"Tecnologia nuclear para todos, armas atômicas para ninguém”
Líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei na 16ª Cúpula de chefes de Estado e de governo dos Países Não Alinhados, neste 30 de agosto de 2012, no Irã.
O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, afirmou nesta quinta-feira
(30) que ainda estão vivas as causas que originaram o Movimento dos
Países Não Alinhados e fez um apelo para que acabe a colonização e o
unilateralismo.
Ao pronunciar o discurso de abertura da 16ª Cúpula de chefes de Estado e de governo dos Países Não Alinhados, que se realiza nesta quinta e sexta-feira em Teerã, o guia espiritual da Revolução Islâmica defendeu a necessidade de acabar definitivamente com a colonização.
A independência política, econômica, social e cultural, a promoção da solidariedade entre os países membros e o fim do unilateralismo, são imperativos do mundo, indicou Khamenei perante o plenário de chefes de Estado e de governo.
Na opinião do líder islâmico, "o mundo se encaminha para uma nova ordem internacional e o movimento dos Países Não Alinhados poderia e deveria desempenhar um papel novo nesse contexto", por isso demandou um "esforço global para superar as realidades".
Khamenei assinalou que a solidariedade entre os Estados-membros constitui uma das necessidades imperiosas da era atual para propiciar essa nova ordem. "Ainda estão vivas as causas da criação do Movimento dos Países Não Alinhados depois de seis décadas", asseverou.
A esse respeito, ele defendeu a participação conjunta e a igualdade de direitos de todos os Estados na arena internacional, e opinou que "essa mudança paulatina no poder permite aos Não Alinhados assumir um papel eficaz e digno no cenário mundial".
De igual modo, fez um apelo a preparar o terreno para uma "direção justa e verdadeiramente participativa no mundo", tomando em conta que, "apesar da diversidade de visões e tendências, temos podido conservar a solidariedade e os laços no interesse comum".
Khamenei insistiu em reclamar uma nova ordem "justa e humanitária", e afirmou que o mundo "não pode ser dirigido por umas quantas ditaduras ocidentais, países bandidos e hegemonistas".
Nesse sentido, qualificou de "ilógica, injusta e completamente antidemocrática" a estrutura do Conselho de Segurança da ONU, o qual definiu como "uma clara ditadura".
O líder iraniano denunciou que os Estados Unidos e seus aliados ocidentais têm abusado desse “mecanismo errôneo" para impor ao mundo seus "desejos ilegítimos encobertos por conceitos nobres, como direitos humanos, desarmamento, democracia e luta antiterrorista".
Falam de democracia, mas a substituem com intervenção militar em outros países, falam de luta contra o terrorismo, e transformam em alvo de suas bombas pessoas indefesas em cidades e povoados, contrastou.
"Não se pode continuar com esta situação penosa. Todos estamos cansados desta geometria equivocada do mundo", enfatizou, para prosseguir seu discurso com outros temas de impacto nacional, regional e internacional.
O líder iraniano condenou os esforços dos Estados Unidos e "uns poucos países aliados" do Ocidente para impedir que outros países alcancem sua independência em matéria energética nuclear.
Khamenei realçou que o desmantelamento das armas de destruição em massa é uma prioridade urgente do Planeta.
Ao reprovar a atitude hipócrita dos países possuidores de arsenais atômicos que se recusam ao desarmamento, recordou que a segurança mundial é hoje "um fenômeno conjunto e não discriminatório".
"A arma nuclear não pode garantir nem a segurança nem a fortaleza do poder político de nenhum Estado, pelo contrário, é uma ameaça para os dois conceitos", sentenciou o guia espiritual e autoridade máxima da República Islâmica.
Ele ressaltou que o Irã considera "um grande e imperdoável pecado" o uso de armas nucleares e químicas, e defendeu o lema de um Oriente Médio livre de armas atômicas, tema com o qual continua comprometido.
Contudo, esclareceu que isso não significa que Teerã ignore seu direito à energia nuclear pacífica e à produção de combustível atômico, o qual considerou um direito de todos os países, de acordo com as normas internacionais.
"Qualquer um deve ter o direito a usar esta energia segura para vários propósitos vitais para seu país, e não deve depender de outros para pôr em prática esse direito", indicou ao retomar seu protesto contra o pretendido monopólio do Ocidente.
O dirigente criticou que as antigas potências coloniais equiparam Israel com armas nucleares e o converteram na maior ameaça à segurança no Oriente Médio Oriente, enquanto "sabem muito bem que estão mentindo sobre as intenções nucleares do Irã".
O líder da Revolução Islâmica insistiu em que Teerã tem propósitos humanitários e pacíficos, concretamente energéticos e médicos, com seu programa atômico, e seu lema tem sido "tecnologia nuclear para todos, armas atômicas para ninguém", uma postura que, confio, será promovida pelo Movimento dos Países Não Alinhados, disse.
Segundo Khamenei, "o maior sarcasmo de nosso tempo é que os Estados Unidos, que têm o maior e mais letal arsenal nuclear e de outras armas de destruição em massa, e é o único que está comprometido a usá-las, deseja levantar a bandeira da oposição à proliferação nuclear".
Ademais um pequeno grupo de países ocidentais dotados desse tipo de armamento e envolvidos em ações ilegais (pela posse das armas) "tenta manter monopolizada, com toda a sua força, a capacidade de produzir combustível atômico no mundo".
Redação do Vermelho, com Prensa Latina
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