadores, congressistas e até mesmo um simulacro farsesco de movimento social. 

Para além disso, eles já apresentaram o programa de seu governo golpista. Como este portal demonstrou em uma série de matérias especiais, os tucanos já afirmaram que privatizarão o que resta de empresas estatais, entregarão o pré-sal, destruirão as garantias trabalhistas e acabarão com a estabilidade do funcionalismo público, dentre outros ataques à nação e aos trabalhadores. 

Em resumo, a direita, de forma aberta e declarada, conduz um golpe e apresenta um programa de liquidação nacional para o governo que dele se oriunda. 

Esse quadro de tremenda urgência impõe uma pauta praticamente única aos setores democráticos: impedir o golpe e o programa de liquidação da nação. Neste momento de crise extrema, de ameaça iminente, é preciso assertividade e agudeza: evitar o golpe é a “mãe de todas as batalhas”, para todas as forças progressistas. 


Como pode o professor sabendo que querem nos  impor uma agenda neoliberal no país  ficar calado? Como pode o professor ser insensível diante desta realidade terrível? Impossível! Paulo Freire tinha razão, ou o Professor está do lado dos opressores ou do lado dos oprimidos, é impossível ficar neutro, na há meio termo.  





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