Há sinais fortes de que a conjuntura política mudou. A presidenta Dilma Rousseff, afastada para o julgamento do processo de impeachment, saiu das cordas, ao mesmo tempo em que – às vésperas de completar um mês de interinidade – o vice-presidente que ocupa ilegitimamente a presidência da República, Michel Temer, se vê cada vez mais isolado, no Brasil e no mundo.
São dois os sinais da mudança na conjuntura – o primeiro foi a entrevista com a presidenta Dilma Rousseff na TV Brasil (exibida nesta quinta-feira, dia 9); o outro foram as enormes manifestações pelo “Fora Temer” desta sexta-feira (10).
Dilma Rousseff pode, naquela entrevista, manifestar uma opinião – e uma disposição – de enorme importância: sua adesão à tese da necessidade da consulta popular para construir a saída para a crise e, a partir dessa consulta (que poderia ser um plebiscito) redefinir os rumos de seu governo e conquistar o necessário apoio parlamentar para ele.
Os milhares de pessoas que, apesar do frio intenso, saíram às ruas na noite de ontem, atendendo ao chamado da Frente Brasil Popular e da Frente Povo Sem Medo, em mais de cinqüenta cidades de quase todos os estados e o Distrito Federal (cidades como São Paulo – com a presença do ex-presidente Lula -, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, Salvador, Fortaleza, Belo Horizonte, Porto Alegre e demais capitais), ergueram firmemente as bandeiras do Fora Temer, da resistência ao golpe e da denúncia da ilegalidade do afastamento da presidenta Dilma Rousseff.
Foi uma unanimidade muito forte, que contrasta com a contínua impossibilidade do presidente postiço, Michel Temer, sair às ruas e que o leva a sucessivamente, desmarcar compromissos devido ao medo de vaias e manifestações contrárias ao golpe.
Dilma Rousseff foi enfática ao defender a consulta popular para, em sua opinião, “lavar e enxaguar essa lambança que está sendo o governo Temer”.
Foi uma maneira expressiva de dizer que somente o povo pode devolver a legitimidade a um governo que conduza o Brasil na rota da superação da crise e encontre novos caminhos de crescimento e fortalecimento da democracia.
Um governo que reafirme – contra as tentativas ilegítimas e impopulares da direita, dos conservadores e seu governo usurpador – o programa de mudanças políticas, sociais e econômicas que venceu todas as eleições presidenciais desde 2002. Programa que precisa se consolidar, contra a ganância e os privilégios da elite direitista e neoliberal que, tendo tomado de assalto a presidência da República, faz de tudo para desmontar as ferramentas construídas pelos governos Lula e Dilma e submeter o país apenas ao atendimento de seus interesses mesquinhos e particulares.
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