22 de março de 2016 às 14h43
Da Redação
Num dos mais duros discursos que fez até agora, desde o início da crise política, a presidenta Dilma Rousseff denunciou adversários, lembrou Leonel Brizola, a ditadura militar e disse que não renuncia “em hipótese alguma”.
Dilma falou no Palácio do Planalto diante de juristas, advogados, promotores, defensores públicos e estudantes de Direito.
Ela comparou os que dizem que impeachment não é golpe aos que negavam a existência de presos políticos na ditadura, enquanto “muitos viviam dentro das cadeias”.
Para Dilma, o golpe pode surgir “de um fuzil, vingança ou da vontade política de alguns que querem chegar mais rápido ao poder”.
Ela afirmou que não cometeu crime de responsabilidade e, assim, se for afastada pelo Congresso, trata-se de ruptura institucional.
“O que está em curso é um golpe”, disse a presidenta.
Dilma lembrou o ex-governador Leonel Brizola e a Cadeia da Legalidade, que foi formada para defender João Goulart e permitiu que ele assumisse o poder quando Jânio Quadros renunciou, em 1962.
Pode ter sido um recado de que vai até o fim na resistência.
Sem mencionar o nome do ministro Gilmar Mendes, ela atacou os que optam “por condenar adversários ao invés de fazer Justiça”, “abdicando da imparcialidade” e afirmou que um juiz “não pode se transformar em militante partidário”. Gilmar barrou a indicação de Lula à Casa Civil, em ação do PPS assinada por advogada que trabalha na empresa da qual o ministro do STF é sócio.
Dilma também atacou o juiz Sérgio Moro. Sem mencioná-lo pelo nome, disse que gravar e divulgar grampos da Presidência da República sem autorização do STF “é violação da segurança nacional”, especialmente quando as falas “não dizem respeito ao objeto da investigação”.
O juiz Moro, como descrevemos aqui, é missionário da Operação Mãos Limpas e, na falta de provas que levem à condenação, defende que políticos sejam condenados ao ostracismo pela opinião pública a partir da divulgação, pela mídia, de investigações em andamento.
Moro divulgou uma conversa entre a presidenta Dilma e Lula para fazer parecer que havia uma conspiração em andamento quando o ex-presidente foi indicado para ser ministro da Casa Civil.
Dilma terminou seu discurso dizendo que “há uma ruptura institucional sendo forjada nos baixos porões da baixa política”, numa possível referência ao fato de que o PMDB se prepara para deixar o governo.
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