REFLEXÃO DA SEMANA
Nº 28
Por Dedé Rodrigues
Bom dia meus amigos
e minhas amigas ouvintes do Programa Tabira em Tempo. Nesta semana que passou foi comemorado o dia do
Professor. Fomos homenageados pelos nossos alunos, ouvimos muitas mensagens enaltecendo e elogiando esta tão
nobre profissão nos meios de comunicação, etc. De antemão agradeço a todos pelas
homenagens, mas não poderia deixar de
perguntar e tentar responder nesta minha reflexão qual é mesmo a função do
professor? Para que serve a educação? Qual é o papel do professor diante de um
modelo de sociedade que torna o país e o mundo tão desiguais, complexos e
perigosos para se viver? O que nós, professores podemos e devemos fazer para tornar o mundo um lugar
melhor? Qual deve ser a postura do professor no Brasil diante da crise atual e da ameaça golpista? É possível ser neutro em sala – de - aula e
fora dela, diante dos enormes desafios
contemporâneos?
O debate sobre
educação no país está em todo canto, inclusive no Congresso Nacional tem projetos
em tramitação que tentam colocar um freio no que a oposição chama de
doutrinação petista nas escolas. No fundo querem censurar a liberdade do
educador de tomar posições políticas contra a ordem excludente atual. Não é a função do professor ser um simples
doutrinador partidário, embora tenha que tomar partido diante do mundo. Ele
como, todo ser humano, precisa de uma filosofia de vida. Cabe ele a
tarefa de provocar o estudante para pensar, tornar-se cidadão e tomar posições
diante do mundo para transformá-lo ou mantê-lo como está. Dentro da sala-de-aula há limitações imposta
ao professor pelo próprio sistema, mas fora dela o professor é um cidadão como
outro qualquer, e deve participar diretamente da luta que acredita.
Quando falam em
doutrinação petista nas escolas é bom perguntarmos a oposição. Como fica a
doutrinação ideológica do mercado capitalista nas escolas? A doutrinação
consumista? O culto ao individualismo? A defesa do mercado como salvador da
pátria? O combate seletivo a corrupção
petista? A generalização partidária? O culto ao apoliticismo? A doutrinação tecnicista
da formação continuada do PSDB na Era FHC? A doutrinação disfarçada nos conteúdos
dos livros didáticos escritos por conservadores? Quanta doutrinação e quanta
ideologia conservadora professores tem reproduzido ao longo dos anos na escola
elitista capitalista! Tudo conforme reza a cartilha da burguesia brasileira e
mundial.
No processo
educativo o professor trabalha valores e deve formar um cidadão que, ao final
de cada curso, seja melhor do que o que
ele encontrou no primeiro dia de aula.
Uma das formas de ajudar a construir
este ser humano melhor é procurar democratizar ao máximo, a escola e a
sala de aula, para que num contraditório
permanente, o aluno tendo acesso as teorias e as ideologias de esquerda e de
direita, desperte o senso crítico e descubra sempre uma melhor síntese deste
contraditório, ou seja: tese X antítese =
síntese. De forma que, neste caso, o professor já tem diante de si duas
tarefas gigantescas para posicionar-se sobre elas:defender a sociedade
capitalista com os seus defeitos e
virtudes reproduzindo os conteúdos prontos e acabados, como são apresentados
nos livros didáticos, por intermédio de uma pseudo neutralidade, ou contribuir, mediante outras fontes de
pesquisas, para formar outro ser humano
melhor e, por tabela, outra sociedade melhor.
Tenho a convicção de
que a função do professor vai muito além do que simplesmente repassar conteúdos
prontos e acabados na tentativa de preparar os alunos para passar num concurso
ou teste futuro e sobreviver no mercado de trabalho. Para isso o professor
precisa ser um incansável pesquisador para poder no dia – a – dia contextualizar
os conteúdos que ensina com a realidade do aluno. Nessa pesquisa, cada vez mais
interdisciplinar e profunda, o professor vai entender que não há neutralidade
no fazer pedagógico, pois de certa forma, o profissional da educação tem lado e
toma partido. Neste sentido o professor, sempre procurando fazer o aluno pensar
e descobrir, pode e deve questionar o
modelo de sociedade e de ser humano que
temos para construir outra sociedade e outro ser humano melhor.
Vivendo em um mundo e num país onde a
concentração de renda é cada vez mais gritante e causadora de exclusão social, pois
no mundo apenas 1% da população detém mais do que 50% da renda, ou seja 1% tem
mais do que 99%. E no Brasil com os super-ricos que ganham acima de 160 salários mínimos por
mês, sendo só 0,05% da população economicamente ativa e possuindo um patrimônio de R$ 1,2 trilhão, 22,7% de toda a riqueza declarada por todos os contribuintes do Brasil e a sabendo que quanto mais rico no Brasil, menos imposto se paga, o professor não pode deixar de levar essa reflexão para sala de aula. Afinal este modelo de sociedade é justo?
Para forçar a barra, além de tudo que foi citado, o Professor brasileiro vivendo em um país onde, segundo o Portal Vermelho,
“As forças mais
conservadoras e reacionárias do país, ligadas ao imperialismo e aos interesses
dos grandes rentistas, se preparam para tomar o poder contra o voto popular.
Essa não é uma suposição, mas uma campanha aberta, com todos os requintes e
detalhes que uma iniciativa desse tipo costuma ter. Estão mobilizados
abertamente articulistas da grande imprensa, juristas conservadores,
congressistas e até mesmo um simulacro farsesco de movimento social.
Para além disso, eles já apresentaram o programa de seu governo golpista. Como
este portal demonstrou em uma série de matérias especiais, os tucanos já
afirmaram que privatizarão o que resta de empresas estatais, entregarão o
pré-sal, destruirão as garantias trabalhistas e acabarão com a estabilidade do
funcionalismo público, dentre outros ataques à nação e aos trabalhadores.
Em resumo, a direita, de forma aberta e declarada, conduz um golpe e apresenta
um programa de liquidação nacional para o governo que dele se oriunda.
Esse quadro de tremenda urgência impõe uma pauta praticamente única aos setores
democráticos: impedir o golpe e o programa de liquidação da nação. Neste
momento de crise extrema, de ameaça iminente, é preciso assertividade e
agudeza: evitar o golpe é a “mãe de todas as batalhas”, para todas as forças progressistas.
Como pode o
professor sabendo que querem nos impor
uma agenda neoliberal no país ficar calado? Como pode o professor ser insensível diante
desta realidade terrível? Impossível! Paulo Freire tinha razão, ou o Professor está do lado dos opressores ou do lado dos oprimidos, é impossível ficar neutro, na há meio termo.
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